Já não quero dicionários
consultados em vão. Quero só a palavra que nunca estará neles nem se pode
inventar. Que resumiria o mundo e o substituiria. Mais sol do que o sol dentro
do qual vivêssemos todos em comunhão, mudos, saboreando-a.
(Carlos Drummond de
Andrade)
XXVI Domingo do Tempo Comum 29.09.2019
Am 6, 1.4-7 1
Tm 6, 11-16 Lc 16,
19-31
ESCUTAR
“Ai dos
que vivem despreocupadamente em Sião, os que sentem seguros nas alturas de
Samaria!” (Am 6, 1).
Tu que és
um homem de Deus, foge das coisas perversas, procura a justiça, a piedade, a
fé, o amor, a firmeza, a mansidão (1 Tm 6, 11).
Quando o
pobre morreu, os anjos levaram-no para junto de Abrãao. Morreu também o rico e
foi enterrado (Lc 16, 22).
MEDITAR
Quando
nos convenceremos todos nós de que o homem é unidade de alma e de corpo, e de
que Deus nos entregou, a nós pastores, não almas desencarnadas, mas criaturas
humanas, com alma e corpo, com necessidades espirituais e materiais? Como
pregar verdades sublimes a quem está com fome? Como dizer a quem está sem casa,
sem trabalho, sem esperança, que nossa missão não é cuidar de problemas
terrenos, mas cuidar da alma e de sua salvação eterna? Quem não sabe, quem não
sente, quem não vê que a eternidade começa agora e aqui?
(Dom Hélder
Câmara, 1909-1999, Brasil)
ORAR
Quando se despreza o pobre, é a Cristo
que se despreza; por isso, é enorme a falta. O próprio Paulo perseguiu a
Cristo, perseguindo os seus e por isso é que ouviu: “Por que me persegues?” (At
9, 4). Toda vez que damos, devemos ter as mesmas disposições que teríamos se
déssemos ao próprio Cristo, pois suas palavras são mais dignas de ser
acreditadas que nossos próprios olhos. Quando vês um pobre, lembra-te, então,
daquelas palavras em que Cristo te revela que é a ele que podes nutrir. De que
serve ornar com vasos de ouro a mesa do Cristo se ele próprio morre de fome?
Começa por lhe dar de comer quando ele tem fome, e depois poderás ornar sua
mesa com o supérfluo. Dize-me: se, vendo a alguém sem o alimento indispensável,
tu o deixasses faminto e fosses enfeitar a mesa com vasos de ouro, seria ele
agradecido a ti? Não ficaria antes indignado? Ou, então, se vendo-o coberto de
andrajos e tiritando de frio tu o deixasses sem roupa para lhe erigir colunas
de ouro, pretendendo assim honrá-lo, não diria que estás zombando dele, com a
pior das ironias? Convence-te bem de que é para Cristo que assim ages quando
ele anda errante, estrangeiro, sem teto e tu, sem o receberes, ornas o
pavimento, as paredes e os capitéis das colunas. Suspendes as lâmpadas com
correntes de prata, enquanto a ele, quando está prisioneiro, não queres ir ver.
Não digo isso para condenar esses ornatos. Mas digo que se deve fazer isto sem
omitir aquilo, e mesmo por aquilo começar. “Aquele que recebe um destes
pequeninos, é a mim que recebe” (Mt 18, 5), diz Jesus. Quanto menor é o irmão,
mais, através dele está presente o Cristo. Quem recebe um grande, muitas vezes
o faz por vanglória; mas quem recebe um pequenino é unicamente por causa do
Cristo que o faz.
(São João
Crisóstomo, 347-407, Turquia)
CONTEMPLAR
Menino da
Chuva, 2014, Ngorongoro, Tanzânia, Goran Jovic (1977-), Monochrome
Photography Awards 2014, Imotski, Croácia.
Como ornar um lar com toda opulência se teu próprio filho, que geraste no teu ventre, necessita do básico para viver?? Não há mãe neste mundo que consiga ser feliz vendo seu filho e netos necessitarem de um lar digno, mesmo que simples, para descansarem seus corpos cansados pela luta diária da sobrevivência. Estou a falar de uma mãe verdadeira cujo coração roga a Deus por justiça com a alma sangrando de dor.
ResponderExcluirQue esta mãe tenha forças para continuar na luta pela sobrevivência e pelo amor a seu filho.
ResponderExcluir