O Caminho da Beleza 31
Leituras para a
travessia da vida
“O conceito de sabedoria é aquele que reúne harmonicamente
diversos aspectos: conhecimento, amor, contemplação do belo e, também, ao mesmo
tempo, uma ‘comunhão com a verdade’ e uma ‘verdade que cria comunhão’, ‘uma
beleza que atrai e apaixona’” (Francisco).
“Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu
prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara,
1999, dias antes de sua passagem).
XII Domingo do Tempo Comum 22.06.2014
Jr 20, 10-13 Rm 5, 12-15 Mt 10, 26-33
ESCUTAR
“Mas
o Senhor está ao meu lado como forte guerreiro; por isso, os que me perseguem
cairão vencidos. Por não terem tido êxito, eles se cobrirão de vergonha. Eterna
infâmia, que nunca se apaga!” (Jr 20, 11).
“O
dom gratuito concedido por meio de um só homem, Jesus Cristo, se derramou em
abundância sobre todos” (Rm 5, 15).
“Não
tenhais medo!” (Mt 10, 31).
MEDITAR
“Nós
deveríamos a cada instante ter o Senhor diante dos olhos. Nós deveríamos
executar cada ação sob os olhos plenos do amor e da benevolência de Deus. A
experiência de Deus é libertadora, ela dá força e cura. Ela me libera do medo e
do pavor face ao Inimigo” (Anselm Grün).
"O
medo é a extrema ignorância em momento muito agudo" (Guimarães Rosa).
ORAR
“Não temais!” é a invocação deste domingo ainda
que estejamos expostos a todos os riscos e vivamos num estado permanente de
conflitos e contradições. Jeremias testemunha que o Senhor lhe confia uma
palavra ardente, que corta a carne e arranca as falsas seguranças. O profeta
incomoda a tranquilidade alheia e por mais que o Senhor esteja ao seu lado como
forte guerreiro, Ele não intervém para livrá-lo dos golpes. Os discípulos do
Cristo estão sempre sob a proteção paterna de Deus, mas apesar disto, estão
expostos a todas as provas e tentações sem nenhuma imunidade divina. O Cristo
na Cruz se faz voluntariamente impotente e conserva somente o poder do amor e
do perdão. Deus não intervém e muito menos de fora, pois o risco do amor é a
debilidade e o desprezo. Quando o amor recorre à força para se fazer valer ou
recorre à lei para tutelar os seus direitos desmente-se a si mesmo. A única
razão do amor é o amor. O evangelho nos faz saber que o Pai está comprometido
em tudo o que nos acontece e está dentro de nós encarando conosco os golpes que
recebemos. A fé cristã não tem uma função de impermeabilizar. A fé cristã se
expõe e nesta exposição nos faz saber e sentir a presença providencial do
Senhor. No calvário, existe somente a Cruz e nela se encontram e cruzam o pecado
do homem e o dom de Deus que oferece o seu Filho único. O amor, ainda que
derrotado, continua dando tudo e sempre. Jesus quer libertar as pessoas do medo
e da angústia que se apodera delas quando em nosso coração cresce a
desconfiança, a insegurança e a falta de liberdade interior. O amor é sempre um
gesto que liberta. Jesus procurou, antes de mais nada, despertar a confiança no
coração das pessoas. Seu maior desejo era que elas vivessem em paz, sem medos e
angústias, pois onde cresce o medo perde-se de vista Deus, afoga-se a bondade
das pessoas, a vida se apaga e a alegria desaparece. Meditemos em nossos
corações as palavras de Paulo: “Quem nos afastará do amor de Cristo:
tribulação, angústia, perseguição, nudez, perigo, espada? Em todas essas
circunstâncias, somos mais que vencedores, graças àquele que nos amou” (Rm 8,
35-37). Uma comunidade cristã deve ser o lugar em que, vivendo a verdade, libertamo-nos
dos fantasmas, que são os nossos medos, para respirar a paz e viver a fraternidade
entranhada que nos torna possível, hic et
nunc, escutar o apelo de Jesus: “Não tenhais medo!”.
CONTEMPLAR
O
Grande São Miguel, Raffaello Sanzio, 1518, óleo transferido da
madeira para tela, 268 cm x 160 cm, Museu do Louvre, Paris, França.
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