quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

O Caminho da Beleza 13 - VII Domingo do Tempo Comum

Peguei da mão do anjo o livrinho e comi-o. Na boca era doce como mel, mas, quando o engoli, meu estômago tornou-se amargo (Ap 10, 10).

VII Domingo do Tempo Comum     

Lv 19, 1-2.17-18                 1 Cor 3, 16-23                    Mt 5, 38-48

 

ESCUTAR

“Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Lv 19, 18).

“Acaso não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus mora em vós?” (1 Cor 3, 16).

“Porque, se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis?” (Mt 5, 46).

 

 MEDITAR

Acontece que, quando estamos rezando, os irmãos vêm nos procurar. Devemos então escolher: ou interromper nossa oração ou entristecer o irmão recusando-nos a responder-lhe. No entanto, o amor é maior que a oração: a oração é uma virtude entre as outras, enquanto o amor contém todas.

(João Clímaco, A Escada Santa, 26º degrau, 43)

 

ORAR

 O templo de Deus somos nós. Somos comunidades de pedras vivas e em nosso corpo o Espírito fez morada. Todo gesto nosso é sagrado e cada passo é o de um templo que se move: somos santuários peregrinos. Paulo afirma que a sabedoria mundana pode progredir ao máximo possível, mas nunca chegará a roçar a sabedoria de Deus, pois para alcançá-la, devemos transformar a sabedoria deste mundo em loucura. São Francisco de Assis pregava: “Cristo me chamou de idiota e de simples para que seguisse a loucura da Cruz: Quero que sejas um novo louco no mundo e, com obras e palavras, pregues a loucura da Cruz”. Devemos ser honestos como alguns discípulos que tiveram a lealdade de protestar: “Este discurso é bem duro: quem poderá escutá-lo” (Jo 6, 60). E em seguida abandonaram a sinagoga porque o alimento da Palavra se tornara, para eles, indigesto. As palavras do Cristo devem nos incomodar e nos arrancar da nossa tranquilidade cotidiana para que não se tornem meras palavras que passam pelos nossos ouvidos estéreis sem nunca atingir e fecundar o nosso coração. A vocação do cristão é uma vocação para o extraordinário. O próprio Cristo nos questiona: “Se saudais somente os vossos irmãos, o que fazeis de extraordinário?”. A vocação do cristão é a de superar as medidas calculadas: “Dai e vos darão: recebereis uma medida generosa, calcada, sacudida e transbordante. A medida que usardes será usada para vós” (Lc 6, 38). É a vocação de ir além do impossível para superar a justiça dos fariseus e dos mestres da Lei. O teólogo luterano Bonhoeffer pregava: “Aonde não existe este fator singular, extraordinário, não existe nada de cristão”. Os cristãos se fazem visíveis pelo extraordinário: perdoar, dar sem calcular, amar os inimigos, orar pelos perseguidores, desejar aos malvados todo bem possível, saudar os que mostram o seu rosto feroz, mas, sobretudo, amar os que não amam ninguém e que ninguém ama. Não devemos nos preocupar e nem nos complicar. Se agir de uma maneira extraordinária nos incomoda, devemos saber que demos o primeiro passo para a salvação, pois, finalmente, estamos abandonando o caminho da normalidade. O evangelho não é concêntrico, mas excêntrico. O cristianismo não é uma forma de auto-realização, pois Jesus não era Narciso. Amém!

(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)

 

CONTEMPLAR

Doutor Martin Luther King Jr. em seu tour pelos Estados Unidos após receber o Prêmio Nobel da Paz, 1964, Baltimore, Maryland, Leonard Freed (1929-2006), Magnum Photos, Estados Unidos.


 


 

Nenhum comentário:

Postar um comentário