segunda-feira, 30 de julho de 2012

O Caminho da Beleza 37 - XVIII Domingo do Tempo Comum

O Caminho da Beleza 37
Leituras para a travessia da vida


A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).


XVIII Domingo Tempo Comum                   05.08.2012
Ex 16, 2-4.12-15                Ef 4, 17.20-24                    Jo 6, 24-35


ESCUTAR

“Ao anoitecer, comereis carne e, pela manhã, vos fartarei de pão. Assim sabereis que eu sou o Senhor vosso Deus” (Ex 16, 12).

“Revesti o homem novo, criado à imagem de Deus, em verdadeira justiça e santidade” (Ef 4, 17.20-24).

“Em verdade, em verdade vos digo, estais me procurando não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e ficastes satisfeitos” (Jo 6, 26).


MEDITAR

“Em nossos dias, não sabemos mais o que o homem é porque não sabemos mais quem é Deus. Não queremos saber mais o que o homem é porque não queremos mais saber quem é Deus” (Cardeal Lustiger).

“Para que nos serve caminhar por caminhos difíceis e trabalhosos? O repouso não está onde vós procurais. Procurais a vida feliz na região da morte. Ela não está lá. Como poderia existir uma vida feliz lá onde nem há mesmo vida?” (Santo Agostinho).


ORAR

Existem buscas que são equivocadas desde o início e, tantas vezes, buscamos Jesus por razões que nada tem a ver com Ele. As mais perigosas são estas buscas redutivas, limitadas e mesquinhas. Jesus reprova os que não desejam outra coisa a não ser o alimento suficiente para contentarem-se ou aqueles que querem fazer Dele um rei para que sejam resolvidos os seus problemas econômicos e se realizem os seus sonhos nacionalistas. Jesus convida para a descoberta de outra fome e outra sede. Na sua cegueira imediatista, as pessoas insaciáveis não se deram conta do sinal acontecido. Encheram seus estômagos, retiveram o milagre como um meio de matar a fome e passaram ao largo da misericórdia do Pai. Não foram além da necessidade de um rei padeiro que lhes forneceria, sem cessar e sem nenhum custo, o pão de cada dia. E, apesar de tudo o que viram, exigem mais um sinal para que possam Nele acreditar e para que provasse a Sua autoridade. Jesus não lhes dá nenhum outro sinal e proclama: “EU SOU o pão da vida”. O mesmo EU SOU da revelação de Deus a Moisés: “EU SOU AQUELE QUE É e disse mais: ‘Assim dirás aos israelitas: EU SOU me enviou até vós’” (Ez 3, 14). É assim que Jesus se revela sempre. Ao curar o cego: “EU SOU a luz do mundo”; ao ressuscitar o amigo Lázaro: “EU SOU a ressurreição e a vida”; na sua despedida antes de voltar ao Pai: “EU SOU o caminho” e, finalmente, quando pela sua entrega total vai derramar o seu sangue: “EU SOU a verdadeira vinha”. O evangelista fala de sinais e não de milagres. O milagre tem o perigo de se paralisar num ponto fixo de deslumbramento que pode bloquear cada um de nós no assombro e no entusiasmo artificial. Os sinais são pontos interrogativos que nos obrigam a superar a materialidade dos fatos, a exterioridade deles, para captar a mensagem secreta e nos colocarmos perguntas fundamentais sobre a pessoa e a missão de Jesus. No entanto, o sinal não desemboca diretamente na fé. A ela só chegamos por meio do encontro com a Palavra. Jesus nos chama a uma superação permanente das posições cristalizadas, defendidas com unhas e dentes, e que nos impedem de nos convertermos em discípulos. Temos preferido manter a prudência, esta virtude muito utilizada nas igrejas, e continuar plantados em território conhecido e, por esta razão, nunca descobriremos que é somente do outro lado da fronteira que a palavra pode penetrar em nós : “Consta-me que sois da linhagem de Abraão; porém tentais matar-me por que a minha palavra não penetra em vós”(Jo 8, 37). Precisamos extirpar da nossa memória a nostalgia do maná que impede de morrer de fome, para acolher o Pão que garante a vida. Jesus propõe a lei da superação e continuamos a preferir os gestos conciliatórios que deixam tudo como está. Como diz a linguagem popular: “Trocamos, sempre, seis por meia dúzia”. Ao caminho novo da liberdade proposto por Jesus, temos respondido com a nostalgia da escravidão. Escutemos um judeu, como Jesus, que fez eco à reciprocidade do amor e da vida: “Se pressupomos o homem como homem e sua relação com o mundo como uma relação humana, só se por trocar amor por amor, confiança por confiança, etc. (...) Se amas sem despertar amor, isto é, se teu amor enquanto amor, não produz amor recíproco, se mediante tua exteriorização de vida como homem amante não te convertes em homem amado, teu amor é impotente, uma desgraça” (Karl Marx, Manuscritos Econômicos e Filosóficos).


CONTEMPLAR

A Última Ceia, Sieger Köder, Alemanha, 1989.




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