segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

O Caminho da Beleza 02 - Imaculada Conceição de Nossa Senhora


A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).




Imaculada Conceição de Nossa Senhora             08.12.2019
Gn 3, 9-15.20                     Ef 1, 3-6.11-12                    Lc 1, 26-38


ESCUTAR

O Senhor Deus chamou Adão, dizendo: “Onde estás?” (Gn 3, 9).

Nós fomos predestinados a ser, para o louvor de sua glória, os que de antemão colocaram a sua esperança em Cristo (Ef 1, 11-12).

“Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” (Lc 1, 28).


MEDITAR

Maria sente que Jesus é seu filho, inteiramente seu, e que ele é Deus. Ela contempla e medita: “Este Deus é meu filho. Esta carne divina é minha carne. Ele é feito de mim, tem meus olhos, e essa forma da sua boca é a forma da minha. Ele se assemelha a mim. É Deus, mas semelhante a mim”. Nenhuma mulher teve, assim, seu Deus só para si. Um Deus muito pequenino, que se pode tomar nos braços e cobrir de beijos, um Deus bem quentinho, que sorri e respira. Um Deus que se pode tocar e está vivo. É por isso mesmo, por ter sido ela a única a quem Deus se entregou tão completamente, deixando-a vê-Lo assim tão absolutamente tal qual Ele é, que nós dizemos que ela é cheia de graça e bendita entre as mulheres.

(Jean-Paul Sartre, 1905-1980, França)


ORAR

   A primeira palavra da parte de Deus a seus filhos, quando o Salvador se aproxima do mundo, é um convite à alegria. É o que escuta Maria: “Alegra-te”. Jürgen Moltmann, o grande teólogo da esperança, a expressou assim: “A palavra última e primeira da grande libertação que vem de Deus não é ódio e sim alegria; não é condenação e sim absolvição. Cristo nasce da alegria de Deus e morre e ressuscita para trazer sua alegria a este mundo contraditório e absurdo”. Porém, a alegria não é fácil. A ninguém se pode forçar que fique alegre; não se pode impor desde fora a alegria. O verdadeiro gozo deve nascer no mais fundo de nós mesmos. Do contrário, será riso exterior, gargalhada vazia, euforia passageira, mas a alegria permanecerá fora, à porta de nosso coração. O novelista alemão Hermann Hesse diz que os rostos atormentados, nervosos e tristes de tantos homens e mulheres se devem a que “a felicidade só a alma pode senti-la, não a razão, nem o ventre, nem a cabeça, nem o bolso”. Mas há algo mais. Como se pode ser feliz quando há tantos sofrimentos sobre a terra? Como se pode rir quando ainda não estão secas todas as lágrimas e brotam diariamente outras novas? Como gozar quando duas terças partes da humanidade se encontram afundadas na fome, na miséria ou na guerra. A alegria de Maria é o gozo de uma mulher crente que se alegra em Deus salvador, a que levanta os humilhados e dispersa os soberbos, a que cumula de bens os famintos e despede vazios os ricos. A alegria verdadeira só é possível no coração daquela que anseia e busca justiça, liberdade e fraternidade para todos. Maria se alegra em Deus porque vem consumar a esperança dos abandonados. Só se pode ser alegre em comunhão com os que sofrem e em solidariedade com os que choram. Só tem direito à alegria quem luta por fazê-la possível entre os humilhados. Só pode ser feliz quem se esforça por fazer felizes aos demais. Só pode celebrar o Natal quem busca sinceramente o nascimento de um homem novo entre nós.

(José Antonio Pagola, 1937-, Espanha)


CONTEMPLAR

Imigrantes nigerianas choram e se abraçam num centro de detenção para refugiados na Líbia, 2016, Daniel Etter (1980-), World Press Photo Contest 2017, Alemanha.




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