Já não quero dicionários
consultados em vão. Quero só a palavra que nunca estará neles nem se pode
inventar. Que resumiria o mundo e o substituiria. Mais sol do que o sol dentro
do qual vivêssemos todos em comunhão, mudos, saboreando-a.
(Carlos Drummond
de Andrade)
XXV Domingo do Tempo Comum 22.09.2019
Am 8, 4-7 1
Tm 2, 1-8 Lc 16, 1-13
ESCUTAR
Jurou o
Senhor: “Nunca mais esquecerei o que eles fizeram” (Am 8, 7).
Isso é
bom e agradável a Deus, nosso salvador; ele quer que todos os homens sejam
salvos e cheguem ao conhecimento da verdade (1 Tm 2, 3-4).
“Quem é
fiel nas pequenas coisas também é fiel nas grandes, e quem é injusto nas
pequenas também é injusto nas grandes” (Lc 16, 10).
MEDITAR
Somente
na ação é que se encontra a liberdade. Abandona o vacilar medroso e enfrenta a
tempestade dos acontecimentos, sustentado somente pelo mandamento de Deus e por
tua fé, e a liberdade envolverá jubilosa o teu espírito.
(Dietrich
Bonhoeffer, 1906-1945, Alemanha)
ORAR
A parábola que tem como
protagonista o administrador desonesto (ou esperto) não deve ser lida como uma narração
edificante e nem dominado por uma obsessão de “salvar a moral” (incluindo a
leiga). Se trata ademais de captar a lição principal. Jesus, convidado
provavelmente a expressar um juízo ético a cerca de um episódio de corrupção
que circulava de boca em boca e desencadeava os comentários mais indignados, louva
provocadoramente o administrador injusto, não por suas operações ilegais (hoje,
entre outras coisas, sua astúcia apareceria como uma ingenuidade em comparação
com certas práticas refinadas de corrupção), mas por sua rapidez em captar a
dramaticidade da situação e buscar uma saída com êxito. Uma vez mais Jesus
convida os “filhos da luz”, mais atordoados e indolentes, a captar a urgência
da hora e a tomar a decisão de que depende o futuro. Pede que tenham ao
menos a mesma presença de espírito, a engenhosidade, a fantasia que os espertos
deste mundo manifestam ao perseguir seus interesses. “Ganhai amigos com o
dinheiro injusto, para que quando lhes falte, eles os recebam nas moradas
eternas”. O dinheiro não tem uso corrente no além. Ele se gasta antes. Não
certamente para pagar a entrada ou reservar um posto. Mas sim para semear um
pouco de amizade (se trata de “fazer amizade” mais do que “fazer caridade”),
para distribuir um pouco de amor neste mundo que periga se converter em uma
selva. Assim, quando faltar o dinheiro (e faltará para todos!), não faltarão os
pobres, ou seja, os amigos que estenderão uma mão para entrar, apesar de uma ou
outra dificuldade. Cristo estabelece uma incompatibilidade absoluta entre o
serviço a Deus e ao dinheiro (mamon). Não é possível adorar a Deus e
adorar ao dinheiro. Não se pode fundar a vida sobre um e sobre outro que a ele
se opõe radicalmente. É uma pena que esta página evangélica não tenha deixado
espaço para a última linha que capta a reação de um certo público: “... ouviam
tudo isso os fariseus, muito amigos do dinheiro, e caçoavam dele”. Há que ter
em conta que os fariseus eram “fiéis” exemplares e modelo das pessoas
religiosas da época. E, no entanto..., o apego às práticas religiosas e à
disciplina escondia o apego ao dinheiro. Sempre existe o perigo de que pessoas “piedosas”
tenham um coração que bate fora de seu lugar natural, isto é, nas proximidades
imediatas da carteira. Então, seu falar incessante de Deus se converte em um escárnio
dele.
(Alessandro
Pronzato, 1932-, Itália)
CONTEMPLAR
Migrantes
em Roma, 2015, Monochrome Photography Awards 2017, Danilo Balducci,
1971-, Itália.
Pronzato coloca muito bem os termos " coração que pulsa fora do lugar" e que pulsa perto da carteira. Os fariseus modernos existem aos milhares, não se extinguiram como era de se esperar, tão grande a força do Senhor, no sentido de terminar com esses falsos cristãos. Veja-se a quantidade de TEMPLOS espetaculares , que congregam milhões de " fariseus" , sempre em busca de mais e mais opulência e riqueza. Esses templos erguidos em nome do SENHOR DEUS ,nada mais são do que refúgio de seguidores da fé que , no fundo,tem como único objetivo angariar e possuir através de seus "pastores", pregadores desta fé, cada vez mais dinheiro e poder. Através dos canais próprios de televisão observamos tudo isto e lamentamos. Como a fé pode ser tão manipulada e o ser humano tão ingênuo, a ponto de crer em tudo que lhe é exposto nestes tabernáculos opulentos, com tanta insensatez?? Tirando os míseros tostões do bolso de quem nada tem?? Querendo vender aos coitados uma cadeira no CÉU ??.
ResponderExcluirToda a razão para seu comentário, confirmada pela leitura de Jo 4, 23-24
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