O
Caminho da Beleza 46
Leituras
para a travessia da vida
“O conceito de sabedoria é aquele
que reúne harmonicamente diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do
belo e, também, ao mesmo tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que
cria comunhão’, ‘uma beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).
“Quando recebia tuas palavras, eu as
devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não deixe cair a profecia”
(D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).
XXVII
Domingo do Tempo Comum 05.10.2014
Is
5, 1-7 Fl 4, 6-9 Mt 21, 33-43
ESCUTAR
“Vou
cantar para o meu amado o cântico da vinha de um amigo meu” (Is 5, 1-7).
“E a
paz de Deus, que ultrapassa todo o entendimento, guardará os vossos corações e
pensamentos em Cristo Jesus” (Fl 4, 7).
“Quando
chegou o tempo da colheita, o proprietário mandou seus empregados aos
vinhateiros para receber os seus frutos” (Mt 21, 34).
MEDITAR
“O verdadeiro problema
da Igreja é continuar com uma
resignação e um tédio cada vez maior pelos caminhos habituais de uma
mediocridade espiritual” (Karl Rahner).
“Senhor, faze que eu tenha fome e sede de justiça.
Faze que eu não seja apegado às pequenas coisas que me tranquilizam, a um status quo pelo qual me sinto
protegido... Que eu não perca nunca a esperança; que eu saiba contestar, em
nome desta esperança em Ti e no homem, todo imobilismo, toda conservação que
nega a ação incessante do teu Espírito!” (Ettore Masina).
ORAR
Somos chamados a sermos juízes do amante traído pela
vinha amada. O amado cuidou com toda dedicação da sua vinha, mas ela produziu
uvas selvagens. O amante esperava frutos bons para que os outros pudessem deles
usufruir; o seu amor e dedicação deveriam ser devolvidos em favor dos outros. A
canção de amor se converte numa denúncia áspera e cheia de questionamento: “O
que poderia eu ter feito a mais por minha vinha e não fiz?”. Somos nós a vinha
do Senhor que produzimos uvas selvagens da injustiça, do desamor e da mentira.
Apesar de tudo, o Senhor continua tentando nos atrair com canções de amor. A
lição do profeta cabe como uma luva para as igrejas que reclamam privilégios, outorgam
a si direitos, celebram triunfos passados, mas não produzem frutos de amor.
Jesus não pede nada de excepcional, apenas sugere, por meio do Espírito, o
possível que devemos produzir e o impossível que devemos esperar do Pai. A
Igreja de Jesus foi construída sobre uma pedra desprezada e, até hoje, ela se
sustenta sobre a pedra rejeitada e sobre tantas pessoas desprezadas. Paulo nos
evoca a produzir frutos verdadeiros, respeitáveis, justos, puros, amáveis,
honrados e dignos de louvor. São frutos que podem ser encontrados em outras
vinhas que sempre são vinhas do Senhor ainda que não tenham a placa oficial
pendurada na porta de entrada. A parábola nos exorta a que não criemos falsas
ilusões ao reivindicar um direito de propriedade sobre a salvação e a verdade.
Jesus não diz que a vinha será entregue às igrejas ou a uma nova instituição,
mas “a um povo que produzirá frutos”. O Reino de Deus está no povo que produz
frutos de justiça, de compaixão e que defende os sem direito e os sem voz.
“Povo de Deus é o que pratica a justiça em qualquer situação, tempo ou lugar” (Lumen Gentium 9). A maior tragédia que
pode suceder ao cristianismo é calar a voz dos profetas, que os sacerdotes se
intitulem donos da vinha do Senhor e que o Cristo seja posto de lado por
sufocarmos o seu Espírito. Não podemos jamais esquecer que se a Igreja não
responder às esperanças que pôs nela o Senhor, Ele abrirá novos caminhos de
salvação em povos que produzem frutos.
CONTEMPLAR
A Vinha Encarnada,
1888, Vincent van Gogh (1853-1890), óleo sobre tela, 75 cm x 93 cm, Museu
Pushkin, Moscou, Rússia.
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