sexta-feira, 20 de julho de 2012

O Caminho da Beleza 35 - XVI Domingo do Tempo Comum

O Caminho da Beleza 35
Leituras para a travessia da vida


A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).



XVI Domingo do Tempo Comum                22.07.2012
Jr 23, 1-6                 Ef 2, 13-18              Mc 6, 30-34



ESCUTAR


“Vós dispersastes o meu rebanho, e o afugentastes e não cuidastes dele. E eu reunirei o resto de minhas ovelhas de todos os países para onde foram expulsas e as farei voltar a seus campos, e elas reproduzirão e multiplicarão. Suscitarei para elas novos pastores que as apascentam; não sofrerão mais o medo e a angústia, nenhuma delas se perderá, diz o Senhor” (Jr 23, 2-4).


“Ele, de fato, é a nossa paz: do que era dividido, ele fez uma unidade. Em sua carne ele destruiu o muro de separação: a inimizade” (Ef 2, 14).


“Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor” (Mc 6, 34).



MEDITAR


“Se a Igreja for se apresentar como instituição de poder, ou sistema ideológico ou simples tradição religiosa, as pessoas não encontrarão mais nela as respostas para as suas verdadeiras ou mais profundas perguntas. Esta é uma das razões decisivas para o abandono do Cristianismo: seu modelo de vida, como parece claro, não convence. Parece limitar o homem em tudo, estragar a sua alegria de viver, limitar a sua liberdade tão preciosa e conduzi-lo não ao mar aberto, mas à angústia e ao sufocamento” (Bento XVI).


“Nós amamos a vida e nada somos. Ancoramos no amor e não amamos a não ser o que somos. E o que somos?” (Carlos Nejar).



ORAR


O profeta é incisivo e denuncia os pastores que dispersaram e afugentaram o rebanho; não tomaram conta dele e, agora, o próprio Deus o fará, dando novos pastores para que o rebanho não sofra mais de angústia e de medo. O Senhor revela que o pecado maior é descuidar das pessoas e da atenção que cada uma merece: “nenhuma delas se perderá”. Nosso pesado aparato burocrático nos deixa pouco tempo para as pessoas. Somos conclamados a orar pedindo pastores, mas esquecemos de que nada adiantará se nos faltam ovelhas numa messe quase nula e de idade avançada. Paulo é enfático e proclama que Cristo derrubou o ódio que era o muro que nos separava; não só os muros de pedra, mas os muros de defesa e exclusão. Cristo aniquilou todos os muros pelo primado do amor manifestado na sua morte violenta na cruz. A exigência radical do amor supera toda “a Lei com seus mandamentos e decretos” e destrói a inimizade aninhada no coração de cada um. Jesus nos apela, cotidianamente, a impedir que a vida se apague por causa de um ativismo sem alma que não liberta as forças vitais, mas as consome e as esgota: “havia, de fato, tanta gente chegando e saindo que não tinham tempo nem para comer”. O seguimento de Jesus implica em aceitar que seremos incomodados em nossos planos e em nossas lógicas individuais e, às vezes, excludentes. Não podemos negar a compaixão e nem subordinar a dor das pessoas ao ritmo dos nossos expedientes individuais para que não transformemos nossos irmãos e irmãs num estorvo que nos impedirá de reconhecer neles o Cristo Ressuscitado que nos interpela a todo instante: “Tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber, era estrangeiro e me acolheste, estava nu e me vestiste, estive enfermo e cuidaste de mim, preso e fostes ver-me” (Mt 25, 35-36). Devemos nos entregar inteiros, mas precisamos nos subtrair por um momento para esta aparente atividade improdutiva que é a oração. Jesus ensina que a solidão é um meio privilegiado de comunhão. Não podemos nos converter em pastores incapazes de apascentar porque nos autocondenamos ao esgotamento estéril e patético dos que, a todo custo, só sabem perseguir e correr atrás das ovelhas. Jesus revela que o pastor só perde suas ovelhas quando perde algo dentro de si mesmo e, então, os elos se rompem, voltam a serem erguidos os muros da separação, pois foi perdida a dinâmica do élan vital com o Pai, pelo Filho no Espírito Santo. Uma vida cristã é um aprendizado de estar com o coração aberto a todo instante. Jesus nos precedeu percorrendo as estradas poeirentas, entrando nas cidades, fazendo o bem, acolhendo os párias, sentando com os pobres e comendo à mesa com os pecadores. Jesus sofreu a malícia e os sarcasmos dos poderes religiosos e imperiais. Jesus testemunhou que fracassar não é crime e nem pecado. O crime e o pecado são, orgulhosamente, contentarmo-nos com os objetivos medíocres em toda a nossa travessia. Vamos tentar, mais uma vez, ensinar nossos jovens e as futuras gerações a destruir os muros da inimizade e as fronteiras da intolerância e, com ousadia, esperança e risco, fazê-los arrancar o grito preso na garganta e parado no ar: “Deixem o sol entrar!”.



CONTEMPLAR


Foto-montagem, autoria desconhecida, s.d.













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