O Caminho da Beleza 44
Leituras para a
travessia da vida
“O conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente
diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo
tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma
beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).
“Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu
prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara,
1999, dias antes de sua passagem).
XXV Domingo do Tempo Comum 21.09.2014
Is 55, 6-9 Fl 1, 20-24.27 Mt 20, 1-16
ESCUTAR
“Meus pensamentos não são como
os vossos pensamentos, e vossos caminhos não são como os meus caminhos, diz o
Senhor” (Is 55, 5-9).
“Só uma coisa importa: vivei à
altura do evangelho de Cristo” (Fl 1, 27).
“Por acaso não tenho o direito
de fazer o que quero com aquilo que me pertence?” (Mt 20, 15).
MEDITAR
“Deus meu, foi te buscando
Que alguém te encontrou,
Eu, ao contrário, te encontrei
fugindo de ti.
Foi mediante a busca que alguém
te achou,
Eu descobri que eras Tu quem
outorga a busca.
Tu mesmo eras o caminho que
permite chegar até Ti.
Tu eras o princípio e serás o
final.
Tu eras tudo e isso me basta.
Tudo mais é loucura”.
(Abdolah Ansari)
“Rabi Baruch procura um meio de
explicar que Deus é um companheiro de exílio, um solitário abandonado, um
estranho não reconhecido entre os homens. Um dia, seu neto brincava de
esconde-esconde com outro pequeno garoto. Ele se esconde, mas o outro desiste
de procurar e se vai. A criança vai até seu avô em lágrimas. Então, com os
olhos também cheios de lágrimas, Rabi Baruch se lamenta: ‘Deus diz a mesma coisa:
Eu me escondo, mas ninguém vem me procurar’” (Martin Buber).
ORAR
“Ide
para a minha vinha”, diz o Senhor e tudo se joga num instante, numa ocasião que
não se pode deixar passar. Se não abrirmos os olhos, nos colocarmos de pé e não
respondermos ao chamado, faltaremos ao encontro decisivo da nossa vida. Este é
o momento favorável e o dia da salvação (2 Cor 6, 2) e não haverá outros mais
favoráveis. Não podemos pedir “um tempo” para considerar a oferta, para avaliar
o convite e responder numa próxima vez. O Senhor nos quer encontrar hoje, pois
qualquer hora é hora para Ele desde que seja a hora do nosso Sim. Os caminhos do Senhor e seus
pensamentos podem não coincidir, rigorosamente, com os nossos. Ao encontrarmos
o Senhor a entrega há de ser inteira e despojada. Para encontrá-Lo, devemos, primeiro, renunciar aos nossos
pensamentos sobre Ele. A deformação da imagem de Deus é o perigo que correm as
pessoas religiosas. Quanto mais o Senhor se revela tanto mais se faz misterioso
e sempre sua revelação nos desconcerta e nos escandaliza. O chamado à vinha é
graça e o prêmio é dom, pois a alegria do Senhor é dar sem medida. Deus nos
fala da gratuidade e nós respondemos a Ele, falando da “justiça” com suas clausulas,
códigos e regras. A generosidade de Deus sempre cria problemas e, muitas vezes,
se torna um obstáculo para a fé e um perigo para a moral daqueles que rechaçam
os que consideram indignos e pecadores. A parábola não se dirige aos pecadores,
mas aos bons e justos que devem se questionar sobre suas reações diante dos
comportamentos surpreendentes e escandalosos de Deus. Não é fácil acreditar
nesta bondade insondável de Deus que nos fala Jesus. Podemos nos escandalizar
que Deus seja bom para com todos, mereçam ou não; sejam crentes ou agnósticos;
invoquem seu nome ou vivam de costas para Ele. Deus é assim e o melhor que
podemos e devemos fazer é deixar que Ele seja o que é, sem apequená-Lo com
nossas ideias, esquemas e frustrações.
CONTEMPLAR
À
Meia-Noite, 2005, Michael Triegel (1968-), técnica mista sobre MDF, 80
cm x 126,5 cm, coleção particular, Fundação São Mateus, Berlim, Alemanha.
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