A
Palavra se fez carne e armou sua tenda entre nós (Jo 1, 14).
II Domingo do Advento
Is 40, 1-5.9-11 2
Pd 3, 8-14 Mc 1, 1-8
ESCUTAR
Falai ao coração de Jerusalém e dizei em alta voz que sua servidão acabou e a expiação de suas culpas foi cumprida; ela recebeu das mãos do Senhor o dobro por todos os seus pecados (Is 40, 2).
O que nós esperamos, de acordo com a sua promessa, são novos céus e uma nova terra, onde habitará a justiça (2 Pd 3, 13).
Esta é a voz daquele que grita no deserto: “Preparai o caminho do Senhor, endireitais as suas veredas” (Mc 1, 3).
MEDITAR
Eu não quero orar para estar protegido dos perigos, mas para poder enfrentá-los.
(Rabindranath Tagore)
ORAR
João, o Batista não é certamente um tipo fascinante para angariar
simpatias e alcançar popularidade. No deserto, a palavra provoca o silêncio e
não os aplausos. João, para proclamar o único necessário, despoja-se de todas
as vaidades e usa a linguagem da simplicidade e não a do espalhafatoso. João
não precisa falar de si mesmo, pois sua austeridade de vida e a seriedade de
sua existência o tornam digno de confiança. João fala no deserto porque o
deserto é a sua grande e incrível possibilidade: no deserto se realiza o
encontro decisivo e pelo deserto passa o caminho do Senhor. João semeia a
interrogação e as inquietudes, acende um desejo, suscita uma espera e solicita
uma busca. Não tem a pretensão de entregar
o Cristo, pois não O possui. É Judas quem O entregará. João dirá simplesmente
que é o “amigo do Esposo” (Jo 3, 29). Temos que fazer alguma coisa para não
perder o encontro. Os vales, abismos de insignificância, deverão ser
preenchidos; montes e colinas de presunção devem ser rebaixados; terrenos
acidentados deverão ser aplainados. Tudo isto nos prepara para o encontro e
para que possamos antecipar os “novos céus e uma nova terra onde habitará a
justiça”. O Senhor, diz Pedro, está “usando de paciência para convosco, pois
não deseja que ninguém se perca”. Para nós, sempre apressados, a paciência tem
limites. No entanto, a paciência de Deus não os conhece e se esgota unicamente
no exato instante em que aceitamos ser perdoados. O apelo de João para o
batismo de conversão é o apelo para rejeitar uma vida de aparência, a fim de se
colocar em busca do que é essencial e verdadeiro; de ousar pensar aquilo que
jamais ousamos pensar. Somos muito mais ricos do que pensamos ser. Nossa alma é
infinitamente mais bela do que imaginamos e nossa vida é plena de
possibilidades. No meio do deserto, numa sede insaciável de Deus, João nos
chama a sermos artesãos de nossas existências e nos oferece a sensatez do
provérbio: “Bebe a água de tua cisterna, bebe abundantemente de teu poço” (Pr
5, 15). E assim, convertidos à verdadeira essência que nos habita e consome,
preparamos o caminho no deserto para o Menino que será um mistério entre os que
O conhecerão, pois “Nele existia uma vontade mais profunda de estar à
disposição dos homens com toda a sua humanidade divina” (Urs von Balthasar).
(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas e Pe. Eduardo Spiller, mts)
CONTEMPLAR
Virgem, o menino Jesus e São
João, o Batista, William-Adolphe Bouguereau, 1875, óleo sobre tela, 122 x 200,5 cm,
Coleção Particular, França.
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