segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

O Caminho da Beleza 15 - VIII Domingo do Tempo Comum

O Caminho da Beleza 15
Leituras para a travessia da vida


“O conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).



VIII Domingo do Tempo Comum                02.03.2014
Is 49, 14-15             1 Cor 4, 1-5             Mt 6, 24-34



ESCUTAR

“Disse Sião: ‘O Senhor abandonou-me, o Senhor esqueceu-se de mim!’” (Is 19, 14).

“Portanto, não quereis julgar antes do tempo. Aguardai que o Senhor venha. Ele iluminará o que estiver escondido nas trevas e manifestará os projetos dos corações” (1 Cor 4, 5).

“Portanto, não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá suas preocupações! Para cada dia bastam seus próprios problemas” (Mt 6, 34).



MEDITAR

“Quem, alguma vez em sua vida, experimentou a misericórdia de Deus, dali por diante só desejará servir. O soberbo trono de juiz já não o atrai. Prefere ficar embaixo, junto com os miseráveis e os pequenos, pois foi lá que Deus o encontrou” (Dietrich Bonhoeffer).

“Quem são os que honram a Deus? São os que deixam totalmente a si mesmos e, de modo algum, nada buscam do que é seu em nenhuma coisa, seja o que for, grande ou pequeno; não veem nada abaixo nem acima de si, nem ao seu lado nem em si mesmos; que não procuram bem, honra, conforto, prazer, utilidade, nem interioridade, nem santidade, nenhuma recompensa nem mesmo o reino dos céus e que se tornaram exteriores a tudo isso, a tudo que é seu. Dessas pessoas Deus recebe honra. E elas honram a Deus, no sentido próprio, dando a Deus o que é de Deus” (Mestre Eckhart).



ORAR

As leituras de hoje nos oferecem três imagens de Deus: mãe, pai e juiz. A afirmação de Sião é, muitas vezes, a nossa dúvida: “O Senhor abandonou-me, o Senhor esqueceu-se de mim”?. A resposta que recebemos é a comoção, o estremecimento e o sobressalto das entranhas de Deus como o de uma memória materna: “Acaso pode a mulher esquecer-se do filho pequeno, a ponto de não ter pena do fruto de seu ventre?”. A memória de Deus são entranhas de misericórdia. E a sua Palavra está empenhada “Eu não me esquecerei de ti”. No evangelho, o Cristo nos garante que não devemos nos preocupar com as coisas futuras que ainda não existem. Temos que viver o hoje que contém o que passou e nos projeta para o que há de vir. Nos dias de hoje, nossa preocupação com o que haveremos de comer se reduz à quantidade de gordura que pode aumentar o nosso colesterol. A preocupação com o que haveremos de vestir se restringe a saber o que escolheremos entre as opções oferecidas pelas lojas e pelo nosso guarda-roupa. E, quando estamos longe de casa, as estrelas que nos preocupam não são as do céu, que quase nunca vemos, mas as das portas dos hotéis. As frases do evangelista não são considerações poéticas para acalentar suspiros. Seremos desafortunados se nos fecharmos à possibilidade de experimentar a solicitude e a generosidade do Pai. Tendo tudo e até demais nos privamos da serenidade que só pode gozar quem se confia total e unicamente a Deus. Talvez o mais sábio seja acrescentar hoje ao “não vos preocupeis” um “não vos compliqueis”. Este trecho do Evangelho não é particularmente difícil, só é difícil quando a nossa fé é frágil e resistimos a uma entrega confiante aos desígnios de Deus. Jesus nos convida sempre a ter a coragem de arriscar, experimentar, confiar e crer. Jesus nos assegura: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo”. Temos um Pai e isto deve nos bastar, pois Ele nos julga com misericórdia e “iluminará o que estiver escondido nas trevas e manifestará os projetos dos corações”. Esta é a mística cristã: não uma experiência estática e privilegiada, mas a plena maturidade da fé. Mais do que nunca, Dominus providebit, o Senhor proverá!



CONTEMPLAR



Deus criando as estrelas, Sanno di Pietro, início do século XV, iluminura, 22,5 x 19,5 cm, Museu Marmottan, Paris, França. 




segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

O Caminho da Beleza 14 - VII Domingo do Tempo Comum

O Caminho da Beleza 14
Leituras para a travessia da vida


“O conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).



VII Domingo do Tempo Comum                  23.02.2014
Lv 19, 1-2.17-18                 1 Cor 3, 16-23                    Mt 5, 38-48



ESCUTAR

“Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Lv 19, 18).

“Acaso não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus mora em vós?” (1 Cor 3, 16).

“Porque, se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis?” (Mt 5, 46).



MEDITAR

“No Brasil, nosso compromisso com a alegria, a festa, a irresponsabilidade, nos faz rejeitar a memória e abandonar os projetos de reparação de injustiças passadas [...] Temos pressa em ‘perdoar’ os inimigos, com medo de parecer ressentidos – mas o ressentimento, afeto que não ousa dizer seu nome, se esconde justamente nas formações reativas do esquecimento apressado, tão característico da sociedade brasileira” (Maria Rita Kehl).

“O desafio para a Igreja é tornar-se aquele tipo de comunidade que pode falar de Deus de modo convincente, o que quer dizer um espaço de misericórdia, de admiração recíproca, de alegria e liberdade. Se nos virem como pessoas receosas, com medo do mundo e uns dos outros, como é que alguém poderá acreditar numa só palavra do que dizemos?” (Timothy Radcliffe)



ORAR

O templo de Deus somos nós. Somos igrejas de pedras vivas e em nosso corpo o Espírito fez morada. Todo gesto nosso é sagrado e cada passo é o de um templo que se move: somos santuários peregrinos. Paulo afirma que a sabedoria mundana pode progredir ao máximo possível, mas nunca chegará a roçar a sabedoria de Deus, pois para alcançá-la, devemos transformar a sabedoria deste mundo em loucura. A vocação específica do cristão é a loucura. São Francisco de Assis pregava: “Cristo me chamou de idiota e de simples para que seguisse a loucura da Cruz: Quero que sejas um novo louco no mundo e, com obras e palavras, pregues a loucura da Cruz”. Devemos ser honestos como alguns discípulos que tiveram a lealdade de protestar: “Este discurso é bem duro: quem poderá escutá-lo” (Jo 6, 60). E em seguida abandonaram a sinagoga porque o alimento da Palavra se tornara, para eles, indigesto. As palavras do Cristo devem nos incomodar e nos arrancar da nossa tranquilidade cotidiana para que não se tornem meras palavras que passam pelos nossos ouvidos estéreis sem nunca atingir e fecundar o nosso coração. A vocação do cristão é uma vocação para o extraordinário. O próprio Cristo nos questiona: “Se saudais somente os vossos irmãos, o que fazeis de extraordinário?”. A vocação do cristão é a de superar as medidas calculadas: “Dai e vos darão: recebereis uma medida generosa, calcada, sacudida e transbordante. A medida que usardes será usada para vós”(Lc 6, 38). É a vocação de ir além do impossível para superar a justiça dos fariseus e dos mestres da Lei. O teólogo luterano Bonhoeffer pregava: “Aonde não existe este fator singular, extraordinário, não existe nada de cristão”. Os cristãos se fazem visíveis pelo extraordinário: perdoar, dar sem calcular, amar os inimigos, orar pelos perseguidores, desejar aos malvados todo bem possível, saudar os que mostram o seu rosto feroz, mas, sobretudo, amar os que não amam ninguém e que ninguém ama. Não devemos nos preocupar e nem complicar. Se agir de uma maneira extraordinária nos incomoda, devemos saber que demos o primeiro passo para a salvação, pois, finalmente, estamos abandonando o caminho da normalidade. O evangelho não é concêntrico, mas excêntrico. O cristianismo não é uma forma de auto-realização, pois Jesus não era Narciso. Amém!



CONTEMPLAR

Cristo em silêncio, Odilon Redon, 1895-99, pastel sobre papel, 58 cm x 46 cm, Musée du Petit Palais, Avignon, França.








segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

O Caminho da Beleza 13 - VI Domingo do Tempo Comum

O Caminho da Beleza 13
Leituras para a travessia da vida


“O conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).



VI Domingo do Tempo Comum                   16.02.2014
Eclo 15, 16-21                    1 Cor 2, 6-10                      Mt 5, 17-37



ESCUTAR

“Se quiseres observar os mandamentos, eles te guardarão; se confias em Deus, tu também viverás” (Eclo 15, 16).

“Nós falamos de uma sabedoria, não da sabedoria deste mundo nem da sabedoria dos poderosos deste mundo, que, afinal estão votados à destruição” (1 Cor 2, 6).

“Porque eu vos digo, se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da lei e dos fariseus, vós não entrareis no reino dos céus” (Mt 5, 20).



MEDITAR

“Não ponhas tua fé na mágica eficácia que podem ter os rituais religiosos, por mais que sejam rituais de pureza imaculada; nem ponhas tua fé na presumida e suposta salvação que brota do puritanismo dos intocáveis; nem nos conselhos que te dão os que querem ver-te que andas pela vida como pessoa irrepreensível; ponha tua fé somente no amor, ali onde o gozo inefável do carinho compartido se apalpa e se faz visível, onde os amantes se fundem num mesmo projeto e com uma só ilusão, a ilusão apaixonada e apaixonante de dar a vida e receber a entrega livre daquele que te quer sem interesse, porque eras tu, como és, sem mais” (Rudolf Bultmann).

“É preciso despojar tua oração. É preciso simplificar, desintelectualizar. Coloca-te diante de Jesus como um pobre, deixe tuas ideias, venha com a tua fé. Imobiliza-se diante do Pai num ato de amor” (Carlo Carreto).



ORAR

Os textos litúrgicos de hoje nos apelam à liberdade. A nova lei do Evangelho não é uma imposição, “Deves”, mas um “Se quiseres”. A vida não é impune, devemos decidir entre o fogo e a água; a vida e a morte: “Conheço tuas obras: não és frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente; mas, visto que és morno, nem frio nem quente, vou te vomitar da minha boca” (Ap 3, 15). As palavras do Cristo são fogo e não podemos atenuá-las. Se quisermos seremos abrasados por um desejo intenso, mas também poderemos recusá-lo. Jesus veio para dar plenitude à Lei antiga, levando-a às últimas consequências. Jesus é exigente não no sentido da quantidade, mas da radicalidade e da capacidade que temos de ir às raízes das coisas, sem sectarismos. Jesus evita as deformações do legalismo e do casuísmo, pois o formalismo religioso se preocupa exclusiva e obcecadamente com a boa conduta aparente, fixando e multiplicando normas e regras. A ética de Cristo se dirige, antes de tudo, à interioridade, ao coração do homem. “O cristão não é um homem da minúcia, mas da totalidade” (Cardeal Gianfranco Ravasi). Devemos escolher, a cada dia, entre a moral corrente dos “príncipes deste mundo”, que conduz à morte, e a ética do Cristo que é a expressão de uma sabedoria escondida e que nos será desvelada por meio do Espírito que mergulha nas profundezas de Deus e conduz à plenitude da vida. Sabedoria escondida que esquadrinha os desígnios do Pai; que nos faz intuir que as coisas excessivas Deus reserva, exclusivamente, para os que O amam. Finalmente, é preciso compreender que o “porque eu vos digo” do Cristo afeta somente os que buscam interiorizar outro discurso: o da linguagem secreta que é a do amor.



CONTEMPLAR


A Anunciação, Daniel Bonnell, 2011, óleo sobre tela, Igreja Católica da Sagrada Família, Carolina do Sul, Estados Unidos.



terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

O Caminho da Beleza 12 - V Domingo do Tempo Comum

O Caminho da Beleza 12
Leituras para a travessia da vida


“O conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).



V Domingo do Tempo Comum                     09.02.2014
Is 58, 7-10               1 Cor 2, 1-5             Mt 5, 13-16



ESCUTAR

“Reparte o pão com o faminto, acolhe em casa os pobres e peregrinos. Quando encontrares um nu, cobre-o e não desprezes a tua carne. Então, brilhará tua luz como a aurora e tua saúde há de recuperar-se mais depressa; à frente caminhará tua justiça e a glória do Senhor te seguirá” (Is 58, 7-8).

“Eu estive junto de vós com fraqueza e receio, e muito tremor” (1 Cor 2, 3).

“Assim também brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus” (Mt 5, 16).



MEDITAR

“A prática do amor e da compaixão nada tem que ver com implicações religiosas ou com o que quer que seja de sagrado. É uma questão de sobrevivência. A compaixão é o fator essencial” (Dalai Lama).

“Um ser espiritual irradia o amor em que vive e não busca doutrinar, convencer. Não é nada mais que um outro. Faz o que tem de fazer. É ele mesmo quase sem se dar conta [...] Pode-se falar dele, de seu comportamento, mas o que emana de sua pessoa é inexplicável, pertence ao que há de mais vivo, de mais estimulante. Ele é surpreendente, até mesmo ‘chocante’, mas esse choque é revelador de uma outra coisa que não pode ser explicada – ele está com Deus” (Françoise Dolto).



ORAR

Somos chamados a praticar boas obras e nos abstermos de atitudes ameaçadoras e da maledicência. Nossa oração só alcançará Deus quando o amor fraterno alcançar o próximo. Deus nos diz, “Estou aqui”, unicamente ao que responde, “Eis-me aqui”, quando alguém bate em sua porta. Basta de andarmos como cegos de um lado para o outro e irmos longe para acender uma luz e deixarmos os mais próximos às escuras. A Luz se oferece aos outros com modéstia e delicadeza e o Cristo sobre a cruz se manifesta na sua fraqueza para que aprendamos a falar da Cruz do Cristo em tom humilde e palavras sinceras. O evangelista revela que para sermos luz do mundo não devemos ter a pretensão de brilhar. Devemos esquecer a ilusão de dar a luz aos outros e desterrar a obscuridade e o caos que nos rodeiam com um pouco da loucura de Deus. O homo sapiens produziu e continua a produzir catástrofes em todos os níveis. É a hora de nos convertemos em homo demens e caminharmos no caminho do risco, do excesso e da provocação. O papa Francisco nos assegura: “No governo, a prudência é uma virtude, mas a audácia também é”. E o Papa exorta a sermos uma igreja que tropeça porque caminha em frente do que uma igreja que se acomoda e se resguarda de tudo e de todos. Pés parados não topam com nenhuma pedra. O mundo de hoje não necessita da beatice de olhos mortiços e pescoços pendurados, nem de intelectuais refinados, nem de doutores que prescrevem receitas, nem de lideranças vanguardistas. O mundo de hoje precisa de loucos, de artistas e de poetas. De homens e mulheres entusiasmados, cheios de Deus, capazes de realizar gestos insólitos e surpreendentes na sua fantasia; provocadores em sua liberdade para quem as bem-aventuranças são uma desconcertante sinfonia em que tudo será um milagre porque tudo será virado pelo avesso. Neste mundo de pactos medíocres, em que grassa uma subcultura política, social e religiosa, devemos fazer eco ao grito do escritor russo Dostoiévski: “A beleza salvará o mundo!”. Sigamos os passos de São Francisco que se autonomeava o louco e o idiota de Deus e dessa maneira levava alegria a todos: de homo demens converteu-se em homo ludens. Na iconografia católica, o Menino Jesus no colo de Maria segura em suas mãos frágeis uma bola e esta bola é o mundo com o qual brinca o Menino. O nosso cristianismo está enfermo da sisudez e do escrúpulo; aprisionado a uma religiosidade supersticiosa pendurada em fetiches que materializam a nossa debilidade espiritual e a nossa fé infantilizada. Sem alegria, somos como “cegos conduzindo outros cegos” e cairemos todos num buraco (Mt 15, 14). Sem o sal que nos queima, perderemos o sabor e a chama amorosa da ternura que nos deve consumir, pois “todos vão ser salgados com o fogo” (Mc 9, 49). Se não nos tornarmos crianças lúdicas, se não nos convertermos em loucos, poetas, artistas e se não tivermos em nós o sal e o fogo, jamais conheceremos o gozo que invade todo o anúncio de Cristo. Está mais do que na hora de nos deixarmos seduzir pela loucura, pela alegria e pela ternura de Deus para que salgados pelo fogo do seu amor e da sua misericórdia não apodreçamos justapostos e isolados nas nossas falsas seguranças. Não podemos continuar cristãos decorativos, pois Deus não nos seduz quando nos é imposto nos nossos cérebros, mas quando possui, porque precisa, os nossos loucos corações.



CONTEMPLAR


Madona e o Menino Jesus segurando o globo (detalhe), Fra Angelico, 1433-35, Igreja e Convento de São Marco, Florença, Itália (Fonte: Nicolo Orsi Battaglini/Art Resource, New York, Estados Unidos).