Já não quero dicionários
consultados em vão. Quero só a palavra que nunca estará neles nem se pode
inventar. Que resumiria o mundo e o substituiria. Mais sol do que o sol dentro
do qual vivêssemos todos em comunhão, mudos, saboreando-a.
(Carlos Drummond
de Andrade)
XXVII Domingo do Tempo Comum 06.10.2019
Hab 1, 2-3;2, 2-4 2
Tm 1, 6-8.13-14 Lc 17, 5-10
ESCUTAR
“Quem não
é correto vai morrer, mas o justo viverá por sua fé” (Hab 2, 4).
Deus não
nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e sobriedade (2 Tm 1,
7).
“Quando
tiverdes feito tudo o que vos mandaram, dizei: ‘Somos servos inúteis; fizemos o
que devíamos fazer’” (Lc 17, 10).
MEDITAR
A fé é um
fio de cabelo seguro com os dentes, no abismo!
(Madre
Belém, 1909-2011, Brasil)
ORAR
Esta
esplêndida meditação sobre a fé oferecida pelo lecionário bíblico aponta
alguns aspectos fundamentais do crer bíblico. Crer é conseguir ler a história
segundo a ótica mesma de Deus, é compartilhar as esperas e os juízos. Crer é
receber uma força de vida porque a fé é a abertura para a irrupção de
Deus que transforma a criatura: “o justo viverá por sua fé”. Crer é a
superação da religião “economicista” e meritocrática pela escolha do amor e
da doação. A mãe ama por espontânea efusão interior sem calcular as vantagens
que receberia disso. A parábola do evangelho é um convite à superação da práxis
religiosa conduzida por hábito, tradição, conveniência, medo da morte etc. para
poder alcançar a doação alegre da fé. Crer é trabalhar com empenho e
humildade pelo Reino, um trabalho humilde e simples, sem exigência, mas
percorrido pelo amor. Um trabalho que requer um testemunho corajoso: “Não te
envergonhes do testemunho dado ao nosso Senhor, mas sofre comigo pelo
evangelho, ajudado pela força de Deus” (2 Tm 1, 8). Crer é conquistar a serenidade
e a infância do espírito. Eis uma bela oração do célebre filósofo danês S.
Kierkegaard. Está relatada em seu Diário: “Pai celeste, quando o
pensamento de ti desperta em nossa alma, faça que não se desperte como uma ave
transtornada e desorientada que voa para lá e para cá, mas como uma criança que
acorda com seu sorriso celeste” (6 de janeiro de 1839).
(Gianfranco
Ravasi, 1942-, Itália)
CONTEMPLAR
Srebrenica, 2018, mulher
conta membros da família Hasanovic (311 deles, por serem muçulmanos, foram assassinados
pelos sérvios), Michat Leja, Monochrome Photography Awards, 2018, Polonia.
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