Peguei da mão do anjo o livrinho e comi-o. Na boca era doce como
mel, mas, quando o engoli, meu estômago tornou-se amargo (Ap 10, 10).
XVII Domingo do Tempo Comum 27.07.2014
1 Rs 3, 5.7-12 Rm
8, 28-30 Mt 13, 44-52
ESCUTAR
“O Senhor
apareceu a Salomão em sonho, durante a noite, e lhe disse: “Pede o que desejas
e eu te darei” (1 Rs 3, 5).
“Sabemos que
tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8, 28).
“O Reino de
Deus é como um tesouro escondido no campo” (Mt 13, 44).
MEDITAR
É do fundo da minha miséria que toco Deus.
(Simone
Weil)
ORAR
O Senhor mostra a sua delicadeza ao
aparecer a Salomão em sonhos. Quando dormimos não nos envergonhamos de nada e
por esta razão Salomão poderia ter pedido riquezas, êxitos, honras, amores
múltiplos, muitos anos de vida e o extermínio dos inimigos. Salomão, porém, se
reconhece frágil como um adolescente e pede um coração compreensivo. Não pede
súditos dóceis e submissos e o Senhor acaba por lhe conceder um coração sábio e
inteligente. Jesus nos previne que antes de sermos “doutores” em generalidades
é necessário nos fazermos discípulos para aprendermos os segredos do Reino. O
cristão é um homem de uma descoberta que traz alegria; da lucidez do valor que
é Cristo que nos liberta de tudo o que nos satisfaz muito facilmente e que o
discipulado do Cristo não é o da renúncia, mas o da escolha por Alguém que é o
rosto amado de Deus. Não somos pessoas que perdemos qualquer coisa, mas que
encontramos algo que vale mais do que uma vida. A experiência cristã há de ser
gozosa e não mortificante. Há um tesouro escondido no campo do nosso coração e
se nos tornarmos preguiçosos nos contentaremos em procurar fora dele e nos
saciaremos de espinhos e sarças. Para reconhecer a presença do Cristo no mais
íntimo de nós é necessário despojar a nossa inteligência da cólera e do ressentimento.
Jesus semeia em nós uma pergunta: será que não haverá na vida um segredo que
ainda não descobrimos? Este segredo é a alegria do encontro que nos assombra
com a ternura de Deus. Não podemos ficar encerrados numa prática religiosa
repetitiva e enfadonha que nos cega o coração e a mente e não nos permite
encontrar nenhum tesouro. É imprescindível vivermos abertos às surpresas de
Deus. Deus nos livre dos desafortunados, dos frustrados e insatisfeitos que se
comprazem em fazer os outros pagarem caro a esterilidade da vida que não
conseguiram. Deus nos livre dos que fingem tudo vender, como se tivessem
encontrado o tesouro, mas continuam com seus corações vazios de amor. Deus nos
livre dos que encontraram peixes bons na puxada da rede, deles se apropriaram e
insistiram em convencer os outros da não-podridão dos que restaram. Finalmente,
como reza São João da Cruz: “Deus nos livre de nós mesmos!”.(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)
CONTEMPLAR
Menino de rua, 2006, São Luiz, Maranhão, Brasil, Araquém Alcântara
(1951-), Brasil.
Com a lembrança vívida, no coração agradecido, do afeto que recebi dos irmãos naqueles anos frios de Curitiba dos anos oitenta. Um grande abraço fraterno,
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