Já não quero dicionários
consultados em vão. Quero só a palavra que nunca estará neles nem se pode
inventar. Que resumiria o mundo e o substituiria. Mais sol do que o sol dentro
do qual vivêssemos todos em comunhão, mudos, saboreando-a.
(Carlos
Drummond de Andrade)
XXVIII Domingo do Tempo Comum 13.10.2019
2 Rs 5, 14-17 2
Tm 2, 8-13 Lc 17,
11-19
ESCUTAR
“Por
favor, aceita um presente de mim, teu servo”. Eliseu respondeu: “Pela vida do
Senhor, a quem sirvo, nada aceitarei” (2 Rs 5, 15-16).
Se com
ele morremos, com ele viveremos. Se com ele ficmos firmes, com ele reinaremos.
Se nós o negamos, também ele nos negará (2 Tm 2, 11-12).
Jesus lhe
perguntou: “Não foram dez os curados? E os outros nove onde estão?” (Lc 17,
17).
MEDITAR
Se a única oração que você diz em
toda a sua vida é “Agradeço”, isso seria suficiente.
(Mestre Eckhart, 1260-1328, Alemanha)
ORAR
“Não foram dez os curados?
Onde estão os outros nove?”. É nestes termos que o Salvador censura os leprosos
judeus por sua ingratidão. Eles tinham dirigido a Deus “orações, pedidos e
súplicas” (1 Tm 2, 1); eles tinham mesmo gritado “Jesus, Filho de Davi, tem
piedade de nós!”, mas faltou-lhes a “ação de graças”. Feliz o samaritano que
“não tinha nada senão o que tinha recebido”, e que sabia reconhecê-lo. Ele
guardou o seu depósito, e, para dar graças, voltou ao Senhor. Feliz o cristão,
se ele sabe, a cada presente de Deus, voltar ao Cristo onde se encontra a
plenitude dos dons. Mostrar-nos reconhecidos a ele pelos benefícios recebidos,
é criar em nós um espaço para a graça, e, assim, tornar-nos aptos a receber
ainda mais. Só a ingratidão faz obstáculo em nós ao progresso do crescimento. O
homem feliz é aquele que se vê “samaritano” e que, mesmo por pequenos
benefícios, sabe sempre agradecer com efusão: ele sabe que os dons do reino,
que Deus concede, dirigem-se em sua pessoa a um estrangeiro, a alguém a quem
nada recomenda. Mas nós, miseráveis, nos sentimos ainda estrangeiros de
primeiros passos e mostramos então alguma dedicação e humildade, mas, em seguida
nos esquecemos facilmente quão pouco merecíamos os benefícios recebidos.
Depressa demais nos consideramos como íntimos de Deus, sem notar quanto
merecíamos ouvir dizer: “Deus tem por inimigos os membros de sua família” (cf.
Mt 10, 36). Também vos peço, meus irmãos: humilhemo-nos cada vez mais sob a sua
mão poderosa e afastemos para bem longe de nós a ingratidão, este vício enorme
e odioso. Entreguemo-nos sem reserva à ação de graças: ela nos assegurará o
beneplácito divino, o único capaz de nos salvar. E que nosso reconhecimento não
se exprima somente por palavras, nem da boca para fora, mas em obras e
sinceramente. Porque o Senhor, quando dá, espera de nós uma ação de
graças, isto é, um agradecimento mais vivido do que falado.
(São Bernardo
de Clairvaux, 1090-1153, França)
CONTEMPLAR
Sorriso, 2016,
Daka, Bangladesh, Tanveer Hassan Rohan (1982-), Sony World Photography Awards
2016, Bangladesh, Índia.
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