sexta-feira, 1 de outubro de 2021

O Caminho da Beleza 46 - XXVII Domingo do Tempo Comum

Os transbordamentos de amor acontecem sobretudo nas encruzilhadas da vida, em momentos de abertura, fragilidade e humildade, quando o oceano do amor de Deus arrebenta os diques da nossa autossuficiência e permite, assim, uma nova imaginação do possível (Papa Francisco).

XXVII Domingo do Tempo Comum                       03.10.2021

Gn 2, 18-24             Hb 2, 9-11               Mc 10, 2-16

 

ESCUTAR

O homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne (Gn 2, 24).

Sim, pela graça de Deus em favor de todos, ele provou a morte (Hb 2, 9).

“O que Deus uniu, o homem não separe!” (Mc 10, 9).

 

MEDITAR

Grava-me como selo em teu braço,

como selo em teu coração,

pois o amor é forte como a morte,

a paixão é cruel como o abismo;

é centelha de fogo, labareda divina;

as águas torrenciais

não poderão apagar o amor,

nem os rios afogá-lo.

Se alguém quisesse comprar o amor

com todas as riquezas de sua casa,

se tornaria desprezível.

(Cântico dos Cânticos, c. 500 a.C., Reino de Judá)

 

ORAR

     As palavras de Jesus nos ajudam a descobrir ainda hoje a verdade do casamento cristão: ele é uma aventura, uma história e como tal pressupõe a difícil capacidade de perseverança e de perdão recíproco. É preciso medir a relação conjugal sob os tempos longos de uma história de amor, que pode conhecer quedas e crises, mas onde deve sempre persistir a vontade de uma união renovada, a tensão para a fidelidade a todo custo. É a única possibilidade que têm os esposos de se tornarem sinais de Deus que é fiel à sua aliança apesar das traições de seu povo adúltero: Deus não se divorcia de Israel e da Igreja apesar de sua infidelidade (cf. Ez 16; 2 Tm 2, 13)! Sim, a união conjugal é indissolúvel porque ela é o sinal de uma realidade que transcende o casamento: as bodas, a aliança irrevogável entre Deus e seu povo (cf. Dt 7, 9), entre o Cristo e a Igreja (cf. Ef 5, 31-33). Mas há mais, Jesus revela que o homem e a mulher que se casam devem correr o risco de se desligar de maneira completa de sua família de origem; em caso contrário, sua união está ameaçada por perigosas recaídas no passado... Unindo-se pelo casamento, os dois se engajam numa relação interpessoal que é mais profunda que a relação de parentesco: uma relação que não é apenas uma união carnal, mas uma união conjugal em toda amplitude do termo, quer dizer que tende a fazer deles uma só pessoa, um só corpo, até formar com o Cristo um só espírito (cf. 1 Cor 6, 16-17)! Só uma verdadeira separação das ligações carnais do passado pode fazer nascer uma união estável e definitiva, capaz de falar da fidelidade de Deus, pelo Cristo, a todo ser humano e a toda humanidade.

(Enzo Bianchi, 1943-, Itália)

 

CONTEMPLAR

Beijo, 2017, Evelyn Lauper, Texas, Estados Unidos.




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