Os transbordamentos de amor acontecem
sobretudo nas encruzilhadas da vida, em momentos de abertura, fragilidade e
humildade, quando o oceano do amor de Deus arrebenta os diques da nossa
autossuficiência e permite, assim, uma nova imaginação do possível (Papa
Francisco).
Todos os Santos e Santas 07.11.2021
Ap
7, 2-4.9-14 1 Jo 3, 1-3 Mt 5, 1-12
ESCUTAR
“Não façais mal à terra, nem ao mar, nem às árvores, até que tenhamos marcado na fronte os servos do nosso Deus” (Ap 7, 3).
Caríssimos, vede que grande presente de amor o Pai nos deu: de sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos!
“Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra” (Mt 5, 5).
MEDITAR
Amais ou amastes a alguém o bastante para não quererdes ser separados deles, para poder viver com eles toda a eternidade? Só aquele que ama assim, só aquele que é amado assim tem promessas de eternidade. O céu é amar sempre, e nossa capacidade de céu é exatamente proporcional à nossa capacidade de amar. Tendes algo de bastante bom, de bastante valioso em vossa vida para querê-lo eternizar?
(Louis Évely, 1910-1985, Bélgica)
ORAR
Nossa vida é um movimento. Nossa
vida é uma travessia em direção a nós mesmos... E é precisamente nessa
travessia em direção a nós mesmos que encontramos o Deus vivo não como um
estranho que está além, após a morte, mas como uma Fonte, agora, dentro de
nós.... como uma Fonte que jorra em vida eterna! Os Santos compreenderam que o
Céu está aqui, dentro de nós. Eles descobriram, dentro deles mesmos, esse rosto
adorável que é impossível exprimir, mas que é tão maravilhoso de se viver. Eles
não se dirigiam a um Deus estranho, eles se aninhavam na intimidade de um Deus
que era a Vida de suas vidas. É preciso, portanto, tomar consciência hoje da
renovação necessária do nosso olhar para que Deus não seja mais para nós uma
ameaça e um limite, para que não vejamos Nele o inventor de uma morte que nos
arranca de uma vida em que estamos agarrados até a medula, que saibamos e
aprendamos justamente que a morte tem mil rostos diferentes e que ela não é a
mesma para aquele que viveu, para aquele que juntou sua identidade no coração a
coração com Deus e que isso justamente é possível para nós, que isso nos é
oferecido, que é nossa vocação vencer a morte dando-nos Àquele que é em nós uma
Fonte que jorra em vida eterna. Todos os Santos é um apelo imenso à
autenticidade, é uma tomada de consciência do mistério infinito de nossa vida.
É preciso dizer que seria impossível tomar consciência do Mistério que é Deus
se nossa vida não fosse, ela mesma, um mistério inesgotável. E nós encontramos
o Deus vivo precisamente nessa travessia de nós para nós mesmos, em que é
preciso constantemente se ultrapassar para atingir enfim o eu pessoal que funda
a nossa dignidade: o bem comum para a conservação em que toda a humanidade está
interessada porque nesse diálogo com Deus cada um de nós pode se tornar uma
origem, uma fonte, um começo e um criador. É preciso, pois, associar a Todos os
Santos o chamado a nos descobrir a nós mesmos em nossa autenticidade, a irmos em
direção à realização perfeita de nossa vocação de homens que só pode justamente
atingir seu cume nesse diálogo do amor em que nos perdemos em Deus.
(Maurice Zundel, 1897-1975, Suíça)
CONTEMPLAR
Cidade Proibida, s.d., Saul Landell, Guadalajara, México.
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