O
Caminho da Beleza 52
Leituras
para a travessia da vida
“O conceito de sabedoria é aquele
que reúne harmonicamente diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do
belo e, também, ao mesmo tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que
cria comunhão’, ‘uma beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).
“Quando recebia tuas palavras, eu as
devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não deixe cair a profecia”
(D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).
XXXIII Domingo do Tempo Comum 16.11.2014
Pr 31, 10-13.19-20.30-31 1
Ts 5, 1-6 Mt 25, 14-30
ESCUTAR
“Uma mulher forte quem a encontrará? Ela vale muito mais do que as joias”
(Pr 31, 10).
“Vós mesmos sabeis perfeitamente que o dia do Senhor virá com o ladrão,
de noite” (1 Ts 5, 2).
“Porque a todo aquele que tem será dado mais, e terá em abundância, mas
daquele que não tem, até o que tem lhe será tirado” (Mt 25, 29).
MEDITAR
“Aceite que Jesus ressuscitado entre em sua vida, acolha-o como amigo,
com confiança: ele é a vida! [...] Se te parece difícil segui-lo, não tenha
medo, tenha confiança nele, sinta-se seguro com ele, ele está próximo de você,
ele está contigo e te dará a paz que você procura e a força para viver como ele
quer” (Francisco, servo dos servos de Deus).
“Nada é grave senão perder o amor.
Descobrir uma intimidade com Deus... Contemplá-lo também no rosto do homem...
Devolver fisionomia humana ao homem desfigurado... Eis uma única e mesma luta:
a do amor. Sem o amor, para que a fé? Para que chegar a queimar nossos corpos
nas chamas? Nas nossas lutas... nada é grave a não ser perder o amor” (Roger
Schutz).
ORAR
Um talento equivale a 26 quilos de ouro.
São talentos dados e não dotes naturais como aprendemos durante anos. O talento
é algo específico que Cristo nos deixou ao “ir-se”: os talentos são os seus
dons. Nesta parábola, trata-se do homem novo, da palavra de Deus, da fés, da
esperança e do amor. Trata-se do Espírito de Deus colocado em nossos corações.
E o que temos feito com isto? Temos semeado a Palavra, tocado alguém com a
nossa fé, colocado alguém em pé com a nossa esperança? Quanto de amor e amizade
temos dado e quais atos de coragem temos realizado conduzidos pela força do
Espírito? Não existem lugares fechados para a presença cristã. O espetáculo
mais deprimente é aquele oferecido por igrejas que escondem seu talento,
mascaram a fé e sepultam a Palavra ao reduzi-la a uma palavra humana para
realizar projetos mesquinhos. Igrejas que sufocam a visibilidade da Palavra
debaixo de um montão de palavreados sem que ela possa se converter em vida, em
gritos de justiça e que a inflacionam até transformá-la em celebração
triunfalista. Não há deformação mais vil do que a de uma igreja que se asila
para contemplar, satisfeita, os talentos recebidos e defendê-los com unhas e
dentes. Guardar não é o mesmo que semear
e o Senhor pretende colher onde deveríamos ter semeado, ou seja, por todas as
partes. A relação com Deus não pode ser servil e nem ser reduzida a uma
miserável contabilidade de tanto/quanto.
A mensagem de Jesus é clara: não ao
conservadorismo, a uma vida estéril sem nenhuma resposta viva ao Senhor. Não à obsessão pela segurança, mas sim ao esforço arriscado para
transformar o mundo. É muito tentador viver sempre evitando problemas, buscando
tranquilidade e não nos comprometermos com nada que nos possa complicar a vida:
não há melhor maneira de viver uma vida estéril, pequena e sem horizontes.
Corremos o risco de enaltecer a nossa fé infantil, apagar a vitalidade do
Evangelho, aniquilar o desígnio de Deus e a mensagem de amor aos que sofrem. O
teólogo Karl Barth escreve: “A fé em Cristo é o risco de todos os riscos, é
para todos o mesmo salto no vazio, mas é também a alegria e a promessa, o amor
e a vida. A fé é conversão, a radical orientação do homem que está desnudo
diante de Deus que para adquirir a pérola preciosa se torna pobre e que, por
amor, está pronto para perder a sua alma”.
CONTEMPLAR
Os trinta dinheiros (detalhe), 2003, Jean-Marie Pirot (Arcabas) (1926-), óleo sobre tela, ouro fino 23 ql.,
0,81 m x 0,65 m, Saint-Pierre de Chartreuse, França.
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