O Caminho da Beleza 29
Leituras para a
travessia da vida
“O conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente
diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo
tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma
beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).
“Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu
prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara,
1999, dias antes de sua passagem).
Pentecostes 08.06.2014
At 2, 1-11 1 Cor 12, 3-7.13-13 Jo 20, 19-23
ESCUTAR
“Todos
ficaram confusos, pois cada um ouvia os discípulos falar em sua própria língua”
(At 2, 6).
“A
cada um é dada a manifestação do Espírito em vista do bem comum” (1 Cor 12, 7).
“E
depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: ‘Recebei o Espírito Santo’”
(Jo 20, 22).
MEDITAR
“Deve-se estar sempre
embriagado. Nada mais conta. Para não sentir o horrível fardo do Tempo que
esmaga os vossos ombros e vos faz pender para a Terra, deveis embriagar-vos sem
tréguas. Mas de quê? De vinho, de poesia ou de ternura, à vossa escolha. Mas
embriagai-vos. E se algumas vezes, nos degraus de um palácio, na erva verde de
uma vala, na solidão baça do vosso quarto, acordais já diminuída ou
desaparecida a embriaguez, perguntai ao vento, à vaga, à estrela, à ave, ao
relógio, a Deus, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a
tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai que horas são; e o vento, a
vaga, a estrela, a ave, o relógio e Deus vos responderão: ‘São horas de vos embriagardes!
Para não serdes os escravos martirizados do Tempo, embriagai-vos sem cessar! De
vinho, de poesia ou de ternura, à vossa escolha’” (Baudelaire).
“É isto, o espírito. Esta
capacidade de não submeter sua existência, mas de assumi-la no amor para fazer
dela uma oferenda luminosa e universal” (Maurice Zundel).
ORAR
Tentemos
deixar fluir ao menos uma vez na vida o sopro do Espírito no meio e dentro de
nós. Deixemos que sejam varridos das cabeças todos os símbolos do poder:
coroas, solideus, mitras com todas as máscaras e disfarces que ornam as
liturgias do poder. Permitamos que o sopro arranque as páginas dos nossos
códigos, que leve para o mais longe as sandices dos nossos discursos políticos,
sociais e religiosos e assistamos o fogo se ocupar de queimá-los para que nunca
mais pretendam dosificar a sua força. Com certeza, será um ganho para todos
nós. Ele não sopra para garantir a ordem, para avalizar decisões que
prejudiquem o Bem Comum e nem desempenha a função de juiz em nossos jogos com
as regras determinadas por nós e para o nosso sucesso. Façamos, ao menos uma
vez, com plena confiança no Espírito da Liberdade, a prova de acolher este
mesmo Espírito como elemento perturbador, verdadeira inspiração, desmonte das
regras fixadas de antemão e portador de coisas jamais vistas, ouvidas e
experimentadas antes. Tenhamos a coragem de sermos habitados pelo vento e pelo
fogo. É o Espírito de verdade que vem a nós e nos produz como homens e mulheres
que não temem as travessias plurais da vida. O Ressuscitado abre o futuro, abre
a porta e abre a esperança do possível. Pentecostes é a festa de todos os
possíveis. O Espírito acende em nós uma paixão e uma nova criação nasce de um
colossal incêndio que nos deixa enamorados e nos surpreende com as palavras
apaixonadas que por falso pudor nunca nos permitimos, publicamente, dizer. O
Espírito – vento e fogo – rompe os limites das alcovas e das salas e brinca, se
diverte e ri da nossa sisudez e pretensa seriedade. Vento e fogo são
incontroláveis, imprevisíveis e a nova aliança que trazem nos faz orbitar fora
de nós e encontrar os outros conhecidos e desconhecidos num abraço amoroso e
livre. Os discípulos foram considerados embriagados, pois novamente despertavam
entusiasmados para anunciar, em todas as línguas, as maravilhas do Senhor. Toda
a tentativa de administrar a ação do Espírito e falar em seu nome será um
contra senso. O Espírito de Jesus se encontra na oração, na solidariedade, no
perdão, na palavra comprometida e na misericórdia que superam todas as fórmulas
e as frases de conveniência, os conselhos moralizantes e as respostas
pré-fabricadas. Jesus nos fala de um pecado contra o Espírito que nunca terá
perdão. É a blasfêmia de conceder ao Espírito apenas um sussurro e uma sutil e
vigiada fissura ao invés de janelas e portas abertas dos corações. O pecado
irreparável é a pretensão de falar da coragem cristã e oferecer ao Espírito um
pouco menos da metade de todo o resto que concedemos ao medo e a angústia. O
pecado sem perdão é falar de Pentecostes sem nunca nos permitir experimentar e
viver até as últimas consequências a sua embriaguez.
CONTEMPLAR
Pentecostes, autor
não identificado, s. d., referência: http://www.cruzblanca.org/hermanoleon/sem/c/pasq/pentecostes/pentecostes02.jpg.
Queridos manos Pe. Paulo e Pe. Edu,
ResponderExcluirObrigado pela linda reflexão oferecida neste Pentecostes, data festiva para a Comunidade dos Manos da Terna Solidão!
Possamos abrir as janelas de nossos corações e mentes para o Espírito soprar livremente.
abraços,
Breno