O Caminho da Beleza 33
Leituras para a
travessia da vida
“O conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente
diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo
tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma
beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).
“Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu
prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara,
1999, dias antes de sua passagem).
XIV Domingo do Tempo Comum 06.07.2014
Zc 9, 9-10 Rm 8, 9.11-13 Mt 11, 25-30
ESCUTAR
“Eis
que vem teu rei ao teu encontro; ele é justo, ele salva; é humilde e vem
montado num jumento, um potro, cria de jumenta” (Zc 9, 9).
“Se
alguém não tem o Espírito de Cristo, não pertence a Cristo” (Rm 8, 9).
“Eu
te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondestes estas coisas aos
sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos” (Mt 11, 25).
MEDITAR
Eu
não quero Senhor nem ouro nem prata... Eu não procuro Senhor nem prazeres, nem
a alegria deste mundo... Eu não peço honras... Dai-me teu Espírito Santo, para
que ele ilumine meu coração, fortifique-me e me console em minha angústia e em
minha miséria (Martinho Lutero).
“O
homem jovem conhece a carne, o homem amadurecido conhece o coração” (Provérbio Massango,
Gabão).
ORAR
O Senhor vem montado num jumento e não é um rei
guerreiro como o esperado. São os reis que fazem ostentação de poder e se
impõem pelas armas. Jesus é manso, pacífico, humilde, mas quando desce do
jumento é um deus nos acuda: é invadido
por um furor sagrado e desencadeia um alvoroço no átrio do Templo. Ele é um
sinal de contradição. Algumas vezes fala de sua missão como espada, fogo, jugo,
sal que queima e suas palavras ao invés de carícias, parecem pedradas. Outras
vezes usa palavras tão meigas que parecem açucaradas. Aquele que usa o chicote
também se apresenta como manso e humilde. Jesus testemunha que a doçura não é
uma caraterística de pessoas passivas. Os plenos de ternura são dotados de uma
robusta espinha dorsal e mantêm a sua capacidade de indignar-se diante de
situações intoleráveis. O manso e humilde não é um resignado, um impotente, incapaz
de afrontar os desafios árduos que dele exigem uma posição inequívoca. Se não
estivermos prontos a gritar e a nos queimar por dentro de ternura ou
indignação, nunca poderemos falar de mansidão e doçura. Não existe doçura sem
força e somente o não-violento é forte. Os verdadeiros senhores do mundo são os
consumidos pela ternura e os que recebem, como dom, a plenitude da vida. Os
cansados e fatigados convidados por Jesus são os sobrecarregados com o peso de
leis interpretadas por uma visão rigorista; são desprezados pelos moralistas
religiosos e guardiões da intolerância que deformam a imagem de Deus ao
desfigurar os homens e mulheres submetidos ao seu jugo. Jesus nos apela a
sermos despenseiros da misericórdia e da generosidade que desbloqueiam as
consciências e as libertam. A ternura é a única conquista da qual é lícito
gabar-se e o único motivo de orgulho compatível com a humildade. A oração de
Jesus é, antes de mais nada, um cântico dos pequenos e pobres que revela os
segredos do seu coração. A oração é vida segundo o Espírito e por ela a
religião de preceito e da obrigação é substituída pela fé no amor de Deus.
Meditemos as palavras de São Bernardo de Claraval no seu sermão sobre o Cântico
dos cânticos: “A esposa diz que seu amado é um simples ramalhete de mirra e por
seu amor ela está pronta a considerar leve todo o sofrimento. Para mim que amo
é um punhado de flores, pois a força do amor vence as dores mais atrozes”
(Sermão sobre o Cântico 46, 1).
CONTEMPLAR
Cristo
escarnecido por um soldado, Carl Bloch, 1880, óleo sobre tela, Copenhagen,
Dinamarca.
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