Os transbordamentos de amor acontecem
sobretudo nas encruzilhadas da vida, em momentos de abertura, fragilidade e
humildade, quando o oceano do amor de Deus arrebenta os diques da nossa
autossuficiência e permite, assim, uma nova imaginação do possível (Papa
Francisco).
XXVIII Domingo do Tempo Comum 10.10.2021
Sb
7, 7-11 Hb 4, 12-13 Mc 10, 17-30
ESCUTAR
Preferi a sabedoria aos cetros e tronos e, em comparação com ela, julguei sem valor a riqueza; a ela não igualei nenhuma pedra preciosa, pois, a seu lado, todo o ouro do mundo é um punhado de areia (Sb 7, 8-9).
A Palavra de Deus é viva, eficaz e mais cortante do que espada de dois gumes (Hb 4, 12).
Jesus olhou para ele com amor e disse: “Só uma coisa te falta: vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me!” (Mc 10, 21).
MEDITAR
O Evangelho é o livro da vida do Senhor. Ele é feito para se tornar o livro de nossa vida. Ele não é feito para ser compreendido, mas para ser abordado como um limiar do mistério. Ele não é feito para ser lido, mas para ser acolhido em nós. Cada uma de suas palavras é espírito e vida. Ágeis e livres, elas só esperam a avidez de nossa alma para se fundir a elas. Vivas, elas são como um levedo inicial que processará nossa massa e a fará fermentar de um modo de vida novo.
(Madeleine Delbrêl, 1904-1964, França)
ORAR
A história do jovem rico que não quer renunciar a seus bens e
a dos discípulos que deixaram tudo para seguir a Cristo formam uma unidade no
evangelho. Entre os dois episódios aparecem as palavras de Jesus sobre a
dificuldade dos ricos para entrar no reino de Deus. Quem são esses ricos para
Jesus? Os que se apegam a suas posses ou riquezas. A quantia das riquezas
carece de importância. Pode haver ricos que não estão apegados a suas riquezas
(Jesus conheceu seguramente alguns deles; presumidamente as mulheres que o
ajudavam com seus bens eram de famílias abastadas: Lc 8, 3), do mesmo modo pode
também haver pobres que não estão dispostos a renunciar ao pouco que têm.
Quando vê que o jovem rico não está disposto a renunciar a seus bens, Jesus
fala primeiro da dificuldade e depois, com a imagem do buraco da agulha, da
impossibilidade prática de entrar no reino de Deus para o que não está disposto
a renunciar a suas riquezas, para, finalmente, diante do espanto dos
discípulos, confiar tudo ao poder soberano de Deus. E quando Pedro afirma que
ele e os demais discípulos deixaram tudo para segui-lo, Jesus radicaliza a
questão em vários aspectos: em primeiro lugar enumerando as pessoas e os bens
que é preciso deixar, depois sublinhando que essas pessoas e bens se hão de
deixar “por mim e pelo Evangelho – portanto: não por menosprezo dos bens
terrenos, mas sim postergando-os por um motivo muito concreto – e, finalmente,
mediante a cláusula “com perseguições”: o que se desprende de seus bens não
chega necessariamente a um porto seguro, o “cêntuplo” que receberá se promete
apenas para a vida futura. O seguimento que é falado por Pedro consiste nisso:
cruz neste mundo, ressurreição além dele.
(Hans Urs Von Balthasar, 1905-1988, Suíça)
CONTEMPLAR
Robert James Carlson, 25, da cidade de Jersey, N. J., protesta no lado leste do Parque Zuccotti, 2011, Ashley Gilbertson (1978-), 100% Wall Street Project, VII Agency, Austrália.
O exercício sempre necessário da humildade e sobretudo da solidariedade...isso é praticar o amor de Cristo
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