quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

O Caminho da Beleza 06 - Sagrada Família, Jesus, Maria e José

A Palavra se fez carne e armou sua tenda entre nós (Jo 1, 14). 

Sagrada Família            

Gn 15, 1-6; 21, 1-3            Hb 11, 8.11-12.17-19                    Lc 2, 22-40

 

ESCUTAR

Sara concebeu e deu a Abraão um filho na velhice, no tempo em que Deus lhe havia predito (Gn 15, 2).

Foi pela fé que Abraão obedeceu a ordem de partir para uma terra que devia receber como herança, e partiu, sem saber para onde ia (Hb 11, 8).

O menino crescia e tornava-se forte, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele (Lc 2, 40).

 

MEDITAR

Deus diz: “Eu sou a bondade soberana de todas as coisas. Eu sou o que faz você amar. Eu sou o que faz você durar e desejar. Eu sou isto – o cumprimento sem fim de todos os desejos”.

(Julian de Norwich)

 

Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças. Não quero uma Igreja preocupada em ser o centro, e que acaba presa num emaranhado de obsessões e procedimentos.

(Francisco, Bispo de Roma)

 

 ORAR

Neste domingo, a liturgia nos faz contemplar Abraão e Maria e as suas respostas de fé alicerçadas numa esperança absoluta. Abraão tinha noventa e nove anos e o Senhor lhe promete um filho com Sara que, ao ouvir a promessa do Senhor, diz: “Eu já estou seca, será que irei sentir prazer, com um marido tão velho?” (Gn 18, 12). O Senhor anuncia a Maria, a favorecida, um filho ainda que ela não convivesse com o seu noivo José. Abraão responde “Eis-me aqui” e antecipa a resposta da Virgem: “Eis aqui a serva do Senhor, que sua palavra se cumpra em mim”. As descendências prometidas ultrapassam a carne, pois o Senhor desafia: “Olha para o céu e conta as estrelas, se fores capaz! Assim será tua descendência”. E Deus não trapaceia! Para Deus, não existe uma vida leiga, pois toda a vida é totalmente e eternamente consagrada. E esta vida consagrada ao amor conduz todos os homens e mulheres que a escolhem a uma santidade mais radical e mais essencial: a de não trapacear! Os que trapaceiam com a vida e com Deus se afastam da justiça e da verdade e neste cego afastamento testemunham que trapacear é necessariamente trair e matar. É no silêncio que esta família de Deus se expande e que o Espírito do Senhor a conduz. É nos braços acolhedores de Simeão, movido pelo Espírito, que a fragilidade do Menino se confia à humanidade e se cumpre a última profecia: “Agora, Senhor, segundo a tua promessa, deixas teu servo ir em paz, porque meus olhos viram a tua salvação, que preparastes diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória de Israel, teu povo”. Deus se faz dom para que possamos nos doar uns aos outros, especialmente aos que ainda não conhecem o Cristo, e só assim O encontramos. Caso contrário, ainda que sejamos batizados, não conheceremos Aquele que é puro Dom e nos esconderemos em aconchegos imaturos armados pela mediocridade das nossas instituições religiosas. No silêncio é que Maria quer ser acolhida por nós, pois é por ela que Jesus nos é dado e que o Espírito nos habita. No silêncio, José acolhe o Mistério e se coloca peregrino para que o dom de Deus não se esvaia e o Menino seja a Luz das Nações. No silêncio, Simeão soube esperar e ultrapassar os limites do seu próprio eu que poderia se opor à passagem da Luz, que tudo transforma em visibilidade e transparência. No silêncio, tudo o que somos, temos e fazemos, recebemos do Espírito que nos ensina a vigiar, como José e Maria, contemplando a face do Menino que nos foi confiado. É nesta contemplação silenciosa que Ele abrirá nossos corações para que, olhando os outros, não a nós mesmos nem a nossa igreja, saibamos “ver a salvação”. Aprendamos da sabedoria africana que “a palavra digna de veneração é o silêncio”, pois aquele que não sabe guardar o silêncio, não sabe falar. Os Padres da Igreja chamam os que não sabem guardar e zelar pelo silêncio de “Stabulum sine janua” – estábulos sem porta. A Sagrada Família nos ensina o recíproco zelo para que não se esmoreça o cumprimento do destino pleno de Deus. Temos que ir às últimas consequências, pois o amor é o vínculo da perfeição e o nosso primeiro próximo é esta Vida Divina colocada em nossas mãos para que, como manjedouras de Deus, desde agora e para sempre, tornemo-nos uma autêntica maternidade divina. Esta é a razão porque Jesus nos deixou uma pequena frase perturbadora, mas irresistível: “Vede minha mãe e meus irmãos. Pois, quem cumpre a vontade de meu Pai do céu, esse é meu irmão, irmã e mãe” (Mc 3, 34-35).

(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)

 

CONTEMPLAR

A Fuga no Egito, s.d., Arcabas (Jean-Marie Pirot) (1926-), óleo sobre tela, 81 cm x 100 cm, França.

 


2 comentários:

  1. Tempo de silêncio e de percepção do divino que há em nós e ao nosso redor. Tempo de ver o Menino crescendo em graça e conhecimento. Tempo de renovação e alegria! Feliz 2024!

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  2. Felicitaciones y bendiciones desde Venezuela.

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