segunda-feira, 23 de setembro de 2019

O Caminho da Beleza 45 - XXVI Domingo do Tempo Comum


Já não quero dicionários consultados em vão. Quero só a palavra que nunca estará neles nem se pode inventar. Que resumiria o mundo e o substituiria. Mais sol do que o sol dentro do qual vivêssemos todos em comunhão, mudos, saboreando-a.

(Carlos Drummond de Andrade)


XXVI Domingo do Tempo Comum             29.09.2019
Am 6, 1.4-7             1 Tm 6, 11-16                     Lc 16, 19-31


ESCUTAR

“Ai dos que vivem despreocupadamente em Sião, os que sentem seguros nas alturas de Samaria!” (Am 6, 1).

Tu que és um homem de Deus, foge das coisas perversas, procura a justiça, a piedade, a fé, o amor, a firmeza, a mansidão (1 Tm 6, 11).

Quando o pobre morreu, os anjos levaram-no para junto de Abrãao. Morreu também o rico e foi enterrado (Lc 16, 22).


MEDITAR

Quando nos convenceremos todos nós de que o homem é unidade de alma e de corpo, e de que Deus nos entregou, a nós pastores, não almas desencarnadas, mas criaturas humanas, com alma e corpo, com necessidades espirituais e materiais? Como pregar verdades sublimes a quem está com fome? Como dizer a quem está sem casa, sem trabalho, sem esperança, que nossa missão não é cuidar de problemas terrenos, mas cuidar da alma e de sua salvação eterna? Quem não sabe, quem não sente, quem não vê que a eternidade começa agora e aqui?

(Dom Hélder Câmara, 1909-1999, Brasil)


ORAR

     Quando se despreza o pobre, é a Cristo que se despreza; por isso, é enorme a falta. O próprio Paulo perseguiu a Cristo, perseguindo os seus e por isso é que ouviu: “Por que me persegues?” (At 9, 4). Toda vez que damos, devemos ter as mesmas disposições que teríamos se déssemos ao próprio Cristo, pois suas palavras são mais dignas de ser acreditadas que nossos próprios olhos. Quando vês um pobre, lembra-te, então, daquelas palavras em que Cristo te revela que é a ele que podes nutrir. De que serve ornar com vasos de ouro a mesa do Cristo se ele próprio morre de fome? Começa por lhe dar de comer quando ele tem fome, e depois poderás ornar sua mesa com o supérfluo. Dize-me: se, vendo a alguém sem o alimento indispensável, tu o deixasses faminto e fosses enfeitar a mesa com vasos de ouro, seria ele agradecido a ti? Não ficaria antes indignado? Ou, então, se vendo-o coberto de andrajos e tiritando de frio tu o deixasses sem roupa para lhe erigir colunas de ouro, pretendendo assim honrá-lo, não diria que estás zombando dele, com a pior das ironias? Convence-te bem de que é para Cristo que assim ages quando ele anda errante, estrangeiro, sem teto e tu, sem o receberes, ornas o pavimento, as paredes e os capitéis das colunas. Suspendes as lâmpadas com correntes de prata, enquanto a ele, quando está prisioneiro, não queres ir ver. Não digo isso para condenar esses ornatos. Mas digo que se deve fazer isto sem omitir aquilo, e mesmo por aquilo começar. “Aquele que recebe um destes pequeninos, é a mim que recebe” (Mt 18, 5), diz Jesus. Quanto menor é o irmão, mais, através dele está presente o Cristo. Quem recebe um grande, muitas vezes o faz por vanglória; mas quem recebe um pequenino é unicamente por causa do Cristo que o faz.

(São João Crisóstomo, 347-407, Turquia)


CONTEMPLAR

Menino da Chuva, 2014, Ngorongoro, Tanzânia, Goran Jovic (1977-), Monochrome Photography Awards 2014, Imotski, Croácia.




2 comentários:

  1. Como ornar um lar com toda opulência se teu próprio filho, que geraste no teu ventre, necessita do básico para viver?? Não há mãe neste mundo que consiga ser feliz vendo seu filho e netos necessitarem de um lar digno, mesmo que simples, para descansarem seus corpos cansados pela luta diária da sobrevivência. Estou a falar de uma mãe verdadeira cujo coração roga a Deus por justiça com a alma sangrando de dor.

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  2. Que esta mãe tenha forças para continuar na luta pela sobrevivência e pelo amor a seu filho.

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