A palavra de
Deus é viva e eficaz e mais cortante que espada de dois gumes (Hb 4, 12).
Imaculada Conceição de Nossa Senhora 08.12.2019
Gn 3, 9-15.20 Ef
1, 3-6.11-12 Lc 1,
26-38
ESCUTAR
O Senhor
Deus chamou Adão, dizendo: “Onde estás?” (Gn 3, 9).
Nós fomos
predestinados a ser, para o louvor de sua glória, os que de antemão colocaram a
sua esperança em Cristo (Ef 1, 11-12).
“Alegra-te,
cheia de graça, o Senhor está contigo!” (Lc 1, 28).
MEDITAR
Maria
sente que Jesus é seu filho, inteiramente seu, e que ele é Deus. Ela contempla
e medita: “Este Deus é meu filho. Esta carne divina é minha carne. Ele é feito
de mim, tem meus olhos, e essa forma da sua boca é a forma da minha. Ele se
assemelha a mim. É Deus, mas semelhante a mim”. Nenhuma mulher teve, assim, seu
Deus só para si. Um Deus muito pequenino, que se pode tomar nos braços e cobrir
de beijos, um Deus bem quentinho, que sorri e respira. Um Deus que se pode
tocar e está vivo. É por isso mesmo, por ter sido ela a única a quem Deus se
entregou tão completamente, deixando-a vê-Lo assim tão absolutamente tal qual
Ele é, que nós dizemos que ela é cheia de graça
e bendita entre as mulheres.
(Jean-Paul
Sartre, 1905-1980, França)
ORAR
A primeira palavra da
parte de Deus a seus filhos, quando o Salvador se aproxima do mundo, é um
convite à alegria. É o que escuta Maria: “Alegra-te”. Jürgen Moltmann, o grande
teólogo da esperança, a expressou assim: “A palavra última e primeira da grande
libertação que vem de Deus não é ódio e sim alegria; não é condenação e sim
absolvição. Cristo nasce da alegria de Deus e morre e ressuscita para trazer
sua alegria a este mundo contraditório e absurdo”. Porém, a alegria não é
fácil. A ninguém se pode forçar que fique alegre; não se pode impor desde fora
a alegria. O verdadeiro gozo deve nascer no mais fundo de nós mesmos. Do
contrário, será riso exterior, gargalhada vazia, euforia passageira, mas a
alegria permanecerá fora, à porta de nosso coração. O novelista alemão Hermann
Hesse diz que os rostos atormentados, nervosos e tristes de tantos homens e
mulheres se devem a que “a felicidade só a alma pode senti-la, não a razão, nem
o ventre, nem a cabeça, nem o bolso”. Mas há algo mais. Como se pode ser feliz
quando há tantos sofrimentos sobre a terra? Como se pode rir quando ainda não
estão secas todas as lágrimas e brotam diariamente outras novas? Como gozar
quando duas terças partes da humanidade se encontram afundadas na fome, na miséria
ou na guerra. A alegria de Maria é o gozo de uma mulher crente que se alegra em
Deus salvador, a que levanta os humilhados e dispersa os soberbos, a que cumula
de bens os famintos e despede vazios os ricos. A alegria verdadeira só é
possível no coração daquela que anseia e busca justiça, liberdade e
fraternidade para todos. Maria se alegra em Deus porque vem consumar a
esperança dos abandonados. Só se pode ser alegre em comunhão com os que sofrem
e em solidariedade com os que choram. Só tem direito à alegria quem luta por
fazê-la possível entre os humilhados. Só pode ser feliz quem se esforça por
fazer felizes aos demais. Só pode celebrar o Natal quem busca sinceramente o
nascimento de um homem novo entre nós.
(José
Antonio Pagola, 1937-, Espanha)
CONTEMPLAR
Imigrantes
nigerianas choram e se abraçam num centro de detenção para refugiados na Líbia, 2016,
Daniel Etter (1980-), World Press Photo Contest 2017, Alemanha.
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