segunda-feira, 6 de outubro de 2014

O Caminho da Beleza 47 - Nossa Senhora Aparecida

O Caminho da Beleza 47
Leituras para a travessia da vida


“O conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).



Nossa Senhora Aparecida                  12.10.2014
Est 5, 1b-2; 7, 2b-3                   Ap 12, 1-5                Jo 2, 1-11


ESCUTAR

“Concede-me a vida, eis o meu pedido, e a vida do meu povo, eis o meu desejo!” (Est 7, 3).

“Apareceu no céu um grande sinal” (Ap 12, 1).

“Eles não têm mais vinho” (Jo 2, 3).


MEDITAR

“A mesa em comum com o hóspede é o espaço em que o alimento é compartilhado, e o comer se torna ‘convívio’, ocasião de comunhão vital: é à mesa, à mesa compartilhada, que o ser humano tem a oportunidade, todas as vezes renovada, de se libertar do seu ser ‘devorador’ – do alimento e do outro – e de se tornar mais uma vez, a cada dia, uma pessoa de comunhão” (Enzo Bianchi).

“Soou a hora da história do mundo em que o amor do irmão homem, como problema e como realidade, une os cristãos e os não-cristãos. Eis porque também chegou a hora em que é necessário ver que o amor cristão, naquilo que tem de mais íntimo, ultrapassa o cristianismo: ultrapassa, derramando-se na extensão total do mundo. Mais do que isto, é necessário compreender que este movimento de superação constitui a essência do cristianismo” (Hans Urs von Balthasar).


ORAR

   O tema das Bodas é marcante em toda a nossa tradição judaico-cristã. Ele realça a dimensão amorosa e terna da Aliança do Senhor com a abundância proclamada pelo profeta Joel: “Acontecerá naquele dia que as serras estarão suando vinho novo, os morros escorrendo leite (Jl 4, 18). O evangelista revela que todo rito legalista é estéril. A água só se converte em vinho depois de retirada das talhas, pois antes era apenas uma água que lavava o exterior das pessoas que cumpriam a norma rígida da Lei. Jesus nos faz saber que não podemos jamais nos fechar num ritualismo legalista que endurece os corações e entristece os espíritos. Agora a água, transformada em vinho, é oferecida aos borbotões para todos na festa nupcial. Este vinho representa o cumprimento da promessa de abundância: “Vinde comer meus manjares e beber o vinho que misturei” (Pr 9, 4-5) e “Vinde a mim vós que me amais, e saciai-vos de meus frutos; recordar-me é mais doce do que o mel, possuir-me é melhor que os favos” (Eclo 24, 20-21). O vinho é a alegria do homem reconciliado consigo mesmo, com seu próximo e com seu Deus. A festa de Caná é o momento de um novo parto tanto para Jesus como para Maria que auxilia o rito de passagem de seu Filho que sai do silêncio para o início da vida pública. Confiante que o Filho, embriagado pelo Espírito, estava cumprindo a vontade do Pai, Maria ordena sem hesitar: “Fazei tudo o que ele vos disser”. Como escreve a psicanalista Françoise Dolto: “Talvez, tenha sido nesse momento, nas bodas de Caná, que Maria se tornou a Mãe de Deus!”. A água convertida em vinho é, simbolicamente, o novo parto em que a Mãe – água e sangue – gera o Filho para o mundo e para a vida em abundância – pão e vinho – sendo Ele mesmo a Vinha da qual somos os ramos. A essência deste milagre está na revelação de que Jesus tem compaixão pela necessidade dos outros e que o amor fraterno é sempre estar pronto a responder a estas necessidades, sejam quais forem. Com Maria se antecipa o milagre da fé pascal e se antecipa para nós, seus filhos e filhas, a mesma fé para que ninguém duvide de que Jesus seja capaz de renascer e expandir a alegria das Bodas do Cordeiro para toda a humanidade convidada, agora e sempre, para o Seu banquete nupcial. O gesto de entrega de Jesus será glorificado na Cruz como uma exaltação embriagada de amor e de amar que foi iniciada em Caná.


CONTEMPLAR

Bodas em Caná, 2014, Katie Hoffman, óleo sobre tela, 18” x 18”, Denver, Colorado, Estados Unidos.







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