segunda-feira, 2 de setembro de 2019

O Caminho da Beleza 42 - XXIII Domingo do Tempo Comum


Já não quero dicionários consultados em vão. Quero só a palavra que nunca estará neles nem se pode inventar. Que resumiria o mundo e o substituiria. Mais sol do que o sol dentro do qual vivêssemos todos em comunhão, mudos, saboreando-a.

(Carlos Drummond de Andrade)


XXIII Domingo do Tempo Comum            08.09.2019
Sb 9, 13-18              Fm 9b-10.12-17                 Lc 14, 25-33


ESCUTAR

Qual é o homem que pode conhecer os desígnios de Deus? (Sb 9, 13).

Ele é como se fosse o meu próprio coração... , se estás em comunhão de fé comigo, recebe-o como se fosse a mim mesmo (Fm 12.17).

“Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim não pode ser meu discípulo” (Lc 14, 27).


MEDITAR

A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes.

(Carta aos Hebreus 4, 12).


ORAR

            A mensagem de Jesus anuncia o amor do Pai e o advento do Reino. Chama os homens para a paz e para a concórdia na vontade santa. Contudo a sua palavra não começa por produzir a união, mas a divisão. Quanto mais um homem se torna profundamente cristão, mais a sua vida se distingue da vida dos outros que não querem tornar-se cristãos, ou na medida em que se recusam a sê-lo.  Esta diferença subsiste apesar de todos os laços de proximidade; pois não se é cristão natural ou hereditariamente, mas em consequência de uma decisão interior e pessoal. Um toma esta decisão, um outro não. Eis porque pode assim haver uma cisão entre pai e filho, amigo e amigo ou entre os moradores de uma mesma casa. Neste caso, o homem deve colocar Jesus acima de todos os outros, sejam eles os mais próximos...Decerto é duro. É a “cruz”. Tocamos aqui no mistério mais difícil do cristianismo. Cristianismo e cruz são inseparáveis. Depois de Cristo haver feito o caminho da cruz, há uma cruz na estrada de quem quiser ser cristão. É para cada um a “sua” cruz. A natureza protesta contra isso. Ela quer “guardar-se”. Recusa-se a passar por aí. Mas Jesus diz, e é lei fundamental da sua religião: aquele que quiser guardar a sua pessoa, a sua vida, a sua alma, perde-las-á. Aquele, pelo contrário, que se entrega à cruz que aqui ou ali é erigida para ele, encontra-las-á e guarda-las-á sempre – para, então, nunca mais as perder, como o eu eterno que participa de Cristo... O homem deve tomar a sua cruz, renunciar a si, dar a sua vida por Cristo para a encontrar verdadeiramente. A ideia aqui é mais nítida e vai mais a fundo. Não estabelece uma linha de demarcação entre tal e tal homem, mas entre o crente e tudo o mais: entre o mundo e eu, entre eu e eu próprio. É a grande doutrina da dádiva de si e da abnegação.

(Romano Guardini, 1885-1968, Itália)


CONTEMPLAR

A Alameda de Butterfield, estudo 3, 2014, Cemitério de guerra americano, Taguig, Filipinas, Michel de Guzman (1956-), Filipinas.




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