Os transbordamentos de amor acontecem
sobretudo nas encruzilhadas da vida, em momentos de abertura, fragilidade e
humildade, quando o oceano do amor de Deus arrebenta os diques da nossa
autossuficiência e permite, assim, uma nova imaginação do possível (Papa
Francisco).
XVII Domingo do Tempo Comum 25.07.2021
2
Rs 4, 42-44 Ef 4, 1-6 Jo 6, 1-15
ESCUTAR
“Dá ao povo para que coma; pois assim diz o Senhor: ‘Comerão e ainda sobrará’” (2 Rs 4, 43).
Aplicai-vos a guardar a unidade do espírito pelo vínculo da paz (Ef 4, 3).
Quando notou que estavam querendo levá-lo para proclamá-lo rei, Jesus retirou-se de novo, sozinho, para o monte (Jo 6, 15).
MEDITAR
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque
os outros usam a virtude
Para
comprar o que não tem perdão.
Porque
os outros têm medo mas tu não.
Porque
os outros são os túmulos caiados
Onde
germina calada a podridão.
Porque
os outros se calam mas tu não.
Porque
os outros se compram e se vendem
E
os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque
os outros são hábeis mas tu não.
Porque
os outros vão à sombra dos abrigos
E
tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque
os outros calculam mas tu não.
(Sophia de Mello Breyner Andresen, 1919-2004, Portugal)
ORAR
Por uma série de razões, que aqui
não há lugar para explicar, a eucaristia se deformou na Igreja até o ponto em
que já é praticamente impossível reconhecer o que fez Jesus. E não falamos se se
trata de uma missa pontifical solene numa catedral. O problema está em que a
eucaristia teve sua origem nas comidas de Jesus com as pessoas, especialmente
na multiplicação dos pães e na ceia de despedida. Mas tudo isso desapareceu. E a
comida compartilhada converteu-se em um cerimonial religioso que
além disso não se entende e a muita gente nem interessa. Ademais, a missa se
organizou de forma que a atenção dos crentes se centra na presença de Jesus
Cristo e na comunhão. Outros, o que desejam é que a missa lhes aproveite para
que fiquem melhores, para rezar para um defunto ou quiçá outra intenção. Assim
são as coisas, a muitos que vão à missa não lhes interessa o que de verdade
quis Jesus: a comensalidade, a mesa compartilhada, destinada a construir
uma comunidade humana baseada, não na religiosidade, nem na piedade e devoção,
e menos ainda na submissão ao poder sacerdotal. A comensalidade de Jesus com
todos, começando pelos pecadores e descrentes, foi pensada para construir a
convivência e as relações humanas sobre a bondade, o respeito, a ajuda mútua e
a solidariedade. Jesus se faz presente na eucaristia. Por isso, o direito dos
cristãos a celebrar a presença de Jesus entre eles se coloca antes do
privilégio dos sacerdotes em presidir a missa.
Cada dia há menos sacerdotes e mais cristãos sem eucaristia. E sobretudo
mais pessoas que nem interessa ir à missa. A Igreja está se desmoronando por si
mesma.
(José Maria Castillo, 1929-, Espanha)
CONTEMPLAR
Homens comendo juntos no Iêmen, 1997, Jan-Michael Breider (1956-), Växjö, Suécia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário