Mantinha-se
firme, como se visse o Invisível! (Hb 11, 27)
II
Domingo do Advento 06.12.2020
Is 40,
1-5.9-11 2 Pd 3, 8-14 Mc 1, 1-8
ESCUTAR
“Preparai no deserto o caminho do Senhor,
aplainai na solidão a estrada de nosso Deus” (Is 40, 3).
O que nós esperamos, de acordo com a sua
promessa, são novos céus e uma nova terra, onde habitará a justiça (2 Pd 3,
13).
“Depois de mim virá alguém mais forte do
que eu. Eu nem sou digno de me abaixar para desamarrar suas sandálias” (Mc 1,
7).
MEDITAR
Caminante, son tus huellas
el camino y nada más;
Caminante, no hay caminho,
se hace camino al andar.
Al andar se hace el camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante no hay camino
Sino estelas en la mar.
(Antonio Machado, 1875-1939, Espanha)
ORAR
Essa via do Senhor que nos é
pedida para preparar, meus irmãos, é caminhando por ela que a preparamos e é
preparando-a que por ela caminhamos. E mesmo se vocês progredirem bem nela,
resta, todavia, sempre o que preparar para que, do ponto em que alcançaram,
vocês sigam adiante em direção ao que há para mais além. Assim, a cada progresso,
o Senhor cuja via é preparada para sua vinda vem ao nosso encontro, sempre de
algum modo renovando-o e o tornando maior do que era. É, portanto, com razão
que o justo fazia esta oração: “Senhor, coloca-me sobre a via de tuas
justificações e eu a perseguirei sem cessar”. Talvez a chamemos “via
eterna” porque se a Previdência previu a via de cada um e fixou um fim para seu
progresso, a natureza da Bondade para qual se progride não tem limite. Por
isso, o viajante sábio e empenhado, quando estiver chegado ao termo só lhe
restará começar, de sorte que esquecendo o que está para atrás, ele dirá
para si a cada dia: “agora eu começo”. Mas nós que falamos do progresso
por essa via, possamos ao menos ter começado! Porque, na minha opinião, não é
um progresso superficial ter começado. É ainda preciso, na verdade, ter
começado e ter encontrado a via da cidade onde habitaremos. De fato, esta via
onde o Senhor nos torna justos, esta via da verdade que vocês escolheram,
quantos elogios Isaías lhe dedicou! É um prazer para mim evocá-los com sua
caridade: “haverá, ele disse – referindo-se às antigas covas de dragões
sob a terra deserta e sem caminho – haverá ali uma trilha e uma via”... “E
esta via, ele prossegue, será chamada santa”, porque ela é de fato a
santificação dos pecadores e a salvação dos que estão perdidos. Logo, se tu
estás sobre o caminho, teu único temor deve ser se afastar dele, ofender ao
Senhor que te conduz por ele, para que ele não te deixe errar pela via do teu
próprio coração; mas, fora dele, não temas ninguém. E se aspiras que seja uma
via muito estreita considere o fim para o qual ela te conduz. Com efeito, se
vês o fim de toda perfeição, dirás logo: “tua lei é larga em excesso”. E
se não podes vê-la, creia em Isaías, o visionário, que é o olho de teu corpo.
Ele via ao mesmo tempo sua estreiteza e seu fim, e dizia assim: “sobre esta
estrada caminharão os cativos libertos e resgatados pelo Senhor; retornarão a
Sion cantando louvores e uma alegria eterna estará em suas faces. Eles terão
alegria e contentamento, enquanto a dor e os lamentos se afastarão”. Creio
que aquele que pensa muito nesse fim, não apenas torna sua vida espaçosa, mas chega
a ter asas: ele não caminha mais, mas voa. Logo, meus irmãos, lembrai-vos
sempre da recompensa final e percorrei a via dos mandamentos, com toda doçura e
contentamento.
(Guerric d’Igny, 1070-1157, Bélgica)
CONTEMPLAR
S. Título, 2019, da série “Metrópolis”, Alan Schaller (1989-), Londres,
Reino Unido.
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