Peguei da mão do anjo o livrinho e comi-o. Na boca era doce como
mel, mas, quando o engoli, meu estômago tornou-se amargo (Ap 10, 10).
XIV Domingo do Tempo Comum
Zc 9, 9-10 Rm
8, 9.11-13 Mt 11, 25-30
ESCUTAR
“Eis que vem
teu rei ao teu encontro; ele é justo, ele salva; é humilde e vem montado num
jumento, um potro, cria de jumenta” (Zc 9, 9).
“Se alguém
não tem o Espírito de Cristo, não pertence a Cristo” (Rm 8, 9).
“Eu te louvo,
ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondestes estas coisas aos sábios e
entendidos e as revelaste aos pequeninos” (Mt 11, 25).
MEDITAR
Eu não quero,
Senhor, nem ouro nem prata... Eu não procuro, Senhor, nem prazeres, nem a
alegria deste mundo... Eu não peço honras... Dai-me teu Espírito Santo, para
que ele ilumine meu coração, fortifique-me e me console em minha angústia e em
minha miséria.
(Martinho Lutero)
ORAR
O Senhor vem montado num jumento e não é
um rei guerreiro como o esperado. São os reis que fazem ostentação de poder e
se impõem pelas armas. Jesus é manso, pacífico, humilde, mas quando desce do
jumento é um deus nos acuda: é
invadido por um furor sagrado e desencadeia um alvoroço no átrio do Templo. Ele
é um sinal de contradição. Algumas vezes fala de sua missão como espada, fogo,
jugo, sal que queima e suas palavras ao invés de carícias, parecem pedradas.
Outras vezes usa palavras tão meigas que parecem açucaradas. Aquele que usa o
chicote também se apresenta como manso e humilde. Jesus testemunha que a doçura
não é uma caraterística de pessoas passivas. Os plenos de ternura são dotados
de uma robusta espinha dorsal e mantêm a sua capacidade de indignar-se diante
de situações intoleráveis. O manso e humilde não é um resignado, um impotente, incapaz
de afrontar os desafios árduos que dele exigem uma posição inequívoca. Se não
estivermos prontos a gritar e a nos queimar por dentro de ternura ou
indignação, nunca poderemos falar de mansidão e doçura. Não existe doçura sem
força e somente o não-violento é forte. Os verdadeiros senhores do mundo são os
consumidos pela ternura e os que recebem, como dom, a plenitude da vida. Os
cansados e fatigados convidados por Jesus são os sobrecarregados com o peso de
leis interpretadas por uma visão rigorista; são desprezados pelos moralistas
religiosos e guardiões da intolerância que deformam a imagem de Deus ao
desfigurar os homens e mulheres submetidos ao seu jugo. Jesus nos apela a
sermos despenseiros da misericórdia e da generosidade que desbloqueiam as
consciências e as libertam. A ternura é a única conquista da qual é lícito
gabar-se e o único motivo de orgulho compatível com a humildade. A oração de
Jesus é, antes de mais nada, um cântico dos pequenos e pobres que revela os
segredos do seu coração. A oração é vida segundo o Espírito e por ela a
religião de preceito e da obrigação é substituída pela fé no amor de Deus.
Meditemos as palavras de São Bernardo de Claraval, no seu sermão sobre o Cântico
dos Cânticos: “A esposa diz que seu amado é um simples ramalhete de mirra e por
seu amor ela está pronta a considerar leve todo o sofrimento. Para mim que amo
é um punhado de flores, pois a força do amor vence as dores mais atrozes” (Sermão sobre o Cântico 46, 1).
(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)
CONTEMPLAR
Papa Francisco com um
cordeiro sobre os ombros. AP Photo, Osservatore Romano, http://roma.repubblica.it, 01/06/2014.
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