quinta-feira, 22 de julho de 2021

O Caminho da Beleza 36 - XVII Domingo do Tempo Comum

Os transbordamentos de amor acontecem sobretudo nas encruzilhadas da vida, em momentos de abertura, fragilidade e humildade, quando o oceano do amor de Deus arrebenta os diques da nossa autossuficiência e permite, assim, uma nova imaginação do possível (Papa Francisco).

XVII Domingo do Tempo Comum              25.07.2021

2 Rs 4, 42-44                     Ef 4, 1-6                   Jo 6, 1-15

 

ESCUTAR

“Dá ao povo para que coma; pois assim diz o Senhor: ‘Comerão e ainda sobrará’” (2 Rs 4, 43).

Aplicai-vos a guardar a unidade do espírito pelo vínculo da paz (Ef 4, 3).

Quando notou que estavam querendo levá-lo para proclamá-lo rei, Jesus retirou-se de novo, sozinho, para o monte (Jo 6, 15).

 

MEDITAR

Porque os outros se mascaram mas tu não

Porque os outros usam a virtude

Para comprar o que não tem perdão.

Porque os outros têm medo mas tu não.

Porque os outros são os túmulos caiados

Onde germina calada a podridão.

Porque os outros se calam mas tu não.

 

Porque os outros se compram e se vendem

E os seus gestos dão sempre dividendo.

Porque os outros são hábeis mas tu não.

 

Porque os outros vão à sombra dos abrigos

E tu vais de mãos dadas com os perigos.

Porque os outros calculam mas tu não.

(Sophia de Mello Breyner Andresen, 1919-2004, Portugal)

 

ORAR

         Por uma série de razões, que aqui não há lugar para explicar, a eucaristia se deformou na Igreja até o ponto em que já é praticamente impossível reconhecer o que fez Jesus. E não falamos se se trata de uma missa pontifical solene numa catedral. O problema está em que a eucaristia teve sua origem nas comidas de Jesus com as pessoas, especialmente na multiplicação dos pães e na ceia de despedida. Mas tudo isso desapareceu. E a comida compartilhada converteu-se em um cerimonial religioso que além disso não se entende e a muita gente nem interessa. Ademais, a missa se organizou de forma que a atenção dos crentes se centra na presença de Jesus Cristo e na comunhão. Outros, o que desejam é que a missa lhes aproveite para que fiquem melhores, para rezar para um defunto ou quiçá outra intenção. Assim são as coisas, a muitos que vão à missa não lhes interessa o que de verdade quis Jesus: a comensalidade, a mesa compartilhada, destinada a construir uma comunidade humana baseada, não na religiosidade, nem na piedade e devoção, e menos ainda na submissão ao poder sacerdotal. A comensalidade de Jesus com todos, começando pelos pecadores e descrentes, foi pensada para construir a convivência e as relações humanas sobre a bondade, o respeito, a ajuda mútua e a solidariedade. Jesus se faz presente na eucaristia. Por isso, o direito dos cristãos a celebrar a presença de Jesus entre eles se coloca antes do privilégio dos sacerdotes em presidir a missa.  Cada dia há menos sacerdotes e mais cristãos sem eucaristia. E sobretudo mais pessoas que nem interessa ir à missa. A Igreja está se desmoronando por si mesma.

(José Maria Castillo, 1929-, Espanha)

 

CONTEMPLAR

Homens comendo juntos no Iêmen, 1997, Jan-Michael Breider (1956-), Växjö, Suécia.




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