Entristecidos
mas sempre alegres, pobres mas enriquecendo a muitos, nada tendo mas possuindo
tudo (2 Cor 6, 10).
III Domingo do Advento
Is 35, 1-6.10 Tg 5, 7-10 Mt
11, 2-11
ESCUTAR
“Fortalecei as
mãos enfraquecidas e firmai os joelhos debilitados. Dizei às pessoas
deprimidas: ‘Criai ânimo, não tenhais medo! Vede, é vosso Deus, é a vingança
que vem, é a recompensa de Deus; é ele que vem para vos salvar’” (Is 35, 4).
“Também vós,
ficai firmes e fortalecei vossos corações, porque a vinda do Senhor está
próxima” (Tg 5, 8).
“O que fostes
ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? O que fostes ver? Um homem
vestido com roupas finas? Mas os que vestem roupas finas estão nos palácios dos
reis” (Mt 11, 7-8).
MEDITAR
Nunca nos
poderemos aproximar do mistério se não tivermos a lúdica liberdade dos filhos
de Deus, se não fizermos experiências e errarmos e avançarmos às apalpadelas
para a verdade (...) os cristãos deveriam ser aqueles que continuam a levantar
questões, quando todos os outros pararam de o fazer.
(Timothy
Radcliffe)
Senhor, eu te
agradeço porque não sou uma engrenagem do poder. Eu te agradeço porque sou um
daqueles que o poder esmaga.
(Rabindranath
Tagore)
ORAR
As leituras de hoje convidam à paciência para fortalecer as mãos
enfraquecidas e firmar os joelhos debilitados. Devemos permanecer firmes e com
nossos corações reanimados. A paciência cristã é uma força ativa e nada tem a
ver com a inércia, a indiferença e com uma postura derrotista. A paciência
verdadeira nos coloca em pé e nos faz defender as convicções que moldam e
determinam as vidas. O lavrador é paciente depois de haver trabalhado como era
preciso e pode esperar o fruto após ter semeado. O cristão e os de boa vontade
são pessoas talhadas na paciência: não se rendem e nem se dão por vencidos
mesmo quando derrotados. Vivem as contradições e para eles nada é definitivo,
pois aprendem a viver na provisoriedade das coisas. O Cristo nos ensina,
paradoxalmente, que para ter paciência é necessário ter fogo dentro, um fogo
permanente e não uma chama que dura um instante. O deserto floresce na
paciência e cada um de nós é fruto da paciência de Deus. No Natal, Deus decide
viver esta paciência amorosa de uma maneira mais próxima e mais impaciente. Ele
quer se tornar companheiro de viagem e nesta viagem deseja que deixemos de ser
mancos, de arrastar pesadamente os pés para que saltemos como um cervo. Quer
que rompamos o selo de nossa boca para que desatada a língua, possamos gritar
palavras de amor e liberdade. Os sinais estão nas entranhas da misericórdia dos
que exercem a compaixão e a solidariedade. Para isto é necessário que
abandonemos o palácio do rei e suas suntuosas vestes. Como afirma o Papa
Francisco: “A cultura do bem estar, que nos leva a pensar em nós mesmos, nos
faz insensíveis ao grito dos outros; nos faz viver em bolhas de sabão que são
bonitas, mas não são nada. São a ilusão do fútil, do provisório que conduz à
indiferença com os outros, ou melhor, leva a uma globalização da indiferença”.
Se ainda tivermos dúvidas quanto a isto, é o momento de nos apresentarmos
diante do Cristo, na fila dos surdos e dos cegos para que nos cure. É preciso,
mais do que nunca, que perguntemos aos surdos e escutemos a explicação dos
mudos.
(Manos da Terna
Solidão/Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)
CONTEMPLAR
A decapitação de São João, o Batista, c. 1869, Pierre-Cécile Puvis de Chavannes (1824-1898), óleo sobre
tela, 240 x 316 cm, National Gallery, Londres, Reino Unido.
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