quinta-feira, 15 de julho de 2021

O Caminho da Beleza 35 - XVI Domingo do Tempo Comum

Os transbordamentos de amor acontecem sobretudo nas encruzilhadas da vida, em momentos de abertura, fragilidade e humildade, quando o oceano do amor de Deus arrebenta os diques da nossa autossuficiência e permite, assim, uma nova imaginação do possível (Papa Francisco).

XVI Domingo do Tempo Comum                18.07.2021

Jr 23, 1-6                 Ef 2, 13-18              Mc 6, 30-34

 

ESCUTAR

“Vós dispersastes o meu rebanho, e o afugentastes e não cuidastes dele; eis que irei verificar isso entre vós e castigar a malícia de vossas ações, diz o Senhor” (Jr 23, 2).

Em sua carne ele destruiu o muro de separação: a inimizade (Ef 2, 13-18).

Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor (Mc 6, 34).

 

MEDITAR

Eu me lembro de vos haver apresentado dois perfumes: o do arrependimento, que se estende a todos os pecados, e o do reconhecimento que afirma todos os benefícios de Deus (...) Mas há um perfume que supera em muito estes dois; eu o chamarei de perfume da compaixão. Ele se compõe, com efeito, dos horrores da pobreza, das angústias em que vivem os oprimidos, das inquietudes da tristeza, das faltas dos pecadores, enfim, de todo o sofrimento dos homens, ainda que estes sejam nossos inimigos.

(São Bernardo de Clairvaux, 1090-1153, França)

 

ORAR

   Jesus empolga as multidões. Se procura fugir delas, acontece que elas se impõem. Uma trama complexa de relações se impõe entre elas e ele. Ele não pode fiar-se pura e simplesmente no sucesso popular. Ele não pode, mais ainda, recusar-se ao apelo que sobe da multidão como de um rebanho abandonado. Ora o ato primeiro, indispensável e revelador, pelo qual ele se situa em relação a ela, é a palavra. Sua missão não pode se traduzir em fatos sem se dizer. Como o pão partilhado, oferecido a todos, seu ensinamento, dado às multidões, testemunha: eis o pastor ante o rebanho, e a afeição que consagra às ovelhas desamparadas manifesta a ternura misericordiosa de Deus. Os doze estão lá, “apóstolos” associados à obra de Jesus. Esta é prioritária: o repouso pode ser adiado para mais tarde, ou não atingir sua plena verdade, senão no fim da missão. Eles não compreenderam ainda quem é Jesus, e já estão postos em ação. Eles ensinam e devem dar de comer ao povo reunido no deserto. Quando tiverem acolhido o “segredo” de Jesus através do escândalo da paixão, é o sentido do seu próprio trabalho que lhes será também revelado, ao mesmo tempo que a maneira de o cumprirem. “O Evangelho de Jesus Cristo” é o ato de Deus hoje entre os homens. Ele é destinado a todos pela missão apostólica que perdura. Através dela, é a compaixão do pastor, é, dirá Paulo, a caridade do Cristo, que nos pressiona (2 Cor 5, 14). Quando Marcos medita sobre a unidade de Jesus e dos discípulos nas origens do Evangelho, ele toca na realidade profunda da Igreja, na sua responsabilidade, na exigência de autenticidade que lhe impõe a missão. Se Jesus teve tanto trabalho em abrir os olhos dos doze, iniciando-os em tudo para a tarefa, podemos nós imaginar uma aprendizagem apostólica que nos dispensaria de viver com Jesus, de o contemplar, de o seguir e de ser terrivelmente incomodados em nossos planos ou nossas lógicas de homens?

(Jean Delorme, 1920-2005, França)

 

CONTEMPLAR

Tayana & Karan, 2018, Union Rescue Mission, Skid Row, Los Angeles, Hans Gutknecht, do ensaio “Eu sou uma sem casa”, Daily News, Estados Unidos.




 

 

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