Como
se visse o Invisível, mantinha-se firme (Hb 11, 27).
XII Domingo do Tempo Comum
Zc 12, 10-11; 13, 1 Gl 3, 26-29 Lc
9, 18-24
ESCUTAR
“Derramarei sobre a casa de Davi
e sobre os habitantes de Jerusalém um espírito de graça e de oração; eles
olharão para mim” (Zc 12, 10).
“O que vale não é mais ser judeu
nem grego, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher, pois todos vós sois um
só em Jesus Cristo” (Gl 3, 28).
“Pois quem quiser salvar a sua
vida vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará”
(Lc 9, 24).
MEDITAR
Não é o heroísmo que será enaltecido, mas a oferenda obscura e aparentemente inútil de uma vida que não é senão o amor, sinal do amor de Deus em meio ao inferno que os homens, às vezes, sabem organizar.
(Cardeal Jean-Marie Lustiger)
Peço a Deus que te esteja sempre presente. A todo instante. E que te ensine a gozares do Amor. Isto é de te deixares amar. Porque não sabemos como nos abrir às ternuras divinas.... e só Ele nos pode ensinar isso.
(Madre Belém)
Viver aspirando a conservar a
própria vida é uma mutilação da vida, uma esterilização culposa dela, uma
versão da existência unicamente orientada para a segurança. Significa viver
tendo medo da vida e permanecer paralisado diante da iminência inevitável da
morte.
(Massimo Recalcati)
ORAR
Quando o
evangelista Lucas apresenta Jesus “rezando num lugar retirado” é para que
saibamos que a oração sempre prepara e antecede algo decisivo nas nossas vidas.
Ao ouvir a resposta de Pedro de que Ele era o Cristo de Deus, Jesus anuncia a
própria paixão iminente, a sua morte e ressurreição. Tudo isto constituirá um
motivo de escândalo e por esta mesma razão Jesus “proíbe severamente que
contassem isso a alguém”. O sentido do caminho não é triunfal uma vez que passa
pela proscrição dos três poderes constituídos e aliados entre si: o
civil-econômico, o político e o religioso. Devemos aceitar, como cristãos, esta
decisão de Jesus de ir até as últimas consequências (inclusive a morte!) para
que possamos afirmar quem é o Messias, pois como diz Paulo “a loucura de Deus é
mais sábia que os homens, a fraqueza de Deus é mais forte que os homens” (1 Cor
1, 25). Somente se compreendermos que a Sua vida é uma vida dada pelos demais é
que provaremos ter descoberto o segredo de Sua vinda no meio de nós. Para nós,
cristãos, não basta definirmos corretamente quem é Jesus e muito menos aceitar
a sua travessia pouco triunfal. É necessário ter a lucidez sobre as condições
do seguimento a Jesus. “Quem quiser me seguir” significa que estamos todos no
mesmo caminho e que não é uma decisão fácil, pois é necessária uma eleição
existencial precisa, corajosa, lúcida e livre. O caminho de Jesus não é
acompanhado de um cortejo imponente, mas implica na renúncia de si mesmo. A
partir de então, o único sinal autêntico de reconhecimento do discípulo é o da
Cruz. Desejar seguir ao Cristo é assumir a perda da garantia que isso comporta,
pois a alternativa entre “salvar” e “perder” a sua vida é a alternativa entre a
vontade de “levar vantagem” em seus interesses individuais e a disponibilidade
de fazer da vida um dom, para gastá-la, como o Cristo, em favor dos outros. O
cristão não é o herói do excepcional, do gesto heroico, porque o verdadeiro
heroísmo é o servir aos outros por meio de uma fidelidade sofrida, silenciosa e
cotidiana. Paulo nos faz saber que no povo de Deus são abolidas as diferenças
religiosas, culturais e sociais. A condição de filhos elimina qualquer
discriminação porque confere a todos um mesmo valor e uma idêntica dignidade.
Para o Senhor, vale somente a pessoa que crê, que ama e que decide assumir a
cruz com amor e entrega aos outros, pois este é o sinal do Filho e dos seus
filhos e filhas que constituem as pedras vivas da sua comunidade eclesial.
(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo
Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)
CONTEMPLAR
O Preço da Guerra, 2023, Diego Herrera (1992-), Espanha, foto
premiada como “altamente elogiada” no Siena International Photo Awards, 2023.