sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

O Caminho da Beleza 15 - II Domingo da Quaresma

Peguei da mão do anjo o livrinho e comi-o. Na boca era doce como mel, mas, quando o engoli, meu estômago tornou-se amargo (Ap 10, 10).

II Domigo da Quaresma                            

Gn 12, 1-4                  2 Tm 1, 8-10                     Mt 17, 1-9

 

ESCUTAR

“Sai da tua terra, da tua família e da casa do teu pai, e vai para a terra que eu te vou mostrar. Farei de ti um grande povo e te abençoarei: engrandecerei o teu nome, de modo que ele se torne uma benção. Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão abençoadas todas as famílias da terra!” (Gn 2, 1-3).

“Esta graça foi revelada agora, pela manifestação de nosso Salvador, Jesus Cristo. Ele não só destruiu a morte, como também fez brilhar a vida e a imortalidade por meio do Evangelho” (2 Tm, 10).

“Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão e os levou a um lugar à parte, sobre uma alta montanha. E foi transfigurado diante deles; o seu rosto brilhou como o sol e as suas roupas ficaram brancas como a luz” (Mt 17, 1-2).

 

MEDITAR

Todos nós seríamos transformados se tivéssemos a coragem de ser o que somos.

(Marguerite Yourcenar)

 

ORAR

      Após a prova do deserto, o episódio da Transfiguração é a iluminação que desperta a esperança. O relato faz brilhar, por antecipação, a glória de Deus na paixão do Cristo. A nuvem luminosa que cobre a todos é a mesma que criou o mundo no primeiro dia do Gênesis e a que envolveu Maria na Anunciação. É o mesmo Espírito que consagra o pão e o vinho em Corpo e Sangue de Cristo para a vida do mundo. A Transfiguração é uma resposta à indignação de Pedro uns dias antes ao ouvir de Jesus o anúncio de sua Paixão: “Deus te livre, Senhor! Tal coisa não te acontecerá” (Mt 16, 22). Jesus recebe no monte Tabor a sustentação psicológica e espiritual mais significativa no decorrer do seu ministério. Jesus tem a garantia de que o doloroso caminho que vai percorrer O conduzirá à glória. A Transfiguração é a antítese do Calvário. Nela, Jesus, glorificado, está entre as duas mais ilustres personagens da história de Israel: Moisés que recebera a revelação de Deus e as tábuas da lei na sarça ardente; e Elias que a recebera na brisa leve e ligeira que o fazia vivenciar o Deus da Ternura. Apesar desta visão gloriosa, o chefe dos apóstolos e seus companheiros terão que pregar o Cristo Crucificado entre dois ladrões. Nesta antítese se edifica a solidez de uma fé na qual repousa toda a fé da Igreja de Jesus. Os apóstolos testemunharam a ressurreição da filha de Jairo e a transfiguração de Jesus para que proclamassem a ligação íntima entre Ressurreição e Transfiguração. Apesar de tudo, toda vocação autêntica é uma missão a serviço dos outros, anunciada e testemunhada em nossas vidas pela exclamação do salmista: “A terra está plena do seu amor e transborda em toda a terra a sua graça” (Sl 119, 64). Neste mundo e nestas igrejas comprometidas com uma moral do espetáculo, que estimula o ardor religioso individual sem nenhum compromisso comunitário, um Jesus Morto é absolutamente comum e sem atrativos de sedução. Para nós, além do Jesus da História, devemos estar intimamente ligados ao Cristo da Fé e Neste o que conta não é o fenômeno sobrenatural, mas a humanidade de Jesus que durante a sua travessia testemunhou e praticou para todos e com todos, sem exceção ou discriminação, suas entranhas de misericórdia.

(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)

 

CONTEMPLAR

O Cristo (detalhe da pintura Peregrinos de Emaús), 2014, Jean-Marie Pirot (Arcabas, 1926-2018), Saint-Hugues de Chartreuse,  França.




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