segunda-feira, 23 de junho de 2014

O Caminho da Beleza 32 - São Pedro e São Paulo

O Caminho da Beleza 32
Leituras para a travessia da vida


“O conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).



São Pedro e São Paulo                         29.06.2014
At 12, 1-11                2 Tm 4, 6-8.17-18                        Mt 16, 13-19


ESCUTAR

“Levanta-te depressa!” (At 12, 7).

“O Senhor me libertará de todo mal e me salvará para o seu reino celeste” (2 Tm 4, 18).

“Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo” (Mt 16, 16).


MEDITAR

“Não é a crença que faz o homem, são os seus atos. Quando eu encontro alguém novo, não me pergunto sobre sua religião, sua prática ou seus ritos. Eu procuro saber quais são as relações que ele mantém com seus irmãos” (Soeur Emmanuelle).

“Há que pensar um pouco nos outros, há que trabalhar um pouco pelos outros. O que nos diria Deus se chegássemos até Ele uns sem os outros?” (Charles Péguy).


ORAR

A confissão de Pedro não exige nenhum cenário particular, nenhuma instituição e nenhum templo: ela se faz na precariedade e na urgência. Cesaréia está e estará em todos os lugares e a Igreja de Jesus sempre será confrontada com a mesma pergunta: “E vós quem dizeis que sou?” Jesus não deseja igrejas que apenas O recitem, mas que O confessem com palavras e gestos samaritanos. A confissão de Pedro não é uma lição de catecismo, mas um grito inspirado pelo Espírito Santo: “Meu coração e minha carne são um grito inspirado pelo Espírito Santo” (Sl 83, 3). Paulo confirma o salmista: “Ninguém pode dizer: Senhor Jesus! Se não é movido pelo Espírito Santo” (1 Cor 12, 3). Jesus não suporta nenhuma adesão à mentira deste mundo de aparências daqueles que “gostam de passear com longas túnicas, que os saúdem pela rua, dos primeiros assentos nos templos e dos melhores lugares nos banquetes” (Mc 1, 39). Ele apela para que renunciemos a encerrar Deus num sistema de crenças que nos leva a disputas para podermos nos abrir à miséria dos que são considerados pecadores e colocados à margem da comunidade eclesial. Jesus nos dá um exemplo extremamente intenso do que é viver na contínua presença do amor, do que é viver no único tempo verbal em que se pode estar com Deus: o presente. Nesta festa de hoje reconhecermo-nos católicos é vivermos o sentido literário de kath’holon – uns com os outros – ou seja, a comunhão universal do Reino. A Igreja de Jesus deve ser peregrina, hospitaleira, samaritana e em permanente êxodo. A Igreja de Jesus deve se converter numa Igreja do Perdão, pois o perdão foi dado tanto à negação de Pedro quando à perseguição de Paulo. Jesus é quem constrói a sua igreja ao chamar e reunir seus seguidores em torno de si. A Igreja é sua, nasce dele. E ela não é construída sobre a areia. Pedro será uma das pedras nesta construção permanente da comunidade eclesial não porque tenha a solidez e a firmeza de temperamento, pois por mais apaixonado e colérico que seja, é inconstante e inconsistente. Sua força repousa simplesmente em sua fé em Jesus Cristo. A Igreja de Jesus deve estar sempre aberta ao diálogo e à acolhida dos diferentes para que possa aprender com eles e beber da mesma busca de Deus. O Papa Bento XVI adverte: “Ao diálogo com as religiões deve acrescentar-se hoje, sobretudo, o diálogo com aquelas pessoas para quem a religião é uma realidade estranha, para quem Deus é desconhecido e, contudo, a sua vontade não é permanecer simplesmente sem Deus, mas aproximar-se Dele, pelo menos como Desconhecido” (Discurso dos bons votos de Natal para a Cúria Romana, 2009). Não temos o direito de construir uma identidade a partir da negação e da exclusão dos outros, dos diferentes de nós. Se assim o fizermos seremos apenas uma barca destroçada e encalhada nas correntes de nossas âncoras, presas em si e por si mesmas; uma barca impotente para avançar por mares nunca dantes navegados que apodrecerá com a sua proa encravada e imóvel (At 27, 41). Todo coração estagnado apodrece, toda vida limitada fenece, toda igreja defensiva e fechada em si mesma nunca vislumbrará o horizonte plural de Deus, pois bloqueia o fluxo do Espírito que suscita gestos que libertam onde melhor lhe aprouver. O papa Francisco adverte: “Quem somos nós para fechar as portas? Na Igreja antiga, e ainda hoje, temos o ministério do hostiário. E o que o hostiário fazia? Abria a porta, recebia as pessoas, fazia as pessoas passarem. Nunca houve o ministério de fechar a porta, nunca!” (Missa na Casa de Santa Marta, 12.5.2014).


CONTEMPLAR

Papa Francisco com um cordeiro sobre os ombros. AP Photo, Osservatore Romano, http://roma.repubblica.it, 01/06/2014.



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