O Caminho da Beleza 42
Leituras para a
travessia da vida
“O conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente
diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo
tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma
beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).
“Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu
prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara,
1999, dias antes de sua passagem).
XXIII Domingo do Tempo Comum 07.09.2014
Ez 33, 7-9 Rm 13, 8-10 Mt 18, 15-20
ESCUTAR
“Quanto a ti, filho do homem,
eu te estabeleci como vigia para a casa de Israel. Logo que ouvires alguma
palavra da minha boca, tu os deve advertir em meu nome” (Ez 33, 7).
“Não fiqueis devendo nada a
ninguém, a não ser o amor mútuo, pois quem ama o próximo está cumprindo a lei” (Rm
13, 8).
“Pois, onde dois ou três
estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí, no meio deles” (Mt 18, 20).
MEDITAR
“Para o voo ser inteiro é
preciso ter duas asas: a verdade e a sua transparência” (Guilherme Zamoner).
“Nossa experiência de Deus é
como o ato de nadar num eterno oceano de amor ou interagir com a presença
despercebida do ar: inspiramos amor e expiramos amor. Essa experiência é
onipresente, onisciente e onipotente. Jamais se esgota, sempre se expande.
Quando procuro descrever essa realidade, as palavras me falham, então
simplesmente digo o nome Deus” (John
Shelby Spong).
ORAR
“Não
fiqueis devendo nada a ninguém, a não ser o amor mútuo”. As dívidas mais
importantes e vitais que temos são dívidas de amor. Sempre estaremos em débito,
porque ao pagar as dívidas do presente as do futuro surgirão. O cristão sempre
ficará, por amor, a dever alguma coisa para alguém. O amor é um crédito que os
outros exibem diante de nós sempre e em todas as partes. Quando servimos os
pobres não fazemos mais do que pagar nossas dívidas de amor. O profeta nos
apela a sermos sempre sentinelas do amor. Não vigias da disciplina e da
intolerância e nem vigias que não dormem para acusar os inimigos, mas se tornam
sonolentos quando se trata de defender a prática do amor. O cristão age em
comunidade sob o signo da corresponsabilidade. Cada um é sentinela do seu irmão
para resgatar a prepotência assassina de Caim: “Sou eu o guarda do meu irmão?
Quem não ama é assassino e as vozes do sangue dos não-amados clamarão aos
céus”(Gn 4, 10). Ser sentinela não significa comportar-se como espião ou
polícia do outro, pois antes de criticar o próximo é necessário demonstrar
nosso cuidado, nossa atenção, e fazê-lo acreditar que é amado, apesar de tudo.
O amor, a paciência, a misericórdia e o respeito são a luz indispensável para a
correção fraterna dos nossos irmãos. Mais do que discipliná-lo é preciso
chamá-lo a deixar-se amar. A correção fraterna exige o abandono de qualquer superioridade,
pois todos partilhamos da mesma fragilidade e miséria. Nunca dizer: “Olha o que
você fez!”, mas “Veja o que somos capazes de fazer”. E para aquele que se auto-exclui
da comunidade devemos ainda mais amor. Na Igreja de Jesus não podemos estar por
inércia nem por costume ou medo. Devemos estar reunidos em seu nome e
alimentando-nos do seu Evangelho. Reunir-se em nome de Jesus é criar um espaço
para viver a existência em torno Dele e do Seu horizonte. Um espaço definido
não pelos limites das doutrinas, dos costumes e práticas, mas pelos horizontes
de amor. O cristão não conhece limites, mas horizontes. Devemos ser uma luz no
meio de uma Igreja debilitada pela rotina e paralisada pelos medos. A renovação
da Igreja começa sempre no coração de dois ou três crentes que se unem em nome
de Jesus: a presença de Deus está onde existe a presença fraterna. Meditemos em
nosso coração o livro dos Provérbios: “O homem cercado de muitos amigos tem
neles sua desgraça, mas existe um amigo mais unido que um irmão” (Pr 18, 24).
CONTEMPLAR
Acolhida
(detalhe), Eduardo Spiller, 1983, foto, Curitiba, Brasil.
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