segunda-feira, 28 de maio de 2012

O Caminho da Beleza 28 - Santíssima Trindade

O Caminho da Beleza 28
Leituras para a travessia da vida


A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).



Santíssima Trindade                03.06.2012
Dt 4, 32-34.39-40                        Rm 8,14-17                         Mt 28, 16-20


ESCUTAR

“Reconhece, pois, hoje e grava-o em teu coração, que o Senhor é o Deus lá em cima do céu e cá embaixo na terra, e que não há outro além dele” (Dt 4, 39).

“Todos aqueles que se deixam conduzir pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. De fato, vós não recebestes um espírito de escravos, para recairdes no medo, mas recebestes um espírito de filhos adotivos, no qual todos nós clamamos: Abbá – ó Pai! O próprio Espírito se une ao nosso espírito para nos atestar que somos filhos de Deus” (Rm 8, 14-16).

“Eis que eu estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo” (Mt 28, 20).


MEDITAR

“A Divindade é em sua onisciência e onipotência como uma roda, um círculo, um todo que não pode nem ser compreendido, nem dividido, nem iniciado e nem finalizado (...) Deus os abraça. Vocês são circundados pelos braços do mistério de Deus” (Hildegard von Bingen)

“No próprio instante em que recusamos a acumulação dos prazeres, a satisfação dos nossos interesses particulares para suprir o que falta aos nossos irmãos e irmãs em humanidade, nós preenchemos o vazio de nossa alma. Somos enriquecidos do que há de mais sagrado em nós” (Soeur Emmanuelle).


ORAR

A solenidade de hoje oferece a oportunidade de reafirmar uma dimensão essencial da vida: o sentido do mistério. Deus fala a linguagem dos homens e semeia em seus caminhos sinais para provocá-los a mergulhar num território que lhes é desconhecido, imprevisível e não programado. Deus nos apela à descoberta do infinito, o momento inefável em que não conseguimos falar nada porque não há nada a dizer. Quanto mais Deus se revela tanto mais aparece misterioso para que O busquemos, pois Ele não está longe, mas escondido: “É verdade: Tu és o Deus escondido” (Is 45, 15). Deus quer que saiamos da obscuridade das certezas tranquilizadoras em direção à luz do mistério. Deus se faz conhecer por meio de sua atuação em nós: é um Deus-para-nós e é Ele quem nos escolhe: “Feliz o povo que o Senhor escolheu por sua herança” (Sl 32). Paulo afirma que o Deus-para-nós é também um Deus-em-nós, um Deus que colocou a sua morada no coração dos homens e mulheres para que O chamem de Pai. O evangelista desvela outra dimensão do mistério trinitário: o Deus-conosco que afirma a sua presença no meio de nós “todos os dias até ao fim do mundo”. Deus se faz Caminhante em Cristo e o Cristo converte seus amigos e amigas em caminhantes. A Igreja de Jesus é peregrina, romeira, samaritana para manifestar o Deus-conosco e indicar que o mistério não é uma realidade estática, mas dinâmica. O mistério trinitário se revela para nós como um Deus-para-nós, um Deus-em-nós e um Deus-conosco. Um mistério cuja realidade não está confinada nos céus da abstração e nem nas elucubrações teológicas, mas que nos toca de perto e dá sentido à nossa vida cotidiana. O mistério trinitário está em nós como pertença, participação e missão e, entrelaçado na nossa existência, nos faz viver em permanente busca. A solenidade de hoje é a celebração da presença de Deus na História e na comunidade eclesial. Deus está no íntimo dos homens e mulheres que se tornam templos do Espírito Santo e Seus filhos e filhas (Rm 8, 9.14). A dinâmica da Trindade é o Amor e uma eterna comunicação, pois não existe nem um olhar-para-si, mas sempre e eternamente um olhar-para-o-outro e porque a grandeza desta dança eterna consiste no dom de si mesmo. Meditemos as palavras do dominicano Eckhart escritas no século XIV: “O Pai sorri para o Filho e o Filho sorri para o Pai e o sorriso faz nascer o prazer, o prazer faz nascer a alegria e a alegria faz nascer o amor”.


CONTEMPLAR

Trindade, ícone anônimo, 1680, têmpera sobre madeira, 180 x 140 cm, Mosteiro Catedral da Ascensão, Kremlin, Moscou, Rússia.


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