sexta-feira, 9 de setembro de 2022

O Caminho da Beleza 42 - XXIV Domingo do Tempo Comum

A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).

XXIV Domingo do Tempo Comum            

Ex 32, 7-11. 13-14             1 Tm 1, 12-17                      Lc 15, 1-32

 

ESCUTAR

“Vejo que este é um povo de cabeça dura” (Ex 32, 9).

“Por isso encontrei misericórdia, para que em mim, como primeiro, Cristo Jesus demonstrasse toda a grandeza de seu coração” (1 Tm 1, 16).

“Haverá no céu mais alegria por um só pecador que se converte do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão” (Lc 15, 7).

 

MEDITAR

“Compaixão significa justiça (...). Compaixão é onde a paz e a justiça se beijam”.

 (Mestre Eckhart)

 

ORAR

     A conversão não se reduz a um pequeno ajuste, a um retoque de fachada, a uma minúscula mudança que não incomoda demais, a uma modificação insignificante. A conversão implica uma transformação radical nos pensamentos, palavras, mas, sobretudo, nos atos. O filho mais novo é um abusado e o mais velho, um insuportável garantidor de direitos, enjaulado nas leis e na estrita observância. Não cometeu faltas graves, mas viver sem amor o amargou. Necessita proteção e se sente seguro ao cumprir os seus deveres sem jamais se arriscar. Tornou-se um calculista, um burocrata da virtude sem nenhum brilho de vida, de alegria ou espontaneidade. Há um abismo entre ele e o irmão mais novo, mas um abismo ainda maior entre ele e seu pai. Ele fala de novilhos, cabras, bois, justo e injusto; o pai fala de gente encontrada e ressuscitada. Ele fala a língua da lei, da intolerância e do castigo e o pai se exprime na língua do perdão, da ternura e da misericórdia. O pai se coloca numa dimensão de gratuidade e o filho mais velho permanece na trincheira de uma mentalidade de justiça distributiva. O filho mais velho, ao se julgar justo, se coloca distante do amor do pai a quem serve com um espírito de escravo e não com a gratidão e alegria de filho amado: “Filho, tu estás sempre comigo e tudo o que é meu é teu”. Jesus narra esta parábola para os justos fariseus e não para os pecadores. Não há final feliz nela. Este final feliz só acontecerá quando o justo não excluir o irmão que mostre algum sinal de conversão. Quando o justo descobrir que a fidelidade não é simplesmente um permanecer irredutível, mas aceitar cotidianamente as novidades, a lógica paradoxal e as iniciativas desconcertantes de Deus. Como escreve o teólogo Hans Urs Von Balthasar: “os pecadores conhecem a Deus, os justos ainda continuam a procurá-Lo”.

(Manos da Terna Solidão/Pe. Paulo Botas, mts e Pe. Eduardo Spiller, mts)

 

CONTEMPLAR

O Pai que perdoa, 1998, Frank Wesley (1923-2002), pintura em bloco de madeira impressa em papel de seda, Índia.




 

Nenhum comentário:

Postar um comentário