Mantinha-se
firme, como se visse o Invisível! (Hb 11, 27)
I Domingo do Advento 29.11.2020
Is 63,
16-17.19;64, 2-7 1 Cor 1,
3-9 Mc 13, 33-37
ESCUTAR
MEDITAR
ORAR
É o tempo do Advento que começa, quer dizer
o tempo da espera da vinda do Senhor na glória. Não é um tempo de preparação
para a festa de Natal, mas de preparação para o acontecimento que o próprio
Jesus indicou a seus discípulos como o acontecimento definitivo, acontecimento
no qual a justiça será definitivamente instaurada e em que se cumprirá o reino
dos céus que ele anunciou. O brado da Igreja no decorrer desse tempo é o da
Esposa que, com o Espírito, faz esta invocação: “Vem, Senhor Jesus! Maranà
tha!” (Ap 22, 17.20; 1 Cor 16, 22). Os cristãos ainda estão em espera,
mesmo se o ar que respiram hoje mostre uma profunda incapacidade para esperar:
eles sabem, contudo, que a espera do Senhor é a única espera importante,
decisiva, e eles acreditam firmemente nessas palavras sobre a vinda do Filho do
homem (cf. Mc 13, 26-32). Muitos, com efeito, numa cegueira autossuficiente,
não pensam e nem acreditam em julgamento, num dia em que ocorrerá o cumprimento
da justiça e da verdade para todos os que na história foram oprimidos e
afligidos, para todas as vítimas e os sem voz. E eis, todavia, a chegada desse
dia, e ele é o da boa nova, é o do Evangelho! A vinda do Senhor não nega a
história, ela não condena essa humanidade, mas quer transfigurar esse mundo,
quer resgatar a história. Não é mais possível viver como adormecidos, num
triste sonambulismo espiritual; é preciso, ao contrário, de atenção ou antes da
vigilância como uma tensão interior por toda a vida até a meta: o encontro com
o Senhor que vem. Eis porque na breve parábola de Jesus é dito que é o tempo em
que o Senhor partiu em viagem, deixando a cada um a sua própria tarefa e ao
porteiro o dever de vigiar. Quando ele retornará? À tarde ou à meia-noite, ao
canto do galo ou pela manhã? Qualquer que seja a hora em que ele vem, o Senhor
quer ser acolhido; é por isso que é preciso vigiar, mas é muito difícil e o
Senhor o sabe bem. Não esqueçamos que essas palavras foram dirigidas aos
discípulos, mas que eles justamente na hora da crise, na hora da paixão de seu
próprio mestre e profeta, dormiam na chegada da noite enquanto Jesus vigiava
(cf. Mc 14, 32-42); depois todos eles fugiram durante a noite deixando Jesus só
(cf. Mc 14, 50), e ao canto do galo Pedro negou Jesus (cf. Mc 14, 66-72). E, no
entanto, Jesus teve misericórdia de todos eles... Vigiemos, portanto, e fiquemos
atentos, lembrando-nos das palavras de Ignace Silone que respondia, a qualquer
um que lhe perguntasse por que ele não se tornava cristão: “Porque que me
parece que os cristãos não esperam nada!”
(Enzo Bianchi, 1943-, Itália)
CONTEMPLAR
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