A palavra de
Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).
Apresentação do Senhor 02.02.2020
Ml 3, 1-4 Hb
2, 14-18 Lc 2, 22-40
ESCUTAR
Quem poderá
fazer-lhe frente no dia de sua chegada? E quem poderá resistir-lhe quando ele
aparecer? (Ml 3, 2).
Visto que
os filhos têm em comum a carne e o sangue, também Jesus participou da mesma
condição, para assim destruir, com sua morte, aquele que tinha o poder da morte
(Hb 2, 14).
“Este
menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel.
Ele será um sinal de contradição” (Lc 2, 34).
MEDITAR
Não faças de ti
Um sonho a se realizar.
Vai. Sem caminho marcado.
Tu és o de todos os caminhos.
Sê apenas uma presença.
Invisível presença silenciosa.
Todas as coisas esperam a luz,
sem dizerem que a esperam.
Sem saberem que existe.
Todas as coisas esperarão por ti,
Sem te falarem.
Sem lhes falares.
Um sonho a se realizar.
Vai. Sem caminho marcado.
Tu és o de todos os caminhos.
Sê apenas uma presença.
Invisível presença silenciosa.
Todas as coisas esperam a luz,
sem dizerem que a esperam.
Sem saberem que existe.
Todas as coisas esperarão por ti,
Sem te falarem.
Sem lhes falares.
Não sejas o de hoje.
Não suspires por ontens...
Não queiras ser o de amanhã.
Faze-te sem limites no tempo.
Vê a tua vida em todas as origens.
Em todas as existências
Em todas as mortes.
E sabe que serás assim para sempre.
Não queiras marcar a tua passagem.
Ela prossegue:
É a passagem que se continua.
É a tua eternidade.
És tu.
(Cecília
Meireles, 1901-1964, Brasil)
ORAR
Jesus vem ao Templo para purificá-lo
e cumprir seu destino que é, segundo o anúncio dos profetas para os tempos
messiânicos, o de ser “uma casa de oração para todos os povos”. Jesus vem
ali duas vezes: uma primeira vez no mistério e na humildade de seu advento no
Natal, uma segunda vez na afirmação e no exercício de seu poder messiânico e
exercendo já o julgamento que trará, em definitivo e sem apelo, quando de seu
segundo advento. A primeira vez, quando da purificação de Maria e da
apresentação de Jesus ao Templo, a segunda vez, quando da purificação do
santuário por Jesus. Ele está presente no Templo, mas ele é “maior que o
Templo”. É ele que santifica o Templo e toda a oferenda que se pode fazer a
Deus. Jesus é acolhido no Templo por dois representantes do povo dos Pobres que
esperam o Consolador de Israel: dois velhos, porque a antiga Aliança está como
velha e ao fim da vida, Simeão e Ana, a profetiza. Simeão também é profeta. De
uma maneira misteriosa, ele vê em Jesus aquele que trará uma causa de
contradição, pressentindo assim de longe o drama pascal pelo qual o novo templo
substituirá o antigo. Em Simeão e Ana se resume toda a espera de Israel, que
aceita profeticamente ceder o lugar à realidade e ser ultrapassado por ela: “Agora,
ó Senhor soberano, tu podes, conforme tua promessa, deixar teu servidor ir em
paz porque meus olhos viram tua salvação, que preparastes em favor de todos os
povos, luz para iluminar as nações e glória de teu povo Israel”. O tema
profético desta primeira vinda ao Templo é já o da segunda vinda, aquele para a
purificação do Templo: o primeiro traço da novidade trazida pelo Cristo é o
universalismo da salvação; a casa de Deus será aberta a todos os povos. Este
universalismo da Apresentação completa aquele que marcou já o advento oculto do
Natal, onde os anjos e os homens de todas as condições aclamaram ou confessaram
o Senhor. O advento de Jesus e sua primeira vinda ao Templo carregam assim um
caráter cósmico e, dando por realizada nesse sentido a promessa do próprio Templo,
eles pressagiam o momento onde a criação inteira tornar-se-á o templo de Deus.
(Yves
Congar, 1904-1995, França)
CONTEMPLAR
Os dois
paralelos, 2019, Karina Bikbulatova, 2019 Sony World Photography Awards,
Rússia.
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