segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

O Caminho da Beleza 09 - II Domingo do Tempo Comum


A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).

II Domingo do Tempo Comum                     19.01.2020
Is 49, 3.5-6             1 Cor 1, 1-3              Jo 1, 29-34


ESCUTAR

“Eu te farei luz das nações, para que minha salvação chegue até os confins da terra” (Is 49, 6).

Para vós, graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo (1 Cor 1, 3).

“Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1, 29).


MEDITAR

O Espírito “jorra”, “se eleva”, “impulsiona”, “sobressalta” dentro de nós próprios, ao mesmo tempo em que se inebria. Por que acontece desse modo? Porque há uma profunda interconexão entre o nosso esvaziamento e o preenchimento como obra do Espírito. “O Espírito flui para encher completamente a alma na medida em que esta última se esvazia a si mesma com humildade e se expande para acolhê-lo” (Mestre Eckhart).

(Matthew Fox, 1940-, Estados Unidos)


ORAR

      A pedagogia divina vis a vis os homens pecadores e o verdadeiro significado do pecado acabam por se desvelar com a vinda do Cristo, com seu comportamento e com seu ensinamento. Em sua primeira aparição pública, Jesus desceu nas águas do Jordão e se misturou à multidão dos pecadores que vinham pedir o batismo a João e confessar seus pecados; ele escutou Deus lhe manifestar seu contentamento nesses termos: “Tu és o meu Filho bem amado, tens todo o meu agrado” e ele ficou cheio do Espírito Santo (Mc 1, 9-12). Este episódio inaugural da missão de Jesus revela o verdadeiro sentido da história da salvação, que sempre teve uma economia do perdão, ao mesmo tempo em que manifesta a mudança radical que se produz sobre a cena da história religiosa da humanidade na qual a “novidade” não tarda a encher as multidões de estupor (Mc 1, 27). A novidade essencial é a de que o Enviado de Deus, aquele que os demônios saudavam com o título de “Santo de Deus” (Mc 1, 24), se coloca entre os pecadores, se mistura a eles como se fosse ele mesmo pecador, se abaixa à condição deles para representá-los diante de Deus e Deus o revela reconhecendo-o como seu Filho. Os Padres da Igreja verão nesta cena o anúncio da paixão de Jesus e a promessa do que se realizou no batismo cristão: uma vez que ele se fez solidário com os pecadores, Jesus é o Servo que carrega os pecados da multidão (Is 53, 11-12), “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1, 29). Em muitas outras ocasiões, Jesus se fará presente na companhia de pecadores e ele se justificará dizendo que não “veio chamar os justos, mas os pecadores” (Mt 9, 10-13), porque “Deus não enviou seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele” (Jo 3, 17). Jesus não considerava, portanto, que sua missão era de perseguir o pecado ameaçando os pecadores com castigos divinos, como os profetas faziam frequentemente; mas, recusando identificar o homem a seu pecado, ele manifestava Deus ao alcance dos pecadores, pronto a lhes introduzir em sua casa e a lhes conferir seus direitos e suas honras, assim como o pai da parábola acolhia a seu filho pródigo (Lc 15, 22-24); ele fazia saber, no mesmo lance, que Deus considerava o pecado menos como uma ofensa que lhe é feita do que como uma ferida que o homem se inflige a si mesmo e que assola a humanidade: “Ora eram os nossos sofrimentos que ele suportava e as nossas dores que o cobriam” (Is 53, 4). Tais são as mudanças capitais trazidas por Jesus ao regime das relações entre Deus e os homens: não é mais o pecado – a abstenção, a fuga, o castigo, a purificação do pecado – que está no coração do dispositivo, é o amor.

(Joseph Moingt, 1915-, França)


CONTEMPLAR

Menino de rua, 2006, São Luiz, Maranhão, Brasil, Araquém Alcântara (1951-), Brasil.




Nenhum comentário:

Postar um comentário