quinta-feira, 4 de novembro de 2021

O Caminho da Beleza 51 - Todos os Santos e Santas

Os transbordamentos de amor acontecem sobretudo nas encruzilhadas da vida, em momentos de abertura, fragilidade e humildade, quando o oceano do amor de Deus arrebenta os diques da nossa autossuficiência e permite, assim, uma nova imaginação do possível (Papa Francisco).

Todos os Santos e Santas                    07.11.2021

Ap 7, 2-4.9-14                    1 Jo 3, 1-3                Mt 5, 1-12

 

ESCUTAR

“Não façais mal à terra, nem ao mar, nem às árvores, até que tenhamos marcado na fronte os servos do nosso Deus” (Ap 7, 3).

Caríssimos, vede que grande presente de amor o Pai nos deu: de sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos!

“Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra” (Mt 5, 5).

 

MEDITAR

Amais ou amastes a alguém o bastante para não quererdes ser separados deles, para poder viver com eles toda a eternidade? Só aquele que ama assim, só aquele que é amado assim tem promessas de eternidade. O céu é amar sempre, e nossa capacidade de céu é exatamente proporcional à nossa capacidade de amar. Tendes algo de bastante bom, de bastante valioso em vossa vida para querê-lo eternizar?

(Louis Évely, 1910-1985, Bélgica)

 

ORAR

      Nossa vida é um movimento. Nossa vida é uma travessia em direção a nós mesmos... E é precisamente nessa travessia em direção a nós mesmos que encontramos o Deus vivo não como um estranho que está além, após a morte, mas como uma Fonte, agora, dentro de nós.... como uma Fonte que jorra em vida eterna! Os Santos compreenderam que o Céu está aqui, dentro de nós. Eles descobriram, dentro deles mesmos, esse rosto adorável que é impossível exprimir, mas que é tão maravilhoso de se viver. Eles não se dirigiam a um Deus estranho, eles se aninhavam na intimidade de um Deus que era a Vida de suas vidas. É preciso, portanto, tomar consciência hoje da renovação necessária do nosso olhar para que Deus não seja mais para nós uma ameaça e um limite, para que não vejamos Nele o inventor de uma morte que nos arranca de uma vida em que estamos agarrados até a medula, que saibamos e aprendamos justamente que a morte tem mil rostos diferentes e que ela não é a mesma para aquele que viveu, para aquele que juntou sua identidade no coração a coração com Deus e que isso justamente é possível para nós, que isso nos é oferecido, que é nossa vocação vencer a morte dando-nos Àquele que é em nós uma Fonte que jorra em vida eterna. Todos os Santos é um apelo imenso à autenticidade, é uma tomada de consciência do mistério infinito de nossa vida. É preciso dizer que seria impossível tomar consciência do Mistério que é Deus se nossa vida não fosse, ela mesma, um mistério inesgotável. E nós encontramos o Deus vivo precisamente nessa travessia de nós para nós mesmos, em que é preciso constantemente se ultrapassar para atingir enfim o eu pessoal que funda a nossa dignidade: o bem comum para a conservação em que toda a humanidade está interessada porque nesse diálogo com Deus cada um de nós pode se tornar uma origem, uma fonte, um começo e um criador. É preciso, pois, associar a Todos os Santos o chamado a nos descobrir a nós mesmos em nossa autenticidade, a irmos em direção à realização perfeita de nossa vocação de homens que só pode justamente atingir seu cume nesse diálogo do amor em que nos perdemos em Deus.

(Maurice Zundel, 1897-1975, Suíça)

 

CONTEMPLAR

Cidade Proibida, s.d., Saul Landell, Guadalajara, México.




 

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