A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de
dois gumes (Hb 4, 12).
XXIV Domingo do Tempo Comum
Ex 32, 7-11. 13-14 1
Tm 1, 12-17 Lc 15,
1-32
ESCUTAR
“Vejo que
este é um povo de cabeça dura” (Ex 32, 9).
“Por isso
encontrei misericórdia, para que em mim, como primeiro, Cristo Jesus
demonstrasse toda a grandeza de seu coração” (1 Tm 1, 16).
“Haverá no
céu mais alegria por um só pecador que se converte do que por noventa e nove
justos que não precisam de conversão” (Lc 15, 7).
MEDITAR
“Compaixão
significa justiça (...). Compaixão é onde a paz e a justiça se beijam”.
(Mestre
Eckhart)
ORAR
A conversão não se reduz a um pequeno ajuste, a um retoque de fachada, a
uma minúscula mudança que não incomoda demais, a uma modificação
insignificante. A conversão implica uma transformação radical nos pensamentos,
palavras, mas, sobretudo, nos atos. O filho mais novo é um abusado e o mais velho,
um insuportável garantidor de direitos, enjaulado nas leis e na estrita observância.
Não cometeu faltas graves, mas viver sem amor o amargou. Necessita proteção e
se sente seguro ao cumprir os seus deveres sem jamais se arriscar. Tornou-se um
calculista, um burocrata da virtude sem nenhum brilho de vida, de alegria ou
espontaneidade. Há um abismo entre ele e o irmão mais novo, mas um abismo ainda
maior entre ele e seu pai. Ele fala de novilhos, cabras, bois, justo e injusto;
o pai fala de gente encontrada e ressuscitada. Ele fala a língua da lei, da
intolerância e do castigo e o pai se exprime na língua do perdão, da ternura e
da misericórdia. O pai se coloca numa dimensão de gratuidade e o filho mais
velho permanece na trincheira de uma mentalidade de justiça distributiva. O
filho mais velho, ao se julgar justo, se coloca distante do amor do pai a quem
serve com um espírito de escravo e não com a gratidão e alegria de filho amado:
“Filho, tu estás sempre comigo e tudo o que é meu é teu”. Jesus narra esta
parábola para os justos fariseus e não para os pecadores. Não há final feliz
nela. Este final feliz só acontecerá quando o justo não excluir o irmão que
mostre algum sinal de conversão. Quando o justo descobrir que a fidelidade não
é simplesmente um permanecer irredutível, mas aceitar cotidianamente as
novidades, a lógica paradoxal e as iniciativas desconcertantes de Deus. Como
escreve o teólogo Hans Urs Von Balthasar: “os pecadores conhecem a Deus, os
justos ainda continuam a procurá-Lo”.
(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)
CONTEMPLAR
O Pai que
perdoa,
1998, Frank Wesley (1923-2002), pintura em bloco de madeira impressa em papel
de seda, Índia.
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