Os transbordamentos de amor acontecem
sobretudo nas encruzilhadas da vida, em momentos de abertura, fragilidade e
humildade, quando o oceano do amor de Deus arrebenta os diques da nossa
autossuficiência e permite, assim, uma nova imaginação do possível (Papa
Francisco).
XXXI Domingo do Tempo Comum 31.10.2021
Dt
6, 2-6 Hb 7, 23-28 Mc 12, 28-34
ESCUTAR
“Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças” (Dt 6, 5).
Cristo, porém, uma vez que permanece para a eternidade, possui um sacerdócio que não muda (Hb 7, 24).
“Amá-lo de todo o coração, de toda a mente e com toda a força, e amar o próximo como a si mesmo, é melhor do que todos os holocaustos e sacrifícios” (Mc 12, 33).
MEDITAR
escute: eu bato à porta (Ap 3, 20); eu te falo pelo meu olhar: ame.
escute:
eu bato à porta
abra-me minha amada
minha
pomba
meu
eu (Ct 5, 2)
escute,
abra teu coração
e nós cearemos juntos
eu em ti e tu em mim (Ap
3, 20)
escute:
eu me calo
e no silêncio eterno
tu te tornarás uma palavra engendrada pelo Pai
esta
palavra emitida no Sopro
seu
Eu te amo por todos.
ORAR
O Evangelho deste domingo nos
repropõe o ensinamento de Jesus sobre o maior Mandamento: o Mandamento do Amor,
que é duplo: amar a Deus e amar ao próximo... O Mandamento do Amor só pode ser
plenamente posto em prática por aquele que vive numa relação profunda com Deus,
precisamente como a criança se torna capaz de amar a partir de uma boa relação
com a mãe e com o pai. São João de Ávila escreve assim no início do seu Tratado
do amor de Deus: “A causa – diz – que em maior medida estimula o nosso coração
ao Amor de Deus é considerar profundamente o amor que Ele teve por nós... Este,
mais que os benefícios, estimula o coração a amar; porque aquele que presta um
benefício a outro, dá-lhe algo que possui; mas aquele que ama, dá-se a si mesmo
com tudo o que tem, sem que lhe reste algo mais para dar”. Antes de ser um
Mandamento – o amor não é uma ordem – é um dom, uma realidade que Deus nos faz
conhecer e experimentar, de modo que, como uma semente, possa germinar também
dentro de nós e desenvolver-se na nossa vida. Se o amor de Deus ganhou raízes
profundas numa pessoa, ela torna-se capaz de amar até quem não o merece, como
faz precisamente Deus em relação a nós... Aprendemos a olhar para o próximo não
só com os nossos olhos, mas com o olhar de Deus, que é o olhar de Jesus Cristo.
Um olhar que parte do coração e não se detém na superfície, vai além das
aparências e consegue captar as expectativas profundas do outro: expectativas
de ser recebido, de uma atenção gratuita, numa palavra: de amor. Mas
verifica-se também o percurso contrário: que abrindo-me ao outro tal como ele
é, indo ao seu encontro, pondo-me à disposição, abro-me também ao conhecimento
de Deus, a sentir que Ele existe e é bondoso. Amor de Deus e amor ao próximo
são inseparáveis e estão em relação recíproca. Jesus não inventou nem um nem
outro, mas revelou que eles são, no fundo, um único Mandamento, e fê-lo não só
com palavras, mas sobretudo com o seu testemunho: a própria Pessoa de Jesus e
todo o seu Mistério encarnam a Unidade do Amor de Deus e do próximo, como os
dois braços da Cruz, vertical e horizontal. Na Eucaristia Ele doa-nos este amor
duplo, doando-se a Si mesmo, para que, alimentados por este Pão, nos amemos uns
aos outros como Ele nos amou.
(Bento XVI, 1927-, Alemanha)
CONTEMPLAR
Sem Fim, 2017, praia do Moçambique, Santa Catarina, Juliana Freitas (1988-), Brasil.
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