Os transbordamentos de amor acontecem
sobretudo nas encruzilhadas da vida, em momentos de abertura, fragilidade e
humildade, quando o oceano do amor de Deus arrebenta os diques da nossa
autossuficiência e permite, assim, uma nova imaginação do possível (Papa
Francisco).
XV Domingo do Tempo Comum 11.07.2021
Am
7, 12-15 Ef 1, 3-14 Mc 6, 7-13
ESCUTAR
“O Senhor chamou-me quando eu tangia o rebanho, e o Senhor me disse: ‘Vai profetizar para Israel, meu povo’” (Am 7, 15).
Em Cristo, ele nos escolheu, antes da fundação do mundo, para que sejamos santos e irrepreensíveis sob seu olhar, no amor (Ef 1, 4).
Recomendou-lhes que não levassem nada para o caminho, a não ser um cajado; nem pão, nem sacola, nem dinheiro na cintura (Mc 6, 8).
MEDITAR
Deus podia escolher muitas maneiras de distribuir os seus dons. Podia reparti-los de modo rigorosamente igual para todos: ninguém teria tido de que se queixar; ninguém teria recebido mais, e ninguém menos; tudo teria sido calculado, calibrado, equilibrado... Mas isto seria indigno da imaginação criadora do Pai. Haveria uma incrível monotonia, como se todas as criaturas humanas devessem ter a mesma face, ou as flores a mesma forma, a mesma cor, o mesmo perfume... Deus parece injusto, mas não é. Ele pede mais a quem ele dá mais. Quem recebe mais, recebe para os outros. Ele não é nem maior nem melhor; ele é mais responsável. Deve servir mais. Viver para servir.
(Dom Hélder Câmara, 1909-1999, Brasil)
ORAR
O risco da missão confiada por Cristo aos apóstolos se chama
pobreza. Os sinais de libertação que os discípulos irão levar como
“acompanhamento” da pregação (expulsão dos demônios, cura dos enfermos) não
podem prescindir da pobreza dos meios empregados, como expressão concreta da
liberdade de tudo aquilo que pode fazer pesado o caminho, estorvar, não deixar
transparecer a força do evangelho. Cristo se preocupa, principalmente, do que
não pode levar consigo quando vai proclamar sua mensagem. Parece-me que o
acento se coloca aqui mais no levar do que no possuir. Em relação
com a missão, Jesus não vem fazer o inventário de nosso armário. Exige que levemos
uma túnica apenas. Sem querer forçar demasiado as coisas, tenho a impressão de
que com frequência se invertem estas perspectivas. Certas instituições
religiosas se mostram intransigentes e radicais quanto à possessão. Mas, em
compensação, são pródigas no uso dos meios, por causa do evangelho, entenda-se.
Parece-me que o discurso de Jesus vai precisamente em direção contrária. O
evangelho não tem necessidade de meios humanos adequados e excessivamente
chamativos. A força deve aparecer que está no evangelho, não nos meios usados.
A missão deve ser pobre. Um imponente desdobramento dos meios mortifica, faz
desaparecer a evangelização em vez de promovê-la... Jesus se esqueceu de
entregar o manual do missioneiro. Mas há quem se preocupe imediatamente em
editá-lo. Assim estamos prestes a entender por que a missão sofre dilações. Há
muita gente que se atrasa quando fala de missão. À força de precisar as
condições, as opções prioritárias, de determinar tarefas específicas,
vencimentos irrevogáveis, distinção de tarefas, conteúdos, regras, preferências
irrenunciáveis, esquece-se de que também é necessário partir... Jesus “chama” e
“manda”. E enquanto alguns vão, muitos ficam repassando o programa de viagem...
O risco fundamental é sempre o de dar os passos, não o das discussões.
(Alessandro Pronzato, 1932-, Itália).
CONTEMPLAR
Bispo brasileiro Dom Hélder Câmara na celebração eucarística em Den Bosch, 1974, Hans Peters, Países Baixos.
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