quinta-feira, 27 de julho de 2023

O Caminho da Beleza 36 - XVII Domingo do Tempo Comum

Peguei da mão do anjo o livrinho e comi-o. Na boca era doce como mel, mas, quando o engoli, meu estômago tornou-se amargo (Ap 10, 10).

XVII Domingo do Tempo Comum              27.07.2014

1 Rs 3, 5.7-12                     Rm 8, 28-30                      Mt 13, 44-52

 

ESCUTAR

“O Senhor apareceu a Salomão em sonho, durante a noite, e lhe disse: “Pede o que desejas e eu te darei” (1 Rs 3, 5).

“Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8, 28).

“O Reino de Deus é como um tesouro escondido no campo” (Mt 13, 44).

 

MEDITAR

É do fundo da minha miséria que toco Deus.

(Simone Weil)

 

ORAR

    O Senhor mostra a sua delicadeza ao aparecer a Salomão em sonhos. Quando dormimos não nos envergonhamos de nada e por esta razão Salomão poderia ter pedido riquezas, êxitos, honras, amores múltiplos, muitos anos de vida e o extermínio dos inimigos. Salomão, porém, se reconhece frágil como um adolescente e pede um coração compreensivo. Não pede súditos dóceis e submissos e o Senhor acaba por lhe conceder um coração sábio e inteligente. Jesus nos previne que antes de sermos “doutores” em generalidades é necessário nos fazermos discípulos para aprendermos os segredos do Reino. O cristão é um homem de uma descoberta que traz alegria; da lucidez do valor que é Cristo que nos liberta de tudo o que nos satisfaz muito facilmente e que o discipulado do Cristo não é o da renúncia, mas o da escolha por Alguém que é o rosto amado de Deus. Não somos pessoas que perdemos qualquer coisa, mas que encontramos algo que vale mais do que uma vida. A experiência cristã há de ser gozosa e não mortificante. Há um tesouro escondido no campo do nosso coração e se nos tornarmos preguiçosos nos contentaremos em procurar fora dele e nos saciaremos de espinhos e sarças. Para reconhecer a presença do Cristo no mais íntimo de nós é necessário despojar a nossa inteligência da cólera e do ressentimento. Jesus semeia em nós uma pergunta: será que não haverá na vida um segredo que ainda não descobrimos? Este segredo é a alegria do encontro que nos assombra com a ternura de Deus. Não podemos ficar encerrados numa prática religiosa repetitiva e enfadonha que nos cega o coração e a mente e não nos permite encontrar nenhum tesouro. É imprescindível vivermos abertos às surpresas de Deus. Deus nos livre dos desafortunados, dos frustrados e insatisfeitos que se comprazem em fazer os outros pagarem caro a esterilidade da vida que não conseguiram. Deus nos livre dos que fingem tudo vender, como se tivessem encontrado o tesouro, mas continuam com seus corações vazios de amor. Deus nos livre dos que encontraram peixes bons na puxada da rede, deles se apropriaram e insistiram em convencer os outros da não-podridão dos que restaram. Finalmente, como reza São João da Cruz: “Deus nos livre de nós mesmos!”.

(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)

 

CONTEMPLAR

Menino de rua, 2006, São Luiz, Maranhão, Brasil, Araquém Alcântara (1951-), Brasil.






Um comentário:

  1. Com a lembrança vívida, no coração agradecido, do afeto que recebi dos irmãos naqueles anos frios de Curitiba dos anos oitenta. Um grande abraço fraterno,

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