Peguei da mão do anjo o livrinho e comi-o. Na boca era doce como
mel, mas, quando o engoli, meu estômago tornou-se amargo (Ap 10, 10).
VI Domingo do Tempo Comum
Eclo 15, 16-21 1
Cor 2, 6-10 Mt 5,
17-37
ESCUTAR
“Se quiseres
observar os mandamentos, eles te guardarão; se confias em Deus, tu também
viverás” (Eclo 15, 16).
“Nós falamos
de uma sabedoria, não da sabedoria deste mundo nem da sabedoria dos poderosos
deste mundo, que, afinal estão votados à destruição” (1 Cor 2, 6).
“Porque eu
vos digo, se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da lei e
dos fariseus, vós não entrareis no reino dos céus” (Mt 5, 20).
MEDITAR
Não ponhas
tua fé na mágica eficácia que podem ter os rituais religiosos, por mais que
sejam rituais de pureza imaculada; nem ponhas tua fé na presumida e suposta
salvação que brota do puritanismo dos intocáveis; nem nos conselhos que te dão
os que querem ver-te que andas pela vida como pessoa irrepreensível; ponha tua fé somente no amor, ali onde o
gozo inefável do carinho compartido se apalpa e se faz visível, onde os amantes
se fundem num mesmo projeto e com uma só ilusão, a ilusão apaixonada e apaixonante
de dar a vida e receber a entrega livre daquele que te quer sem interesse,
porque eras tu, como és, sem mais.
(Rudolf Bultmann)
ORAR
Os textos litúrgicos de hoje nos apelam à liberdade. A nova lei do
Evangelho não é uma imposição, “Deves”, mas um “Se quiseres”. A vida não é
impune, devemos decidir entre o fogo e a água; a vida e a morte: “Conheço tuas
obras: não és frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente; mas, visto que és
morno, nem frio nem quente, vou te vomitar da minha boca” (Ap 3, 15). As
palavras do Cristo são fogo e não podemos atenuá-las. Se quisermos seremos
abrasados por um desejo intenso, mas também poderemos recusá-lo. Jesus veio
para dar plenitude à Lei antiga, levando-a às últimas consequências. Jesus é
exigente não no sentido da quantidade, mas da radicalidade e da capacidade que
temos de ir às raízes das coisas, sem sectarismos. Jesus evita as deformações
do legalismo e do casuísmo, pois o formalismo religioso se preocupa exclusiva e
obcecadamente com a boa conduta
aparente, fixando e multiplicando normas e regras. A ética de Cristo se dirige,
antes de tudo, à interioridade, ao coração do homem. “O cristão não é um homem
da minúcia, mas da totalidade” (Cardeal Gianfranco Ravasi). Devemos escolher, a
cada dia, entre a moral corrente dos “príncipes deste mundo”, que conduz à
morte, e a ética do Cristo que é a expressão de uma sabedoria escondida e que
nos será desvelada por meio do Espírito que nos mergulha nas profundezas de
Deus e nos conduz à plenitude da vida. Sabedoria escondida que esquadrinha os
desígnios do Pai; que nos faz intuir que as coisas excessivas Deus reserva, exclusivamente, para os que O amam.
Finalmente, é preciso compreender que o “porque eu vos digo” do Cristo afeta
somente os que buscam interiorizar outro discurso: o da linguagem secreta que é
a do amor.
(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)
CONTEMPLAR
Concha Espiral, 1921, Edward Steichen
(1879-1973), Luxemburgo.
Texto Maravilhoso. Muito obrigado manos
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