Os transbordamentos de amor acontecem
sobretudo nas encruzilhadas da vida, em momentos de abertura, fragilidade e
humildade, quando o oceano do amor de Deus arrebenta os diques da nossa
autossuficiência e permite, assim, uma nova imaginação do possível (Papa
Francisco).
XXVII Domingo do Tempo Comum 03.10.2021
Gn
2, 18-24 Hb 2, 9-11 Mc 10, 2-16
ESCUTAR
O homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne (Gn 2, 24).
Sim, pela graça de Deus em favor de todos, ele provou a morte (Hb 2, 9).
“O que Deus uniu, o homem não separe!” (Mc 10, 9).
MEDITAR
Grava-me como selo em teu braço,
como
selo em teu coração,
pois
o amor é forte como a morte,
a
paixão é cruel como o abismo;
é
centelha de fogo, labareda divina;
as
águas torrenciais
não
poderão apagar o amor,
nem
os rios afogá-lo.
Se
alguém quisesse comprar o amor
com
todas as riquezas de sua casa,
se
tornaria desprezível.
(Cântico dos Cânticos, c. 500 a.C., Reino de Judá)
ORAR
As palavras de Jesus nos ajudam a
descobrir ainda hoje a verdade do casamento cristão: ele é uma aventura, uma
história e como tal pressupõe a difícil capacidade de perseverança e de perdão
recíproco. É preciso medir a relação conjugal sob os tempos longos de uma
história de amor, que pode conhecer quedas e crises, mas onde deve sempre
persistir a vontade de uma união renovada, a tensão para a fidelidade a todo
custo. É a única possibilidade que têm os esposos de se tornarem sinais de Deus
que é fiel à sua aliança apesar das traições de seu povo adúltero: Deus não se
divorcia de Israel e da Igreja apesar de sua infidelidade (cf. Ez 16; 2 Tm 2,
13)! Sim, a união conjugal é indissolúvel porque ela é o sinal de uma realidade
que transcende o casamento: as bodas, a aliança irrevogável entre Deus e seu
povo (cf. Dt 7, 9), entre o Cristo e a Igreja (cf. Ef 5, 31-33). Mas há mais,
Jesus revela que o homem e a mulher que se casam devem correr o risco de se
desligar de maneira completa de sua família de origem; em caso contrário, sua
união está ameaçada por perigosas recaídas no passado... Unindo-se pelo
casamento, os dois se engajam numa relação interpessoal que é mais profunda que
a relação de parentesco: uma relação que não é apenas uma união carnal, mas uma
união conjugal em toda amplitude do termo, quer dizer que tende a fazer deles
uma só pessoa, um só corpo, até formar com o Cristo um só espírito (cf. 1 Cor
6, 16-17)! Só uma verdadeira separação das ligações carnais do passado pode
fazer nascer uma união estável e definitiva, capaz de falar da fidelidade de
Deus, pelo Cristo, a todo ser humano e a toda humanidade.
(Enzo Bianchi, 1943-, Itália)
CONTEMPLAR
Beijo, 2017, Evelyn Lauper, Texas, Estados Unidos.
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