segunda-feira, 7 de outubro de 2019

O Caminho da Beleza 47 - XVIII Domingo do Tempo Comum


Já não quero dicionários consultados em vão. Quero só a palavra que nunca estará neles nem se pode inventar. Que resumiria o mundo e o substituiria. Mais sol do que o sol dentro do qual vivêssemos todos em comunhão, mudos, saboreando-a.

            (Carlos Drummond de Andrade)


XXVIII Domingo do Tempo Comum                     13.10.2019
2 Rs 5, 14-17                       2 Tm 2, 8-13                      Lc 17, 11-19


ESCUTAR

“Por favor, aceita um presente de mim, teu servo”. Eliseu respondeu: “Pela vida do Senhor, a quem sirvo, nada aceitarei” (2 Rs 5, 15-16).

Se com ele morremos, com ele viveremos. Se com ele ficmos firmes, com ele reinaremos. Se nós o negamos, também ele nos negará (2 Tm 2, 11-12).

Jesus lhe perguntou: “Não foram dez os curados? E os outros nove onde estão?” (Lc 17, 17).


MEDITAR

Se a única oração que você diz em toda a sua vida é “Agradeço”, isso seria suficiente.

 (Mestre Eckhart, 1260-1328, Alemanha)


ORAR

     “Não foram dez os curados? Onde estão os outros nove?”. É nestes termos que o Salvador censura os leprosos judeus por sua ingratidão. Eles tinham dirigido a Deus “orações, pedidos e súplicas” (1 Tm 2, 1); eles tinham mesmo gritado “Jesus, Filho de Davi, tem piedade de nós!”, mas faltou-lhes a “ação de graças”. Feliz o samaritano que “não tinha nada senão o que tinha recebido”, e que sabia reconhecê-lo. Ele guardou o seu depósito, e, para dar graças, voltou ao Senhor. Feliz o cristão, se ele sabe, a cada presente de Deus, voltar ao Cristo onde se encontra a plenitude dos dons. Mostrar-nos reconhecidos a ele pelos benefícios recebidos, é criar em nós um espaço para a graça, e, assim, tornar-nos aptos a receber ainda mais. Só a ingratidão faz obstáculo em nós ao progresso do crescimento. O homem feliz é aquele que se vê “samaritano” e que, mesmo por pequenos benefícios, sabe sempre agradecer com efusão: ele sabe que os dons do reino, que Deus concede, dirigem-se em sua pessoa a um estrangeiro, a alguém a quem nada recomenda. Mas nós, miseráveis, nos sentimos ainda estrangeiros de primeiros passos e mostramos então alguma dedicação e humildade, mas, em seguida nos esquecemos facilmente quão pouco merecíamos os benefícios recebidos. Depressa demais nos consideramos como íntimos de Deus, sem notar quanto merecíamos ouvir dizer: “Deus tem por inimigos os membros de sua família” (cf. Mt 10, 36). Também vos peço, meus irmãos: humilhemo-nos cada vez mais sob a sua mão poderosa e afastemos para bem longe de nós a ingratidão, este vício enorme e odioso. Entreguemo-nos sem reserva à ação de graças: ela nos assegurará o beneplácito divino, o único capaz de nos salvar. E que nosso reconhecimento não se exprima somente por palavras, nem da boca para fora, mas em obras e sinceramente. Porque o Senhor, quando dá, espera de nós uma ação de graças, isto é, um agradecimento mais vivido do que falado.

(São Bernardo de Clairvaux, 1090-1153, França)


CONTEMPLAR

Sorriso, 2016, Daka, Bangladesh, Tanveer Hassan Rohan (1982-), Sony World Photography Awards 2016, Bangladesh, Índia.




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