A Palavra se fez carne e armou sua tenda
entre nós (Jo 1, 14).
IV Domingo do Advento
2 Sm 7, 1-5.8-12.14.16 Rm
16, 25-27 Lc 1, 26-38
ESCUTAR
Assim fala o
Senhor: “Porventura és tu que me construirás uma casa para eu habitar?” (2 Sm
7, 5).
Glória seja
dada àquele que tem o poder de vos confirmar na fidelidade ao meu evangelho e à
pregação de Jesus Cristo. (Rm 16, 25).
Eis aqui a
serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra (Lc 1, 37).
MEDITAR
Diz-se que é
bendito o homem, é bendito o pão, é bendita a mulher, é bendita a terra e as
outras criaturas que pareçam dignas de serem benditas; mas de modo especial é bendito o fruto do teu ventre, porque
sobre todas as coisas ele é Deus bendito por todos os séculos. Portanto, bendito é o fruto do teu ventre. Bendito
por seu perfume, bendito por seu sabor, bendito por sua beleza.
(São Bernardo de
Claraval)
ORAR
Os textos deste último
domingo de advento desvelam duas maneiras de acolher o Amado. A primeira, a de
Davi, preocupado em construir um espaço externo para Deus: um templo mais
monumental do que os santuários pagãos. A segunda, a de Maria, disponível para
oferecer a Deus o espaço interior das suas entranhas de escuta e acolhida. O
Senhor não está de acordo com os sonhos de grandeza do rei Davi, ainda que
generosos. Deus não quer habitar uma casa de pedras, mas fazer de um povo a sua
própria habitação e caminhar com ele, pois prefere as pedras vivas aos
monumentos. Deus privilegia como seu Templo a comunidade humana: “Ele, que é
Senhor do céu e da terra, não habita em templos construídos por homens, nem
pede que o sirvam mãos humanas, como se precisasse de algo” (At 17, 24-25).
Nestes dias que antecedem a chegada do Menino, estamos ansiosos e mais envolvidos
com a lista de presentes, com a receita das comidas, com as vestimentas para a
noite de festa e com o esplendor da árvore natalina. Tudo está pronto como o
programado. Nada falta do que pensamos, mas falta Alguém. Ainda bem que existe
Maria para conduzir-nos na simplicidade ao essencial e Deus tem necessidade
dela. Tem necessidade de poder dispor de uma criatura que não coloque
resistência à sua ação; uma criatura não encouraçada pelas coisas e nem por si
mesma. Uma criatura que não diga: “Eis o que decidi e preparei”, mas apenas
pronuncie: “Eis-me aqui!”. Maria de Nazaré oferece ao seu Senhor o único espaço
que Ele necessitava: o seu corpo, a sua pessoa e todo o seu ser. Para o Senhor,
o templo-monumento é estreito demais porque somente um templo de carne pode
conter a sua glória. Só as pequenas entranhas de uma jovem conseguem abraçar a
grandeza divina e nelas Deus finalmente encontrou uma casa. Nestes dias que
faltam para o Natal, devemos deixar de imitar Davi com seus preparativos
suntuosos e nos identificarmos com Maria na calma, na paz e na oração. O
Emmanuel não reconhece seu espaço nas coisas, nos shoppings, nos salões, nos frenesis das compras e desvarios dos
presentes. O Emmanuel se encontra no humilde e sussurrante Sim de quem, silenciosamente, O acolhe nas entranhas do seu ser e O
embala nas vísceras de ternura do seu corpo, adormecendo-O com o ritmo do seu
coração. O Natal é, antes de mais nada, um convite para redescobrir a nossa
humanidade, a nossa interioridade e o nosso peregrinar para as Bodas nupciais
do Cordeiro, que já está no meio de nós.
(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)
CONTEMPLAR
Madona de Porto Lligat (detalhe), 1950, Salvador
Dalí (1904-1989), óleo sobre tela, 144 x 96 cm, Coleção Particular, Tóquio,
Japão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário