terça-feira, 8 de maio de 2012

O Caminho da Beleza 25 - VI Domingo da Páscoa

O Caminho da Beleza 25
Leituras para a travessia da vida


A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual brota o tronco de nossa paz e os frutos da nossa esperança. A beleza é também reveladora de Deus porque, como Ele, a obra bela é pura gratuidade, convite à liberdade e arranca do egoísmo” (Bento XVI, Barcelona, 2010).

Quando recebia tuas palavras, eu as devorava; tua palavra era o meu prazer e minha íntima alegria” (Jr 15, 16).

“Não deixe cair a profecia” (D. Hélder Câmara, 1999, dias antes de sua passagem).



VI Domingo da Páscoa             13.05.2012
At 10, 25-26.34.35.44-48                     1 Jo 4, 7-10             Jo 15, 9-17


ESCUTAR

“Deus não faz distinção entre as pessoas. Pelo contrário, ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença” (At 10, 34).

“Amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece Deus. Quem não ama, não chegou a conhecer a Deus, pois Deus é amor” (1 Jo 4, 7-8).

“Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi e vos designei para irdes e para que produzais fruto e o vosso fruto permaneça. O que pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo concederá. Isto é o que vos ordeno: amai-vos uns aos outros” (Jo 15, 16-17).


MEDITAR

“Nossa comunhão não constrói muralhas que separam e aprisionam numa torre de marfim, mas coloca-nos a serviço do Reino de Deus na construção de um mundo fraterno. Nossa comunhão não é somente para o momento de uma missa, pois ela é a atitude mais essencial da nossa vida e ela mesma é o sinal maior do Reino de Deus realizado em nosso mundo. Nossa fraternidade é o sacramento da presença e da ação de Deus” (D. Pierre Claverie, op).

“Uma pessoa má pode fazer dez mil vezes mais dano do que uma fera, porque nós podemos usar nossa razão para tramar muitos e diversos males” (S. Tomás de Aquino).


ORAR

Deus se antecipa sempre aos nossos itinerários, descobertas e decisões. Ele nos elegeu por primeiro e nos precede no amor. Sempre chegaremos atrasados aos encontros com Deus ainda que apressemos os passos. A descoberta vital de Pedro de que o Senhor não faz distinção entre as pessoas é o sinal mais evidente dos nossos atrasos para os encontros de amor fraterno. E o que nos atrasa é o fato de termos os nossos pés atolados no lamaçal dos preconceitos que nos impede de nos abandonar, em confiança, às impensáveis trajetórias do Espírito. Mais do que nunca, é necessário exorcizar o medo do diferente e aprender que Deus se move no espaço ilimitado de todos. Na entrada de um mosteiro encontramos uma placa com os seguintes dizeres: “O primeiro gesto ao nos aproximarmos de outro povo, de outra cultura e de outra religião é ficarmos descalços, porque o lugar do qual nos aproximamos é sagrado. Senão estaremos esmagando os sonhos dos outros ao esquecer que Deus ali estava antes mesmo de nós chegarmos”. João reafirma que a origem e o conteúdo da missão é o amor: o amor do Pai funda a missão do Filho e o amor do Cristo faz brotar, no Espírito, a missão dos discípulos. Este amor revelado pelo Cristo é um amor universal e a nós não cabe nenhuma mentalidade elitista, sectária e discriminatória. Somos chamados, na liberdade do Espírito de Jesus, a entrar em casas diversas e a sentarmos à mesa dos homens e das mulheres, pois o Espírito do Senhor entrega os seus dons sem pedir, antecipadamente, informações, cadastros, senhas e atestados de boa conduta. O mundo plural e diverso é o lugar privilegiado e amado de Sua morada. Pedro recusa qualquer privilégio: “Sou apenas um homem”. E nos testemunha que somente sendo um homem como os outros é que poderemos nos encontrar. Depende de nós que o mundo em que vivemos se transforme num deserto, num caos ou num campo de batalha ou que reencontre a sua vocação de jardim, de cidade fraterna onde habita a justiça. Devemos aprender que o diferente de nós traz em si uma parte da verdade que procuramos. Pedro adverte em sua carta: “Apascentai o rebanho de Deus que vos foi confiado, cuidando dele não forçadamente, mas de boa vontade, como Deus quer; não por lucro sórdido, mas generosamente; não como tiranos daqueles que vos foram confiados, mas como modelos do rebanho” (1 Pd 5, 2-3). Jesus ensinou que o amor é tanto mais convincente quanto mais desarmado e despojado. Amar-nos uns aos outros é o mandamento dos cristãos que nos permite reconhecer os discípulos de Jesus (Jo 13, 35). O testemunho a ser dado só é eficaz quando nos olhando disserem: “Vede como se amam” (Tertuliano). Caso percamos esta dimensão central e única, o cristianismo perde o seu caráter de Evangelho, de Boa Nova. A fé cristã e a prática do amor devem criar uma imensa comunhão fraterna entre os povos e as raças mais diversas. Esta atitude não é fácil e nem se aprende de uma hora para outra: é necessário, além da boa vontade, um empenho e um mínimo de inteligência para evitar os confrontos e nos abrirmos aos diferentes de nós. Jesus testemunha que nenhuma mediação institucional, nenhum gesto sacrificial e nenhum ritual religioso são indispensáveis. O cristianismo pode se tornar uma seita, basta se fechar sobre si mesmo. Jesus é imperativo: “Isto é o que vos ordeno: amai-vos uns aos outros” e, no seguimento de Jesus, o mais importante é a verdade da relação íntima com Deus e a prática do amor fraterno, pois todo aquele, cristão ou não, que age de uma maneira verdadeira e amorosa está ligado a Deus. E no seu Reino, que é Dele, encontra morada eterna quem melhor Lhe aprouver e quem Ele quiser.


CONTEMPLAR

Cristo como uma videira, Lorenzo Lotto, 1523 circa, afresco do Oratório Suardi, Trescore, Itália.


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