quinta-feira, 5 de julho de 2012

O Caminho da Beleza 33 - XIV Domingo do Tempo Comum

O Caminho da Beleza 33
Leituras para a travessia da vida


A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).



XIV Domingo do Tempo Comum                08.07.2012
Ez 2, 2-5                  2 Cor 12, 7-10                    Mc 6, 1-6



ESCUTAR


“Assim diz o Senhor Deus: Quer te escutem, quer não – pois são um bando de rebeldes – ficarão sabendo que houve entre eles um profeta”(Ez 2, 4-5).


“Irmãos: para que a extraordinária grandeza das revelações não me ensoberbecesse, foi espetado na minha carne um espinho, que é como um anjo de Satanás a esbofetear-me, a fim de que eu não me exalte demais (...). Pois, quando eu me sinto fraco, é então que sou forte” (2 Cor 12, 7.10).


“Jesus lhes dizia: Um profeta só não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e familiares” (Mc 6, 4).



MEDITAR


“Ser um testemunho não implica fazer propaganda, nem despertar as pessoas, mas ser um mistério vivo. Isto significa viver de tal maneira que a nossa vida não teria nenhum sentido se Deus não existisse” (Cardeal Suhard).


“Nós falamos de amor, de liberdade, de felicidade, mas a menos que vejamos que nossas igrejas são lugares onde as pessoas são livres e corajosas, por que acreditaríamos nela?” (Timothy Radcliffe).



ORAR


Os textos das Escrituras deste Domingo nos conduzem a fazer um elogio da fraqueza: Ezequiel deve afrontar um povo rebelde; Paulo se debate com um espinho na carne e Jesus é desprezado e proscrito, em Nazaré, a sua própria terra. O profeta Ezequiel é incisivo: “E tu, filho de Adão, não tenhas medo deles, não tenhas medo do que disserem, mesmo quando te rodearem espinhos e te sentares sobre escorpiões” (Ez 2, 6). O Senhor não garante nenhum êxito, mas exige que se pronuncie a palavra, pois o seu resultado não depende da competência do profeta. A palavra do Senhor deve semear inquietudes e nenhum profeta pode reduzir a Palavra ao que as pessoas gostam de ouvir, pois a palavra profética é imperiosa, confrontadora e, na maioria das vezes, a sua glória vem da sua derrota. Jesus se depara com a mentalidade mais estreita, com a mesquinharia e com os preconceitos, mas sem se deixar bloquear ou paralisar por eles, “percorre os povoados da redondeza, ensinando”. Jesus dá o testemunho de que devemos nos libertar do entorno sufocante dos mesquinhos e semear a palavra em outra parte, em campos abertos onde sopra o vento que renova sempre o ar. Jesus testemunha ainda que o maior escândalo é o profeta que é sempre mais perseguido na sua própria terra, difamado pelos seus e proscrito pelos que O conheceram desde que nasceu: “Este homem não é o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? Suas irmãs não moram aqui conosco?”. É mais fácil acolher a Palavra de Deus quando ela aparece de uma maneira prodigiosa; é muito mais difícil reconhecê-la na fragilidade e fraqueza de um homem. No entanto, ao profeta é perdoada a inteligência – “muitos que o escutavam ficaram admirados” -, mas nunca serão perdoados os desafios lançados e os transtornos que sua palavra causa. A palavra profética torna-se perigosa quando ameaça a estabilidade, a ordem existente e os equilíbrios enganosos. O profeta não teme a solidão e continuará a proclamar em alta voz, quase aos gritos, a Palavra. Ele assim o fará para que não ceda ao cansaço e ao desânimo; para que ele mesmo se converta sempre cada vez que a ouve sair da sua garganta, comprometendo a sua vida e existência. O verdadeiro profeta não se preocupa quando os ouvintes se afastam e, mesmo que não sobre ninguém, continuará a proclamar a Palavra. Deixemos gravado em nosso coração o poema de Drummond, musicado e cantado, profeticamente, por Milton Nascimento: “Eu preparo uma canção que faça acordar os homens e adormecer as crianças”.



CONTEMPLAR



Cristo escarnecido por soldados, Georges Rouault, 1932, óleo sobre tela, 92,1 cm x 72,4 cm, Museu de Arte Moderna, Nova York, Estados Unidos.






Um comentário:

  1. gostei da leitura. reflexão interessante sobre a beleza e seu significado. ainda refletindo. abraços, turma.

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