Já não quero dicionários
consultados em vão. Quero só a palavra que nunca estará neles nem se pode
inventar. Que resumiria o mundo e o substituiria. Mais sol do que o sol dentro
do qual vivêssemos todos em comunhão, mudos, saboreando-a.
(Carlos Drummond de
Andrade)
XXIII Domingo do Tempo Comum 08.09.2019
Sb 9, 13-18 Fm
9b-10.12-17 Lc 14, 25-33
ESCUTAR
Qual é o
homem que pode conhecer os desígnios de Deus? (Sb 9, 13).
Ele é
como se fosse o meu próprio coração... , se estás em comunhão de fé comigo,
recebe-o como se fosse a mim mesmo (Fm 12.17).
“Quem não
carrega sua cruz e não caminha atrás de mim não pode ser meu discípulo” (Lc 14,
27).
MEDITAR
A palavra
de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes.
(Carta
aos Hebreus 4, 12).
ORAR
A mensagem de Jesus anuncia
o amor do Pai e o advento do Reino. Chama os homens para a paz e para a
concórdia na vontade santa. Contudo a sua palavra não começa por produzir a
união, mas a divisão. Quanto mais um homem se torna profundamente cristão, mais
a sua vida se distingue da vida dos outros que não querem tornar-se cristãos,
ou na medida em que se recusam a sê-lo. Esta diferença subsiste apesar de todos os
laços de proximidade; pois não se é cristão natural ou hereditariamente, mas em
consequência de uma decisão interior e pessoal. Um toma esta decisão, um outro
não. Eis porque pode assim haver uma cisão entre pai e filho, amigo e amigo ou
entre os moradores de uma mesma casa. Neste caso, o homem deve colocar Jesus
acima de todos os outros, sejam eles os mais próximos...Decerto é duro. É a “cruz”.
Tocamos aqui no mistério mais difícil do cristianismo. Cristianismo e cruz são
inseparáveis. Depois de Cristo haver feito o caminho da cruz, há uma cruz na
estrada de quem quiser ser cristão. É para cada um a “sua” cruz. A natureza
protesta contra isso. Ela quer “guardar-se”. Recusa-se a passar por aí. Mas
Jesus diz, e é lei fundamental da sua religião: aquele que quiser guardar a sua
pessoa, a sua vida, a sua alma, perde-las-á. Aquele, pelo contrário, que se
entrega à cruz que aqui ou ali é erigida para ele, encontra-las-á e guarda-las-á
sempre – para, então, nunca mais as perder, como o eu eterno que participa de
Cristo... O homem deve tomar a sua cruz, renunciar a si, dar a sua vida por
Cristo para a encontrar verdadeiramente. A ideia aqui é mais nítida e vai mais a
fundo. Não estabelece uma linha de demarcação entre tal e tal homem, mas entre
o crente e tudo o mais: entre o mundo e eu, entre eu e eu próprio. É a grande
doutrina da dádiva de si e da abnegação.
(Romano
Guardini, 1885-1968, Itália)
CONTEMPLAR
A Alameda de Butterfield, estudo 3, 2014, Cemitério de guerra americano, Taguig,
Filipinas, Michel de Guzman (1956-), Filipinas.
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