O Caminho da Beleza 28
Leituras para a travessia da vida
“A
beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de
nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus
porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca
do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).
“Quando
recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha
íntima alegria” (Jr 15, 16).
“Não
deixe cair a profecia” (D.
Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).
Santíssima Trindade 03.06.2012
Dt 4, 32-34.39-40 Rm 8,14-17 Mt 28, 16-20
ESCUTAR
“Reconhece, pois, hoje e grava-o
em teu coração, que o Senhor é o Deus lá em cima do céu e cá embaixo na terra,
e que não há outro além dele” (Dt 4, 39).
“Todos aqueles que se deixam
conduzir pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. De fato, vós não recebestes
um espírito de escravos, para recairdes no medo, mas recebestes um espírito de
filhos adotivos, no qual todos nós clamamos: Abbá – ó Pai! O próprio Espírito
se une ao nosso espírito para nos atestar que somos filhos de Deus” (Rm 8,
14-16).
“Eis que eu estarei convosco
todos os dias, até ao fim do mundo” (Mt 28, 20).
MEDITAR
“A Divindade é em sua onisciência
e onipotência como uma roda, um círculo, um todo que não pode nem ser
compreendido, nem dividido, nem iniciado e nem finalizado (...) Deus os abraça.
Vocês são circundados pelos braços do mistério de Deus” (Hildegard von Bingen)
“No próprio instante em que
recusamos a acumulação dos prazeres, a satisfação dos nossos interesses
particulares para suprir o que falta aos nossos irmãos e irmãs em humanidade,
nós preenchemos o vazio de nossa alma. Somos enriquecidos do que há de mais
sagrado em nós” (Soeur Emmanuelle).
ORAR
A solenidade
de hoje oferece a oportunidade de reafirmar uma dimensão essencial da vida: o
sentido do mistério. Deus fala a linguagem dos homens e semeia em seus caminhos
sinais para provocá-los a mergulhar num território que lhes é desconhecido,
imprevisível e não programado. Deus nos apela à descoberta do infinito, o
momento inefável em que não conseguimos falar nada porque não há nada a dizer.
Quanto mais Deus se revela tanto mais aparece misterioso para que O busquemos,
pois Ele não está longe, mas escondido: “É verdade: Tu és o Deus escondido” (Is
45, 15). Deus quer que saiamos da obscuridade das certezas tranquilizadoras em
direção à luz do mistério. Deus se faz conhecer por meio de sua atuação em nós:
é um Deus-para-nós e é Ele quem nos escolhe: “Feliz o povo que o Senhor
escolheu por sua herança” (Sl 32). Paulo afirma que o Deus-para-nós é também um
Deus-em-nós, um Deus que colocou a sua morada no coração dos homens e mulheres
para que O chamem de Pai. O evangelista desvela outra dimensão do mistério
trinitário: o Deus-conosco que afirma a sua presença no meio de nós “todos os
dias até ao fim do mundo”. Deus se faz Caminhante em Cristo e o Cristo converte
seus amigos e amigas em caminhantes. A Igreja de Jesus é peregrina, romeira,
samaritana para manifestar o Deus-conosco e indicar que o mistério não é uma
realidade estática, mas dinâmica. O mistério trinitário se revela para nós como
um Deus-para-nós, um Deus-em-nós e um Deus-conosco. Um mistério cuja realidade
não está confinada nos céus da abstração e nem nas elucubrações teológicas, mas
que nos toca de perto e dá sentido à nossa vida cotidiana. O mistério
trinitário está em nós como pertença, participação e missão e, entrelaçado na
nossa existência, nos faz viver em permanente busca. A solenidade de hoje é a
celebração da presença de Deus na História e na comunidade eclesial. Deus está
no íntimo dos homens e mulheres que se tornam templos do Espírito Santo e Seus
filhos e filhas (Rm 8, 9.14). A dinâmica da Trindade é o Amor e uma eterna
comunicação, pois não existe nem um olhar-para-si,
mas sempre e eternamente um olhar-para-o-outro
e porque a grandeza desta dança eterna consiste no dom de si mesmo. Meditemos
as palavras do dominicano Eckhart escritas no século XIV: “O Pai sorri para o
Filho e o Filho sorri para o Pai e o sorriso faz nascer o prazer, o prazer faz
nascer a alegria e a alegria faz nascer o amor”.
CONTEMPLAR
Trindade, ícone
anônimo, 1680, têmpera sobre madeira, 180 x 140 cm, Mosteiro Catedral da
Ascensão, Kremlin, Moscou, Rússia.
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