Entristecidos
mas sempre alegres, pobres mas enriquecendo a muitos, nada tendo mas possuindo
tudo (2 Cor 6, 10).
I Domingo do Advento
Is 2, 1-5 Rm
13, 11-14 Mt 24,
37-44
ESCUTAR
“Ele há de
julgar as nações e arguir numerosos povos; estes transformarão suas espadas em
arados e suas lanças em foices: não pegarão em armas uns contra os outros e não
mais travarão combate” (Is 2, 4).
“A noite já vai
adiantada, o dia vem chegando: despojemo-nos das ações das trevas e vistamos as
armas da luz” (Rm 13, 12).
“Por isso,
também vós ficais preparados! Porque, na hora em que menos pensais, o Filho do
homem virá” (Mt 24, 44).
MEDITAR
Quando quer
manifestar a sua vontade, Deus evita cuidadosamente as pessoas que pertencem ao
mundo religioso, refratárias e hostis a qualquer novidade que venha perturbar
as seguranças delas, e escolhe simplesmente ‘um homem’, sem qualquer outro
título a não ser o de pertencer à humanidade.
(Alberto Maggi)
A espera do Senhor não é estática. Ela não é um
repouso. Toda verdadeira espera do Senhor implica numa transformação. A espera
do Senhor é um desenraizamento.
(Um monge da Igreja do Oriente)
ORAR
Nestes tempos
de Advento, somos chamados a despertar do sonambulismo, da indiferença e da
insensibilidade. O papa Francisco nos questiona: “Onde estamos nós ancorados,
cada um de nós? Estamos ancorados precisamente na margem daquele oceano tão
distante ou estamos ancorados num lago artificial que nós construímos com as
nossas regras, os nossos comportamentos, os nossos horários, os nossos
clericalismos, as nossas atitudes eclesiásticas e não eclesiais? Estamos
ancorados ali? Tudo cômodo, tudo seguro? Aquilo não é a esperança”. A
enfermidade do sonambulismo e da indiferença, como uma epidemia, tem afetado as
igrejas em todos os lugares e tempos. O Cristo está no meio de nós e, sem
temor, devemos permanecer perto da sua vinda: “Não é necessário atravessar
mares, penetrar nuvens ou transpor montanhas; não é um caminho muito longo que
nos é proposto: basta entrarmos em nós mesmos para correr ao encontro do nosso
Deus” (São Bernardo de Claraval). As igrejas devem se desinstalar, pois a
espera do Senhor não é um plácido repouso, mas uma transformação. A espera do
Senhor é um desenraizamento que nos faz ver mais longe e o horizonte para o
qual avançamos é atual. O tempo do Advento se abre com a urgência de um
despertar e de um colocar-se a caminho. Como no dilúvio, somos impotentes para
ler os sinais dos tempos e nos aferramos ao ramerrão do cotidiano: “Pois, nos
dias antes do dilúvio, todos comiam e bebiam, casavam-se e se davam em
casamento, até o dia em que Noé entrou na arca”. Temos nos condenado a um
frenético ativismo e concentramos nossas forças para conquistar uma eficiência
administrativa em que se entrelaçam negócios e apostolados, poder e religião,
num escapismo que nos leva a não dar conta de nada. Tudo isto aponta para um
estado de não vigilância que desemboca numa agitação mundana sinalizada pelo
arrivismo, pelas disputas internas, pelas invejas e pelas mesquinharias. É o
momento de nos darmos conta de que o tempo de Deus penetrou no tempo dos homens
e que este instante é um instante eterno. E o que importa é o agora e a grande ocasião que não podemos
perder é a de hoje. Meditemos o canto
do salmista: “Pois EU SOU é o nosso Pastor. Nós somos as ovelhas do seu
rebanho, as ovelhas que sua mão com amor conduz. EU SOU! Nós ouvimos a tua voz
e viemos ao teu encontro” (Sl 95).
(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo
Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)
CONTEMPLAR
A ovelha reencontrada,
Arcabas (Jean-Marie Pirot), 1985, Église de Saint-Hugues-de-Chartreuse, Isère,
França.
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