segunda-feira, 26 de maio de 2014

O Caminho da Beleza 28 - Ascensão do Senhor

O Caminho da Beleza 28
Leituras para a travessia da vida


“O conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).



Ascensão do Senhor                  01.06.2014
At 1,1-11                   Ef 1, 17-23               Mt 28, 16-20



ESCUTAR

“João batizou com água; vós, porém, sereis batizados com o Espírito Santo dentro de poucos dias” (At 1,5).

“Ele manifestou sua força em Cristo, quando o ressuscitou dos mortos e o fez sentar-se à sua direita nos céus” (Ef 1,20).

“Eis que eu estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo ”(Mt 28, 20).



MEDITAR

“Importa pouco que vocês estejam ainda incertos do caminho que o Senhor vos chama a seguir; só importa isto: ter a certeza de que ele nos chama a realizar grandes coisas na vida, se nós depositamos totalmente a nossa confiança nele” (Carlo Maria Martini).

“Quando se formar em nós o desejo de seguir Jesus não nos espantemos se Ele não no-lo permitir, temporariamente ou sempre [...] Seguindo-O conforme o nosso desejo não conseguiríamos talvez senão o nosso bem ou o de um número restrito de pessoas. Com efeito, o Seu olhar alcança mais do que o nosso; Ele deseja, não apenas o nosso bem, mas também o de todos” (Charles de Foucauld).



ORAR

Com a Ascensão começa o tempo da Igreja. A novidade é que o Pai permanece conosco, pois não abandona a sua morada terrestre assumida com a encarnação do seu Filho. A mesmice do movimento está rompida. Não é mais chegada, permanência e partida, mas vinda e presença continuada de diversas formas. A palavra chave, a partir de agora, é IDE e PARTI. Não celebramos mais a partida do Mestre, mas a dos seus discípulos. O “poder” dado a Jesus é transferido para os que devem assegurar sua Presença no mundo. Somos convocados a fazer discípulos em todas as nações e não adestrá-las com e pela uniformidade das nossas catequeses que desprezam a diversidade das culturas. É mais do que necessário extirpar a visão equivocada em que fomos criados e ao invés de dizer, “Deus está conosco”, proclamar, “Deus está convosco!”. É uma cena de investidura: “Ide e fazei discípulos meus todos os povos”, ou seja, tornai verdadeira a presença de Jesus no mundo por meio do amor fraterno e comunitário. Nada nos resta dizer, mas apenas partir e agir para que a Boa Nova comece sua aventura no mundo. Somos filhos e herdeiros de muitas partidas: a de Abraão, a do Êxodo, de Maria até Isabel, a da fuga do Egito. Somos parceiros numa Igreja caminhante em que devemos ser sinais da presença de Deus no mundo e suscitar pelo testemunho silencioso o desejo de outros para o encontro com o Cristo. Não se trata de multiplicar as viagens, mas dar intensidade e visibilidade evangélica à própria existência. O grande risco, como tem acontecido, é ficarmos olhando para o céu e, pasmados, não mergulharmos para dentro de nós mesmos e encontrarmos o élan que nos faz partir imediatamente. É preciso partir, ir ao encontro dos outros na sua diversidade e pluralidade para descobrir num ponto qualquer do mundo, não um lugar “especial” para transformá-lo em peregrinação, mas o lugar, as pessoas e os rostos nos quais o Ressuscitado está presente na terra. Desde que ascendeu, Jesus tornou-se o Ausente da história e somos convidados e desafiados a decifrar, apaixonadamente, os seus traços, que nada tem de espetaculoso e pirotécnico, pois “doravante nossa vida está escondida em Deus com o Cristo” (Col 3, 4). Podemos, pelo tédio, desistir de caminhar. Podemos ainda cortar o caminho, queimar as etapas porque ele nos parece longo e nos deixa impacientes. Devemos gravar em nossas travessias que “a esperança não engana, porque o amor de Deus se infunde em nosso coração pelo dom o Espírito Santo” (Rm 5, 5). Seguir os traços de Jesus, mergulhar no seu mistério é, pouco a pouco, reconhecê-Lo na Palavra anunciada, na fração do pão e na prática do amor fraterno para que tenhamos a inabalável certeza de que Ele nos amou até o fim, até o extremo limite de Si mesmo.



CONTEMPLAR

Ascensão, Eric Gill, 1918, xilogravura, 140 x 89cm, Tate Gallery, Reino Unido.


Nenhum comentário:

Postar um comentário