A palavra de
Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).
II Domingo do Tempo Comum 19.01.2020
Is 49, 3.5-6 1
Cor 1, 1-3 Jo 1, 29-34
ESCUTAR
“Eu te
farei luz das nações, para que minha salvação chegue até os confins da terra”
(Is 49, 6).
Para vós,
graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo (1 Cor 1, 3).
“Eis o
Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1, 29).
MEDITAR
O
Espírito “jorra”, “se eleva”, “impulsiona”, “sobressalta” dentro de nós
próprios, ao mesmo tempo em que se inebria. Por que acontece desse modo? Porque
há uma profunda interconexão entre o nosso esvaziamento e o preenchimento como
obra do Espírito. “O Espírito flui para encher completamente a alma na medida
em que esta última se esvazia a si mesma com humildade e se expande para
acolhê-lo” (Mestre Eckhart).
(Matthew
Fox, 1940-, Estados Unidos)
ORAR
A pedagogia divina vis a vis os
homens pecadores e o verdadeiro significado do pecado acabam por se desvelar
com a vinda do Cristo, com seu comportamento e com seu ensinamento. Em sua
primeira aparição pública, Jesus desceu nas águas do Jordão e se misturou à
multidão dos pecadores que vinham pedir o batismo a João e confessar seus
pecados; ele escutou Deus lhe manifestar seu contentamento nesses termos: “Tu
és o meu Filho bem amado, tens todo o meu agrado” e ele ficou cheio do Espírito
Santo (Mc 1, 9-12). Este episódio inaugural da missão de Jesus revela o
verdadeiro sentido da história da salvação, que sempre teve uma economia do
perdão, ao mesmo tempo em que manifesta a mudança radical que se produz sobre a
cena da história religiosa da humanidade na qual a “novidade” não tarda a
encher as multidões de estupor (Mc 1, 27). A novidade essencial é a de que o
Enviado de Deus, aquele que os demônios saudavam com o título de “Santo de Deus”
(Mc 1, 24), se coloca entre os pecadores, se mistura a eles como se fosse ele
mesmo pecador, se abaixa à condição deles para representá-los diante de Deus e Deus
o revela reconhecendo-o como seu Filho. Os Padres da Igreja verão nesta cena o
anúncio da paixão de Jesus e a promessa do que se realizou no batismo cristão:
uma vez que ele se fez solidário com os pecadores, Jesus é o Servo que carrega
os pecados da multidão (Is 53, 11-12), “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado
do mundo” (Jo 1, 29). Em muitas outras ocasiões, Jesus se fará presente na
companhia de pecadores e ele se justificará dizendo que não “veio chamar os
justos, mas os pecadores” (Mt 9, 10-13), porque “Deus não enviou seu Filho ao
mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele” (Jo 3,
17). Jesus não considerava, portanto, que sua missão era de perseguir o pecado
ameaçando os pecadores com castigos divinos, como os profetas faziam
frequentemente; mas, recusando identificar o homem a seu pecado, ele
manifestava Deus ao alcance dos pecadores, pronto a lhes introduzir em sua casa
e a lhes conferir seus direitos e suas honras, assim como o pai da parábola
acolhia a seu filho pródigo (Lc 15, 22-24); ele fazia saber, no mesmo lance,
que Deus considerava o pecado menos como uma ofensa que lhe é feita do que como
uma ferida que o homem se inflige a si mesmo e que assola a humanidade: “Ora
eram os nossos sofrimentos que ele suportava e as nossas dores que o cobriam”
(Is 53, 4). Tais são as mudanças capitais trazidas por Jesus ao regime das
relações entre Deus e os homens: não é mais o pecado – a abstenção, a fuga, o
castigo, a purificação do pecado – que está no coração do dispositivo, é o
amor.
(Joseph
Moingt, 1915-, França)
CONTEMPLAR
Menino de
rua,
2006, São Luiz, Maranhão, Brasil, Araquém Alcântara (1951-), Brasil.
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