O Caminho da Beleza 33
Leituras para a travessia da vida
“A
beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de
nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus
porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca
do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).
“Quando
recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha
íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não
deixe cair a profecia” (D.
Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).
XIV Domingo do Tempo Comum 08.07.2012
Ez 2, 2-5 2 Cor 12, 7-10 Mc 6, 1-6
ESCUTAR
“Assim diz o Senhor Deus: Quer te escutem, quer não – pois são um
bando de rebeldes – ficarão sabendo que houve entre eles um profeta”(Ez 2, 4-5).
“Irmãos: para que a extraordinária grandeza das revelações não me
ensoberbecesse, foi espetado na minha carne um espinho, que é como um anjo de
Satanás a esbofetear-me, a fim de que eu não me exalte demais (...). Pois,
quando eu me sinto fraco, é então que sou forte” (2 Cor 12, 7.10).
“Jesus lhes dizia: Um profeta só não é estimado em sua pátria, entre
seus parentes e familiares” (Mc 6, 4).
MEDITAR
“Ser um testemunho não implica fazer propaganda, nem despertar as
pessoas, mas ser um mistério vivo. Isto significa viver de tal maneira que a
nossa vida não teria nenhum sentido se Deus não existisse” (Cardeal Suhard).
“Nós falamos de amor, de liberdade, de felicidade, mas a menos que
vejamos que nossas igrejas são lugares onde as pessoas são livres e corajosas,
por que acreditaríamos nela?” (Timothy Radcliffe).
ORAR
Os textos das Escrituras deste Domingo nos conduzem
a fazer um elogio da fraqueza: Ezequiel deve afrontar um povo rebelde; Paulo se
debate com um espinho na carne e Jesus é desprezado e proscrito, em Nazaré, a
sua própria terra. O profeta Ezequiel é incisivo: “E tu, filho de Adão, não
tenhas medo deles, não tenhas medo do que disserem, mesmo quando te rodearem
espinhos e te sentares sobre escorpiões” (Ez 2, 6). O Senhor não garante nenhum
êxito, mas exige que se pronuncie a palavra, pois o seu resultado não depende
da competência do profeta. A palavra do Senhor deve semear inquietudes e nenhum
profeta pode reduzir a Palavra ao que as pessoas gostam de ouvir, pois a
palavra profética é imperiosa, confrontadora e, na maioria das vezes, a sua
glória vem da sua derrota. Jesus se depara com a mentalidade mais estreita, com
a mesquinharia e com os preconceitos, mas sem se deixar bloquear ou paralisar
por eles, “percorre os povoados da redondeza, ensinando”. Jesus dá o testemunho
de que devemos nos libertar do entorno sufocante dos mesquinhos e semear a
palavra em outra parte, em campos abertos onde sopra o vento que renova sempre
o ar. Jesus testemunha ainda que o maior escândalo é o profeta que é sempre
mais perseguido na sua própria terra, difamado pelos seus e proscrito pelos que
O conheceram desde que nasceu: “Este homem não é o carpinteiro, filho de Maria
e irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? Suas irmãs não moram aqui
conosco?”. É mais fácil acolher a Palavra de Deus quando ela aparece de uma
maneira prodigiosa; é muito mais difícil reconhecê-la na fragilidade e fraqueza
de um homem. No entanto, ao profeta é perdoada a inteligência – “muitos que o
escutavam ficaram admirados” -, mas nunca serão perdoados os desafios lançados
e os transtornos que sua palavra causa. A palavra profética torna-se perigosa
quando ameaça a estabilidade, a ordem existente e os equilíbrios enganosos. O
profeta não teme a solidão e continuará a proclamar em alta voz, quase aos
gritos, a Palavra. Ele assim o fará para que não ceda ao cansaço e ao desânimo;
para que ele mesmo se converta sempre cada vez que a ouve sair da sua garganta,
comprometendo a sua vida e existência. O verdadeiro profeta não se preocupa
quando os ouvintes se afastam e, mesmo que não sobre ninguém, continuará a
proclamar a Palavra. Deixemos gravado em nosso coração o poema de Drummond,
musicado e cantado, profeticamente, por Milton Nascimento: “Eu preparo uma
canção que faça acordar os homens e adormecer as crianças”.
CONTEMPLAR
Cristo escarnecido por soldados,
Georges Rouault, 1932, óleo sobre tela, 92,1 cm x 72,4 cm, Museu de Arte
Moderna, Nova York, Estados Unidos.
gostei da leitura. reflexão interessante sobre a beleza e seu significado. ainda refletindo. abraços, turma.
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