segunda-feira, 10 de novembro de 2014

O Caminho da Beleza 52 - XXXIII Domingo do Tempo Comum

O Caminho da Beleza 52
Leituras para a travessia da vida


“O conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).



XXXIII Domingo do Tempo Comum                     16.11.2014
Pr 31, 10-13.19-20.30-31           1 Ts 5, 1-6                Mt 25, 14-30


ESCUTAR

“Uma mulher forte quem a encontrará? Ela vale muito mais do que as joias” (Pr 31, 10).

“Vós mesmos sabeis perfeitamente que o dia do Senhor virá com o ladrão, de noite” (1 Ts 5, 2).

“Porque a todo aquele que tem será dado mais, e terá em abundância, mas daquele que não tem, até o que tem lhe será tirado” (Mt 25, 29).


MEDITAR

“Aceite que Jesus ressuscitado entre em sua vida, acolha-o como amigo, com confiança: ele é a vida! [...] Se te parece difícil segui-lo, não tenha medo, tenha confiança nele, sinta-se seguro com ele, ele está próximo de você, ele está contigo e te dará a paz que você procura e a força para viver como ele quer” (Francisco, servo dos servos de Deus).

“Nada é grave senão perder o amor. Descobrir uma intimidade com Deus... Contem­plá-lo também no rosto do homem... Devolver fisionomia humana ao homem desfigu­rado... Eis uma única e mesma luta: a do amor. Sem o amor, para que a fé? Para que chegar a queimar nossos corpos nas chamas? Nas nossas lutas... nada é grave a não ser perder o amor” (Roger Schutz).


ORAR

Um talento equivale a 26 quilos de ouro. São talentos dados e não dotes naturais como aprendemos durante anos. O talento é algo específico que Cristo nos deixou ao “ir-se”: os talentos são os seus dons. Nesta parábola, trata-se do homem novo, da palavra de Deus, da fés, da esperança e do amor. Trata-se do Espírito de Deus colocado em nossos corações. E o que temos feito com isto? Temos semeado a Palavra, tocado alguém com a nossa fé, colocado alguém em pé com a nossa esperança? Quanto de amor e amizade temos dado e quais atos de coragem temos realizado conduzidos pela força do Espírito? Não existem lugares fechados para a presença cristã. O espetáculo mais deprimente é aquele oferecido por igrejas que escondem seu talento, mascaram a fé e sepultam a Palavra ao reduzi-la a uma palavra humana para realizar projetos mesquinhos. Igrejas que sufocam a visibilidade da Palavra debaixo de um montão de palavreados sem que ela possa se converter em vida, em gritos de justiça e que a inflacionam até transformá-la em celebração triunfalista. Não há deformação mais vil do que a de uma igreja que se asila para contemplar, satisfeita, os talentos recebidos e defendê-los com unhas e dentes.  Guardar não é o mesmo que semear e o Senhor pretende colher onde deveríamos ter semeado, ou seja, por todas as partes. A relação com Deus não pode ser servil e nem ser reduzida a uma miserável contabilidade de tanto/quanto. A mensagem de Jesus é clara: não ao conservadorismo, a uma vida estéril sem nenhuma resposta viva ao Senhor. Não à obsessão pela segurança, mas sim ao esforço arriscado para transformar o mundo. É muito tentador viver sempre evitando problemas, buscando tranquilidade e não nos comprometermos com nada que nos possa complicar a vida: não há melhor maneira de viver uma vida estéril, pequena e sem horizontes. Corremos o risco de enaltecer a nossa fé infantil, apagar a vitalidade do Evangelho, aniquilar o desígnio de Deus e a mensagem de amor aos que sofrem. O teólogo Karl Barth escreve: “A fé em Cristo é o risco de todos os riscos, é para todos o mesmo salto no vazio, mas é também a alegria e a promessa, o amor e a vida. A fé é conversão, a radical orientação do homem que está desnudo diante de Deus que para adquirir a pérola preciosa se torna pobre e que, por amor, está pronto para perder a sua alma”.


CONTEMPLAR


Os trinta dinheiros (detalhe), 2003, Jean-Marie Pirot (Arcabas) (1926-), óleo sobre tela, ouro fino 23 ql., 0,81 m x 0,65 m, Saint-Pierre de Chartreuse, França.




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