O Caminho da Beleza 45
Leituras para a
travessia da vida
“O conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente
diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo
tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma
beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).
“Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu
prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara,
1999, dias antes de sua passagem).
XXVI Domingo do Tempo Comum 28.09.2014
Ez 18, 25-28 Fl 2, 1-5 Mt 21, 28-32
ESCUTAR
“Ouvi, vós da casa de Israel: é
a minha conduta que não é correta ou, antes, é a vossa conduta que não é
correta” (Ez 18, 25).
“Nada façais por competição ou
vanglória, mas, com humildade, cada um julgue que o outro é mais importante e
não cuide somente do que é seu, mas também do que é do outro” (Fl 2, 3-4).
“Em verdade vos digo que os
cobradores e as prostitutas vos precedem no reino de Deus” (Mt 21, 31).
MEDITAR
“Se eu fosse um demônio, para
tentar a um grupo religioso sério, pedir-lhe-ia que criasse muitas leis e
regras e que logo organizassem sua vida. Os membros desse grupo poderiam pensar
que a observância destas leis é o caminho para servir a Deus, mas gradualmente
Deus se retiraria. Logo após isto, em nome da busca da verdade, eles
propagariam essas leis mediante palavras e ideias... tudo isso em nome de Deus.
Pouco a pouco, eles mesmos tomariam o lugar de Deus” (Shigeto Oshida).
“Muitas pessoas esperam ser
muito mais santas e perfeitas estando às voltas com grandes coisas e grandes
palavras. Buscam e desejam muitas coisas, querendo também as possuir; não
obstante olharem tanto para si e para isso e aquilo, e pensarem estar se
empenhando atrás do recolhimento interior, não podem acolher uma palavra. Estejais verdadeiramente
certos de que essas pessoas estão longe de Deus e fora dessa união” (Mestre
Eckhart).
ORAR
O
profeta nos faz saber da nossa responsabilidade individual e cada um de nós é
responsável pelo momento presente,
dono do seu próprio destino e artífice do seu futuro. Se somos o que somos
devemos a nós mesmos. Se não somos o que queríamos ter sido não é justo
descarregar as culpas nos DNAs
familiares. É muito cômodo responsabilizar a sociedade, as estruturas, o
ambiente familiar e o sistema. Atualmente as pessoas não se arrependem nem do
bem e nem do mal que fazem e continuam sem se perguntar sobre os conteúdos da
vida e da direção que caminham. O Evangelho nos mostra dois filhos
arrependidos. O primeiro se arrependeu da afirmativa (“...mas não foi”); o
segundo, se arrependeu da negativa (“...mas depois se arrependeu e foi”). A
Igreja de hoje deve temer mais os consensos superficiais, as aprovações
entusiastas, as declarações que nada custam e as aclamações hipócritas. Muita
gente diz sempre Sim em qualquer
circunstância e em todas as partes. Toda obediência ostensiva é suspeita, pois
pode ser um recurso sutil para se esquivar das tarefas mais ingratas. Os
aplausos dificilmente abrem para um compromisso concreto e silencioso. Nós, cristãos
do século XXI, não inventamos absolutamente nada. Continuamos a viver numa
sociedade e em igrejas onde cada um busca o próprio interesse e o próprio
êxito; pisando uns sobre os outros para ascender em status e poder. A mensagem da parábola é clara: diante de Deus, o
importante não é falar, mas fazer. O decisivo não é prometer ou confessar, mas
cumprir a Sua vontade. A tradição rabínica repete: “Os justos dizem pouco e
fazem muito; os ímpios dizem muito e não fazem nada”. Os escribas falam
constantemente da Lei e o nome de Deus está sempre em seus lábios. Os
sacerdotes do Templo louvam a Deus sem descanso e suas bocas estão cheias de
salmos. Ninguém duvidaria de que estivessem fazendo a vontade do Pai. Mas as
coisas não são sempre como parecem. Os cobradores de impostos e as prostitutas
não falam a ninguém de Deus e Jesus tem compaixão para com eles. O Credo que
pronunciamos repetitivamente é inócuo se vivemos sem compaixão. Nossos pedidos
de paz e justiça são estéreis se nada fazemos para construir uma vida mais
digna para todos. Nós, cristãos, construímos magníficos sistemas de pensamento
para recolher a doutrina cristã com profundidade. No entanto, a verdadeira
vontade do Pai é vingada pelos que traduzem em atos de compaixão o Evangelho de
Jesus.
CONTEMPLAR
O
Bom Samaritano, 1885, Ferdinand Hodler (1853-1918), óleo sobre
tela, Museu de Arte Moderna de Zürich, Suíça.
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