sexta-feira, 28 de outubro de 2022

O Caminho da Beleza 49 - XXXI Domingo do Tempo Comum

A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).

XXXI Domingo do Tempo Comum            

Sb 11,22-12,2                     2 Ts 1,11-2,2                       Lc 19, 1-10


ESCUTAR

“A todos, porém, tu tratas com bondade, porque tudo é teu, Senhor, amigo da vida” (Sb 11, 26).

“Não cessamos de rezar por vós, para que o nosso Deus vos faça dignos da sua vocação” (2 Ts 1, 11).

“Com efeito, o Filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido” (Lc 19, 1-10).

 

MEDITAR

Não! Permanecer e transcorrer não é perdurar, não é existir e nem honrar a vida! Há tantas maneiras de não ser, tanta consciência sem saber, adormecida... Merecer a vida, não é calar e consentir... Isto de durar e transcorrer não nos dá o direito de nos gabar, porque não é o mesmo que viver e honrar a vida.

 (Eladia Blázquez e Mercedes Sosa)

 

ORAR

   O Senhor é amigo da vida, aposta no melhor que existe em cada pessoa e se deixa encontrar pelos pacientes. O amor de Deus se revela mais forte do que os pecados dos homens e suas traições. Precisamos amar a vida e aniquilar toda a espiritualidade de mortificações que sufocam a epifania da vida. Não devemos amar a Deus por temer a vida, pois o “Senhor ama tudo o que existe (...) e a todos trata com bondade” e, apesar disto, parece que a nossa vocação irresistível é a de não perdoar nada e a ninguém. Nossa posição diante dos outros oscila entre o desprezo e a suspeita. Somos céleres em querer apresentar diante de Deus uma lista de pessoas, grupos e povos que para nós, católicos, são dignos de desprezo. No entanto, Deus abandona estas indicações mesquinhas. O mal inoculou no mundo uma espécie de veneno que contaminou a vida amada por Deus. Jesus aposta nas pessoas e por isto se auto convida para ficar na casa de Zaqueu. Zaqueu acaba descobrindo a pequenez que o impedia de viver: o egoísmo, a avareza, os roubos, a opressão e a exploração dos mais fracos. Ele se despoja para acolher o dom e o amor que lhe são oferecidos por Aquele que instituiu com ele uma amizade marcada pela comunhão da mesa. Zaqueu se tornara, ele mesmo, o fruto da árvore a ser colhido por Jesus e cujo sumo é sorvido pelos dois numa fusão existencial. Os dois tornam-se um no Amor: não há santo nem pecador. Finalmente, a figueira cresceu e amadureceu; e na sua hora e na sua vez entregou um fruto bom.

(Manos da Terna Solidão/ Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)

 

CONTEMPLAR

S. Título, s. d., autor desconhecido, site: pxfuel.com




domingo, 23 de outubro de 2022

O Caminho da Beleza 48 - XXX Domingo do Tempo Comum

XXX Domingo do Tempo Comum

Eclo 35, 15b-17.20-22 2 Tm 4, 6-8.16-18 Lc 18, 9-14


ESCUTAR

“O Senhor é um juiz que não faz acepção de pessoas. Ele não é parcial em prejuízo do pobre, mas escuta, sim, a súplica do injustiçado. Jamais despreza a súplica do órfão nem da viúva, quando esta lhe fala com seus gemidos” (Eclo 35, 15b-16).

“Quanto a mim, já estou sendo oferecido em libação, pois chegou o tempo da minha partida. Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé” (2 Tm 4, 6-7).

“Quem se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado” (Lc 18, 14).


MEDITAR

“Deveria ter feito mais concessões e remado menos contra a maré? A resposta a que eu mesmo ia me dar e a que queria ouvir me chega lá de dentro da noite num inesperado canto de galo que me diz: Não! Não! Não!” (Joel Silveira).

“A grandeza não consiste em se colocar acima e exigir, a grandeza não consiste em comandar, a grandeza, por ser grandeza, consiste em se dar e é maior quem se dá mais!” (Maurice Zundel).


ORAR

   O Senhor toma partido e “não é parcial em prejuízo dos pobres, mas escuta, sim, as súplicas dos oprimidos”. O Senhor julga as orações, sobretudo, a dos humildes. O evangelista nos apresenta a oração do fariseu que não atravessa as nuvens e nem sequer atinge o teto do templo, pois é carregada de vaidade e de autoglorificação. Na oração do fariseu o sujeito é o pequeno eu, mas na do publicano o sujeito é Deus. O fariseu ora de pé, seguro e sem temor. Sua consciência não o acusa de nada. Não é hipócrita e o que diz é verdade. Cumpre fielmente a Lei. O publicano retira-se a um canto e não se sente à vontade naquele lugar santo. Não promete nada, nem mudar de vida. Só lhe resta abandonar-se à misericórdia de Deus. É necessário romper com a lógica farisaica do “eu te dou para que tu me dês” e viver na lógica evangélica do “dou a ti porque tu me deste”. Convivem no nosso interior os dois homens: como o publicano somos pecadores e como o fariseu nos julgamos justos. O fariseu acusa e o publicano se acusa. O fariseu se afirma na negação do outro. O publicano se arrepende diante do Outro. O contrário do pecado não é a virtude, mas a fé que nos abre à misericórdia de Deus. Não basta obedecer, observar, mas amar com gratuidade e se arrepender de não ter amado ainda mais. 

(Manos da Terna Solidão/ Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)


CONTEMPLAR

São Francisco em êxtase, c.1594-95, Michelangelo Merisi da Caravaggio (1571-1610), óleo sobre tela, 92.5 × 127.8 cm, The Ella Gallup Sumner and Mary Catlin Sumner Collection Fund, Wadsworth Atheneum Museum of Art, Hartford, Connecticut, Estados Unidos.









sexta-feira, 14 de outubro de 2022

O Caminho da Beleza 47 - XXIX Domingo do Tempo Comum

XXIX Domingo do Tempo Comum

Ex 17, 8-13 2 Tm 3, 14-4, 2 Lc 18, 1-8


ESCUTAR

“Assim as mãos ficaram firmes até o por do sol, e Josué derrotou Amalec e sua gente a fio de espada” (Ex 17, 12-13).

“Quanto a ti permanece firme naquilo que aprendestes e aceitaste como verdade” (2 Tm 3, 14).

“Mas o Filho do Homem, quando vier, será que vai encontrar fé sobre a terra?” (Lc 18, 8).


MEDITAR

“Hein, jovens! Vocês, queridos jovens, possuem uma sensibilidade especial frente às injustiças, mas muitas vezes se desiludem com notícias que falam de corrupção, com pessoas que, em vez de buscar o bem comum, procuram o seu próprio benefício. Também para vocês e para todas as pessoas repito: nunca desanimem, não percam a confiança, não deixem que se apague a esperança”.

(Papa Francisco)


ORAR

    Paulo exorta a nos convertemos em pessoas que resistem: “permanece firme naquilo que aprendeste”. E a resistência implica numa obstinação: “insiste oportuna e ou importunamente”. A resistência não é uma postura passiva de defesa, mas se expressa num dinamismo de iniciativa permanente. A Palavra é servida numa tríplice dimensão: o anúncio, a exortação e a consolação. A resistência não se refere somente ao âmbito da fé e da fidelidade à Palavra, mas abarca toda a vida do crente. O cristão está sempre alinhado à resistência contínua e não é como aquele que reage somente em situações de emergência. O cristão é o que afronta e resiste a toda e qualquer ordem social injusta que nega a liberdade e ofende a dignidade das pessoas. O cristão luta e denuncia toda forma de servidão, de desumanização e de aviltamento. O verdadeiro discípulo de Cristo opõe resistência a todos os fanatismos, intolerâncias e sectarismos. O cristão resistente renuncia aos atrativos de posições tranquilas e privilegiadas; dos apoios importantes e das carreiras facilitadas. Aceita fazer parte de uma minoria que se opõe à estupidez geral, que mantém a indignação diante de uma pseudo evangelização emocional e sentimentalista que manipula a verdade e contagia as massas. O cristão que resiste tem a lucidez de que a pedra que o sustenta é Cristo e que ela não pode ser usada para se sentar, mas para permanecer de pé. Jesus nos ensina a orar com a maior tenacidade possível por meio de pedidos concretos. A comunidade fraterna está sujeita a viver tribulações e injustiças; a experimentar tempos difíceis e de longa espera. Podemos e chegamos, muitas vezes, ao limite do desespero, mas devemos confiar que, apesar das aparências, o Senhor sempre chega antes e não deixa nada pela metade e nem pelo meio do caminho. O Senhor age por meio dos fatos e não adia a sua justiça, mas cumpre-a no aqui e agora das nossas vidas e testemunhos.

(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)


CONTEMPLAR

Marcha pela Paz, Washington, 1967, Marc Riboud (1923-), França. Foto tirada em frente ao Pentágono numa manifestação contra a guerra do Vietnã, em março de 1967.