O Caminho da Beleza 01
Leituras para a
travessia da vida
“O conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente
diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo
tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma
beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).
“Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu
prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara,
1999, dias antes de sua passagem).
I
Domingo do Advento 30.11.2014
Is 63, 16b-17.19b;64, 2b-7 1 Cor 1, 3-9 Mc
13, 33-37
ESCUTAR
Ah! se rompesses
os céus e descesses! (Is 63, 19b).
Nele
fostes enriquecidos em tudo, em toda palavra e em todo conhecimento, à medida
que o testemunho sobre Cristo se confirmou entre vós (1 Cor 1, 5-6).
Para
que não suceda que, vindo de repente, ele vos encontre dormindo. O que vos
digo, digo a todos: Vigiai! (Mc 13, 36-37).
MEDITAR
Aquele
que ensina o bem aos outros sem o praticar é como um cego que segura uma
lanterna (Provérbio Argelino).
Procurar
Deus é se deixar constantemente questionar por Ele. Não se deve procurar Deus
como se procura qualquer coisa que se pode comprar (Anselm Grün).
ORAR
Este
novo ano litúrgico começa com o primeiro domingo do Advento. A liturgia da
Igreja nos oferece dois acontecimentos. O primeiro, o Cristo que “desce” no
meio dos homens perdidos em seus caminhos pela dureza dos seus corações.
Realiza-se, então, o velho sonho do profeta: “Ah! se rompesses os céus e
descesses!”. Deus não esconde mais o seu rosto. O segundo acontecimento é
constituído pela vinda do Cristo para o Juízo Final. Duas vindas e
manifestações de Jesus: na carne e na glória. As duas vindas e os dois
acontecimentos nos interessam aqui e agora: o Cristo veio, mas é acolhido hoje;
o Cristo deve vir, mas há de ser, hoje, esperado. É necessário despertarmos do
torpor, da preguiça e do aborrecimento. Só podemos ser fiéis a um Deus em
movimento, que toma a iniciativa e intervém em nossas vicissitudes, se
assumirmos uma postura dinâmica de tomada de consciência e de responsabilidade.
Este rosto surpreendente de Deus nos convida a frequentar caminhos de justiça.
Ele nada vem exigir, mas dar. Acolher não significa preparar um espetáculo
colossal em sua honra, mas nos apresentarmos com a nossa pobreza que é,
essencialmente, a disponibilidade para receber. Quanto à segunda vinda, temos a
curiosidade de saber “quando” ou, pelo menos, sermos agraciados com um sinal:
“Dize-nos, por que sinal se saberá que tudo isso se vai realizar?” (Mc 13, 4).
A indagação assume, então, a dimensão da esperança. Este Deus que pode chegar à
tarde, à meia-noite, de madrugada ou ao amanhecer, não pode ser anunciado por
um sinal de alarme. Este Deus deve ser esperado com as portas abertas, de par
em par; com os olhos liberados da fadiga e com o coração curado da dureza.
Hoje, uma terceira vinda se faz presente: a dos cristãos marcados pela
novidade, pois a manifestação de um cristianismo irrelevante, banalmente
repetitivo, politicamente queixoso dos males do mundo, não interessa a ninguém.
Somos chamados a ser cristãos que surpreendem e que despertam os sonhos e
desejos dos que dormem na passividade. Este é o momento, aqui e agora, para
sairmos fora, na noite, e anunciarmos um cristianismo embalado numa canção de
amor e fraternidade que “faça acordar os homens e adormecer as crianças”.
CONTEMPLAR
Madona
e Criança, Marianne Stokes (1855-1927), pintora austríaca, data,
dimensões e locação desconhecidas.
Inspiradoras e, principalmente, significativas estas palavras. Lançam luz a um caminho que busca substancialidade e coerência na fé.
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